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Análise | LEGO Star Wars: O Despertar da Força

A expressão “não mexa em time que está ganhando” foi praticamente um mantra seguido pelos jogos de console da LEGO. Iniciando sua bem humorada e divertida trajetória nos games em 2005, com o lançamento do primeiro LEGO Star Wars, a empresa fez com a Tt Games e a Warner Games uma franquia rentável e agradável, oferecendo diversas adaptações de algumas de suas marcas inspiradas em filmes, como Indiana Jones, Harry Potter, O Senhor dos Anéis e Piratas do Caribe. Ao longo dos anos, a fórmula e jogabilidade foi mantida a mesma, com apenas elementos e dinâmicas ganhando atualizações aqui e ali.

Tudo muda com o lançamento de LEGO Star Wars: O Despertar da Força, que enfim oferece um upgrade formidável para a franquia dos bloquinhos de montar, ao mesmo tempo em que mantém sua ingenuidade e as inúmeras marcas registradas que tornaram seus jogos memoráveis.

O game adapta todos os eventos de O Despertar da Força, uma tarefa difícil considerando que cada jogo de Star Wars da LEGO trazia consigo toda uma trilogia disponível, o que obriga os realizadores a expandirem alguns eventos do Episódio VII e até trazer um breve prólogo que nos joga de volta à Batalha de Endor. Passados os 30 anos, acompanhamos a missão de Poe Dameron de obter o mapa para Luke Skywalker, os encontros entre a sucateira Rey e o stormtrooper desertor Finn, o retorno de Han Solo, Leia e Chewbacca e a ameaça do descontrolado vilão Kylo Ren. Tudo isso com o humor inocente e o charme da LEGO.

A grande mudança desse game consiste em sua jogabilidade. É mais complexa e exige mais do jogador do que os anteriores, oferecendo agora a possibilidade de reaproveitar peças de LEGO previamente usadas em outras construções – rendendo puzzles mais desenvolvidos e que exigem que certas ações sejam tomadas antes de outras – um modo shooter digno de Call of Duty que faz forte uso do modo cover e traz uma mira livre que torna os tiroteios mais ferozes (os inimigos não são mais derrotados com apenas um tiro) e um modo de voo mais solto e vívido do que os anteriores. Ainda temos os personagens específicos para certas funções (Finn tem acesso a códigos da Primeira Ordem, Rey pode escalar paredes e Chewie tem sua força bruta, por exemplo), e todos ganham uma distribuição engenhosa, o que favorece também o eficiente modo multiplayer.

Um probleminha que a inovação traz infelizmente se manifesta na seleção de armas. Diferente dos anteriores, é possível carregar diferentes objetos de ataque aqui, e isso ocasiona uma confusão na IA que pode tornar-se um pequeno empecilho. Por exemplo, em certo momento do game, Finn recebe o sabre de luz de Luke Skywalker, tendo a oportunidade de usar tanto a milenar arma Jedi quanto seu blaster. Porém, ambas as armas são acionadas pelo mesmo botão, o que pode fazer com que esta troque-se subitamente. E sejamos sincero, se eu tenho a opção de usar um sabre de luz, eu não quero ter um blaster subitamente colocado em minhas mãos.

Um fator inédito para a franquia é que este game conta com o elenco original de O Despertar da Força que, além de trechos de áudio retirados diretamente do filme, oferecem novos trabalhos vocais para seus respectivos personagens; isso mesmo, até o próprio Harrison Ford traz novíssimas pérolas e frases de efeito para seu veterano Han Solo, enquanto Daisy Ridley e John Boyega ganham mais espaço ao terem mais diálogos e efeitos sonoros mais presentes – como gritos, suspiros e outras interjeições vocais. O design de cada bonequinho também é espetacular, sendo admirável reparar nas diferentes expressões de cada um, como estas vão se alterando se o jogador comete um erro ou simplesmente o deixa parado ali, assim como os objetos e armas; o sabre de luz de Kylo Ren é um espetáculo de animação à parte.

Mas talvez o grandessíssimo game changer venha após a conclusão da campanha. Surpreendentemente, completar a história principal só garante ao jogador meros 22% de conclusão geral, tendo um verdadeiro universo de extras, missões secundárias e um mundo aberto explorável através de diferentes planetas e ambientes atravessados pelo jogo. Isso permite ao jogador revisitar diversos lugares e ser surpreendido por esta vasta variedade de atividades, incluindo também corridas, desafios e até mapas de missões que incluem novas aventuras de Poe Dameron, acompanhar as caçadas de Han Solo aos rathtars e até uma ótima missão com o personagem Lor San Tekka (que, sim, conta com a dublagem de Max Von Sydow!). Todas estas disponíveis no indispensável Season Pass da Deluxe Edition do jogo, que oferece ainda personagens exclusivos de O Império Contra-Ataca e muitas surpresas.

Possivelmente este é o melhor jogo da franquia LEGO até agora. Permanece engraçado com suas paródias e rende uma boa adaptação de O Despertar da Força, conseguindo explorar com criatividade o vasto universo da saga e até dar uma atenção maior (e mais personalidade) a alguns elementos que acabaram superficiais no filme, rendendo horas e horas de muita diversão e entrenimento. Nesse ritmo, mal posso esperar para a inevitável e promissora adaptação de Rogue One aos bloquinhos…

LEGO Star Wars: O Despertar da Força (LEGO Star Wars: The Force Awakens, EUA – 2016)
Desenvolvedora:
Tt Games, Warner Bros Games e LucasFilm

Gênero: Aventura
Plataformas: PC, Xbox One, PS4, PS3

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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