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Análise | Destiny 2 – A Sequência que Precisávamos

No dia 6 de Setembro deste ano, a Activision junto com a Bungie lançou a sequência de seu MMO mais popular, Destiny 2. Quebrando recordes de venda na PSN (confira aqui), Destiny 2 trazia consigo uma gigantesca pergunta: uma sequência era mesmo necessária? Para a maioria dos jogadores já cativos da primeira entrada do que agora é uma franquia, existiria certa resistência ao desembolsar o equivalente a um jogo novo e, de certa forma, abandonar o personagem antigo e todo o investimento feito em pacotes de expansão para Destiny 1 (4 ao todo). O que novamente levanta o questionamento: quais incrementos no jogo são tão significativos que não poderiam fazer parte de uma nova DLC com um terço do preço de um jogo novo?

Necessário

A resposta a essa pergunta não é simples, mas para responde-la é preciso antes entender que Destiny jamais foi um jogo perfeito. Em seu lançamento em setembro de 2014 (meros três anos atrás), angariou críticas mistas e precisou ser incrementado com pacotes de expansão muito brevemente, devido sua campanha curta e um sistema de missões pobre em detalhes e bastante repetitivo. No entanto, Destiny possuía um item em que havia acertado em cheio: seu sistema de combate extremamente divertido e engajante. E é nisso que a Bungie aposta em sua sequência: nada de reinventar a roda, mas aprimorar a experiência.

Destruindo o Velho

Ao carregar a tela inicial do jogo, uma pequena homenagem aos jogadores que já possuíam conta no primeiro Destiny: pequenas telas com desenhos simples referenciando eventos e campanhas concluídas previamente, transmitidas como memórias de seu assistente pessoal, Fantasma. É um singelo toque de carinho e lembrança da Activision para seus jogadores mais antigos da franquia e, francamente, gera uma bela sensação de nostalgia. Confira um exemplo abaixo:

Após isso, somos arremessados na ação, vendo a Torre ser atacada pelo novo vilão do jogo, Dominus Ghaul. Em uma abertura em modo de tutorial, caminhamos pelas áreas destruídas enquanto vemos os principais tutores de classes de Destiny, Comandante Zavalla, Ikora Rey e Cayde-6, lutando ao seu lado e enfrentando o inimigo. Para um jogador costumeiro, momentos com tanta ação e adrenalina como este ainda eram raridade dentro do jogo. Ao fim deste primeiro cenário de caos e destruição, finalmente o vilão mostra seu real poder. Ao conectar uma gigantesca máquina de mineração no Viajante, o objeto cai em chamas dos céus sobre a terra. Todos os guardiões perdem sua “luz” que era alimentada pelo Viajante e se tornam indefesos contra as forças do exército de Ghaul. E é nessa cena que temos a oportunidade de ver o vilão com toda sua força, arremessando o nosso personagem do topo de uma plataforma para a morte. E cabe aqui um elogio à Bungie pela construção muito melhor de personagem em se tratando de antagonistas. Ghaul possui voz, diálogos com personagens de menor escalão de seu exército e personalidade, muito diferente dos alienígenas impessoais e vazios da primeira entrada.

Mais Drama, Mais Emoção

Com uma abertura tão dramática que altera os elementos básicos e familiares de Destiny, era de se esperar também mudanças tão dramáticas quanto no jogo e isso é sentido neste primeiro momento de calma. Ao se levantar da queda brutal, caminhamos nos arrastando pela cidade agora ocupada pelo Cabal. É uma caminhada difícil, lenta e que nos dá a sensação de destruição, mudança e senso de urgência para se esconder. Uma paleta de emoções novas para a franquia.

Acabamos por fim encontrando outro fantasma para se comunicar e nos ajudar em nossa caminhada. Com algumas pequenas batalhas curtas contra animais selvagens, finalmente encontramos a Fazenda; um lugar simples que se tornou refúgio de todos os guardiões que, como você, perderam sua luz com a queda do Viajante. A Fazenda chega para substituir a Torre e representa algo novo para a franquia:  os Guardiões não são mais heróis ou uma classe superior dentro do jogo. Agora os guardiões são refugiados, derrotados e vulneráveis.

Extraordinário

Não se engane. Destiny 2 é tão Destiny quanto seu antecessor. Mudanças extraordinárias ou inclusões significativas não chegam a acontecer de fato, salvo por incremento de mapas e inimigos e uma leve alteração no sistema de aumentar nível. Mas todas as mudanças que vieram com o jogo, ficam no limiar da expansão e da sequência. Enquanto num pacote de expansão teríamos a adição de um planeta ou satélite com uma nova campanha, Destiny 2 traz uma forma diferente de passar pelos mapas e fazer as missões. E, devo dizer, é muito mais empolgante.

Com cores exuberantes e criatividade a todo vapor, a equipe Bungie e Activision capricharam. Os mapas são recheados de possibilidades e exigem uma jogabilidade mais focada em exploração do que somente em combate. Precisamos pular, nos abaixar, escolher rotas e escalar lugares novos a todo momento, sempre com certo sentimento de recompensa ao atravessar novos níveis. A familiar sensação de que “já havíamos feito essa missão antes” dá espaço à curiosidade, à surpresa. O design de níveis recebeu um tratamento especial e Destiny 2 cumpre a promessa de chacoalhar as fundações do que conhecemos como Destiny.

Conclusão

Já cantava o malandro urso Balu para o inocente Mogli, “Necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais”. Para bem ou para mal, a desenvolvedora Bungie junto com a Activision optou por, em Destiny 2, incluir o necessário, mas não o extraordinário. Sem reinventar a roda, a franquia se sustenta no que a tornou popular e investe pesado nos itens que eram criticados pelos fãs. Difícil acreditar que uma expansão conseguiria resolver os problemas da mesma forma que esta sequência consegue. E a desenvolvedora merece ainda mais crédito por conseguirem implementar tantas transformações sem remover os elementos que tornam Destiny, Destiny.

A análise foi feita a partir de uma cópia gentilmente cedida pela Activision.

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Publicado por Lucas Voltolini

Eu escrevo sobre filmes, jogos e dou uns pitacos sobre a indústria do entretenimento sempre que posso

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