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Análise | Hitman 2 – O Mundo de Assassinatos continua Forte

Hitman 2 é um jogo focado no stealth com o consagrado protagonista Agente 47 precisando estudar as oportunidades e desafios do cenário para realizar o assassinato do mais variados tipos de alvos, ficando por conta da criatividade, planejamento e técnica do jogador realizar esse crime. Ele chega dois anos após Hitman, game lançado com algumas controvérsias acerca do formato episódio, com mapas sendo lançados periodicamente, algo que não foi repetido em Hitman 2. Criado pelo estúdio dinamarquês IO Interactive, dá destaque a uma personagem fria e pouco emocional, mas que veste fato e consegue despachar criminosos sem deixar rastro, através de mortes limpas e rápidas.

Incorporando mecânicas de espionagem e ação, possibilitou ao jogador vários meios para atingir os alvos, sob uma ampla liberdade. Em quase duas décadas a IO Interactive criou impacto nesta indústria através da atuação furtiva deste agente. Há uma certa semelhança com a série Metal Gear, na forma como se define a aproximação aos alvos através de uma abordagem furtiva, predominando a observação e a estratégia sobre a ação. No entanto, a vocação e âmbito temático de ambos os jogos, são naturalmente distintos.

Até há pouco tempo a produtora dinamarquesa contou com o apoio da editora japonesa Square Enix, responsável pelo desenvolvimento do anterior episódio da série, a cargo da Square Enix Montreal. Comprada pela Warner Bros Interactive Entertainment, a IO Interactive reassumiu a direção da série e desenvolveu Hitman 2, sob uma nova editora.

O Agente 47 é mais uma vez o protagonista. Como referi atrás, é um personagem frio, a mando, de poucas emoções e rosto fechado. O seu sucesso reside na forma como elimina os alvos apontados a cada uma das missões. Ele consegue passar despercebido diante de multidões, mesmo que entre elas estejam estrelas ou pessoas famosas. Há sempre uma indumentária e uma camuflagem que o protege, pelo menos por momentos. Mas também cria sobressaltos e rapidamente quebra silêncios como uma tempestade que se se abate sobre um deserto.

Mais uma vez, temos o Agente 47 a agir sem demora. No encalço de uma misteriosa organização chamada “Shadow Client”, o personagem viajará pelo mundo. Um triplo que começa na Nova Zelândia, numa casa de luxo junto ao mar, e progride numa pista de corridas em Miami, avança por um cartel da droga Colombiano, cruza as densas ruas de Mumbai, num misto de exotismo, densidade urbana e até arquitetura moderna. Nesta excursão, entre locais aos quais regressamos e novidades, o objetivo passa por chegar a uma poderosa figura do crime. Pelo meio outras personagens são apagadas do mapa de forma rápida e letal, enquanto que outras são apenas desarmadas. Mais uma vez, a IO Interactive coloca à disposição do jogador os meios usados nas produções anteriores. Diante de  Hitman (2016), Hitman 2 é bastante próximo.

Os mapas são bastante diversificados. Os contextos de eliminação do alvo ocorrem em cenários diferentes, pondo problemas inexistentes nos anteriores, o que evita a repetição. As áreas são tão grandes que por vezes nos sentimos perdidos, ao ponto de não saber por onde começar. No entanto, é possível abrir caminho através da remoção das câmaras de vigilância, dos sistemas de aberturas de portas ou por intermédio de soluções mais radicais. À passagem de pessoas em áreas reservadas, um armário ou um caixote que serve de esconderijo temporário.

A IO Inteactive se dedicou a entregar múltiplas possibilidades para cada alvo, então há narrativas variadas para solucionar cada um dos contratos. Ao terminar a partida são exibidas as várias opções ainda não exploradas, e há um forte fator replay em todos os mapas para ver como transcorre as outras formas de fazer o assassinato. Dá para pegar uma escopeta e explodir o peito daquele traficante internacional em plena calçada, mas é muito mais divertido dar diversas voltas malucas e usar trajes insólitos para ter a oportunidade como a de se encontrar a sós com a vítima e matá-la usando uma fantasia de flamingo.

O grosso do gameplay de Hitman é a exploração. Você precisa aprender os caminhos disponíveis bem como as rotinas das pessoas que ocupam os espaços. Compreender hierarquias também é importante para saber qual é o disfarce ideal para ter acesso a determinados lugares. A execução de um plano em si é algo bastante rápido, mas após toda meticulosidade envolvida, com muito do tempo gasto na preparação, é muito prazeroso ver seu alvo bater o carro, ter uma estátua caindo em sua cabeça ou se explodir dentro de uma apresentação pirotecnia excêntrica.

Embora o sistema tenha sido aperfeiçoado, pode causar dificuldades e alguns  ângulos. Fazer pontaria e atirar com sucesso requer uma rápida atuação, quase em frações de segundo e nem sempre conseguimos executar esse movimento na perfeição. Para cumprir com sucesso as missões e dar seguimento à lista de assassinatos, o agente tem à sua disposição uma série de ferramentas, servindo-se da famosa caixa na qual tira o seu melhor equipamento. Neste ponto há significativas melhorias. Desde o registro das câmaras de segurança, zona dos corpos descobertos, até disfarces à paisana a fim de desaparecer entre a multidão de forma mais efetiva, existem várias formas para contornar a segurança quando a vigilância é apertada.

No combate debaixo de fogo o Agente parece resistir melhor, para além de uma melhor resposta e desenvoltura em situações de maior aperto. Não parece tão vulnerável, ainda que este tipo de atuação não seja o mais indicado caso queiram ter a experiência Hitman como ela foi projetada. Entre outras melhorias, destaque para o redesenho do mini-mapa, com novas cores e os alertas quando os inimigos entram no nosso raio de ação. Particularmente reforçado, o sistema de pontuação e progressão. A maioria das ações praticadas dentro dos mapas são acompanhadas pela obtenção de pontos. Seja a adquirir um disfarce, neutralizar câmaras, descobrir novas áreas e anular os alvos com recurso a um ataque alternativo, tudo é somado e posteriormente transformado em objetos úteis, mais equipamento e novos desafios.

A diversidade de ambientes e situações, em festas ou momentos do cotidiano continuam a injetar um forte componente cinematográfico. O Agente 47 tem uma equipa em ligação áudio. Em boa medida este jogo tem na contemplação e observação um grande impacto, quase voyeur: contextos intrigantes e situações peculiares, algumas em ressonante apontamento humorístico. As “cutscenes” continuam a desempenhar um papel nuclear e ativo na construção da história, ainda que nos pareça que o argumento leva algum tempo até nos motivar e prender realmente. Visualmente é um jogo bastante equiparado ao anterior, com destaque para os efeitos de luz, mais desenvolvidos. Destaque para dois modos de jogo multiplayer: Sniper Assassin e Ghost Mode. Este coloca dois jogadores numa competição pelos mesmos alvos, num estrito um contra um, enquanto que o primeiro, seguindo a jogabilidade de Hitman: Sniper Challenge, coloca dois jogadores em cooperação para atingir os mesmos alvos situados a longa distância.

Hitman 2 é uma fruta que não cai longe do pé do Hitman de 2016, e isso traz seus benefícios e seus problemas. Ele mantém os trunfos do jogo anterior ao manter a presença de cenários densos e com múltiplas tramas disponíveis para serem desenroladas, tudo ali esperando a investigação do jogador e que as “cordas certas” sejam puxadas para que assassinatos dos mais diversos sejam executados com sucesso. Esse elemento central de Hitman é consistente e garante que esse seja um jogo divertido e interessante. 

Esse game foi disponibilizado pela Warner Bros IE para o desenvolvimento da análise.

Hitman 2 (EUA, 2018)

Desenvolvedora: IO Interactive
Estúdio: Warner Bros. Interactive Entertainment
Gênero: Stealth
Plataforma: Xbox One, PS4, PC

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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