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Análise | Resident Evil 2 (1998)

Em 1998, depois do estrondoso sucesso do primeiro game, é lançado Resident Evil 2. O jogo se assemelha muito ao seu antecessor, trazendo algumas inovações que com toda certeza elevaram a saga a um nível maior. O primeiro game revolucionou o gênero e o segundo o consolidou. Pessoalmente, é o meu jogo favorito da série.

O Jogo

Ao contrário do primeiro game, quando você escolhe o personagem você não está escolhendo a dificuldade, isso é feito antes do jogo começar, no modo fácil, você encontrará mais recursos, os inimigos farão menos dano e morrerão mais rápido. O modo normal é relativamente mais fácil que o do primeiro game, mas ainda bastante desafiador.  O jogador encontrará ainda alguma escassez de recurso e terá que pensar bem antes de tomar uma decisão sobre o que fará com eles.

A escolha do personagem não afeta muito no gameplay, como era o caso de seu antecessor, a diferença está mais evidente na história. A pouca diferença está nas armas que os personagens encontram durante o jogo. Leon encontra uma shotgun e uma Magnum, enquanto a Claire encontra um grenade launcher, esta pode ser combinada com uma grande variedade de projéteis, sendo eles os explosivos, os ácidos e os de chamas.

As mecânicas pelo que Resident Evil ficou famoso continuam. O personagem com controle estilo tanque, não é possível andar e atirar ao mesmo tempo, etc. A diferença agora é que houve um refinamento nessas mecânicas. Agora os personagens respondem melhor aos comandos do jogador, tornando mais fácil sua sobrevivência. Agora o personagem indica seu estado de saúde sem que você tenha que checar. Por  exemplo, se ele estiver em estado danger ele vai andar mancando, até que você consiga curá-lo, isso aumenta muito a tensão do jogadores.

O “leva e traz de itens” e a sala de save com um baú onde você pode guardar ou pegar itens armazenados continua presente. Os zumbis também passaram por melhorias, eles não dão mais aquele “vacilo” do primeiro game onde eles abriam espaço para você passar, agora é realmente preciso calcular o espaço e o tempo correto para contorná-los. Os ataques básicos deles continuam o vomito e o “agarrão”, mas agora você pode livrar-se do agarrão mais facilmente, pressionando o botão X e o direcional para cima, evitando tomar muito dano.


Durante o gameplay, vamos nos deparar muitas vezes com o licker, ele é basicamente uma versão mais fraca dos hunters do primeiro jogo. Ele tem um ataque semelhante ao dos hunters, onde ele salta arrancando sua cabeça com as garras, que te matava instantaneamente. No caso dos lickers ele não é tão fatal assim, mas é necessário toar cuidado pois ele faz bastante dano, podendo fazer seu personagem passar de estado fine para danger. Ele tem também seu ataque básico: simplesmente arranha com a garra e outro em que ele chicoteia com a língua, podendo te alcançar a distância.

O jogador, em certas partes do gameplay, controlará outras personagens além de Leon e Claire. Se você estiver jogando com o Leon, você vai controlar Ada Wong que não faz muita diferença em seu gameplay. Você vai estar equipado com uma pistola e terá um item de cura  em seu inventário e pode matar alguns zumbis se quiser. Já se você estiver jogando com a Claire, controlará Sherry Birkin, que é uma garotinha de 7 anos. No gameplay dela, só será possível correr das criaturas, ela não pode se defender e só carrega um item de cura. Perto do final da campanha da Claire, há uma “escort mission”, onde você tem que acompanhar e proteger a Sherry, há detalhes muito interessantes, como quando você se aproxima dela, ela te dá a mão, e se você se afasta muito ela se encolhe, com medo de estar sozinha.

O cenário 2D é mais variado do que o do primeiro game e também é mais detalhado. A delegacia, por exemplo, tem mesas bagunçadas, com pastas e documentos espalhadas, o escritório do chefe Irons tem vários quadros e animais empalhados, o laboratório dá um show a parte, com destaque para uma sala onde há uma névoa por causa da baixa temperatura do ambiente. Isso era uma coisa rara e bonita de se ver em  jogos da época. O gráfico 3D é bem mais polido e detalhes como o rosto e cabelo podem ser vistos com mais nitidez.

A trilha sonora e efeitos sonoros do jogo são simplesmente fantásticos. Cada cenário tem uma música escolhida a dedo para cada situação. Por exemplo, a música do hall da delegacia passa uma sensação de mistério e falsa segurança, há a música para os jumpscares, quando alguma criatura inesperadamente aparece que deixa o jogador desesperado e o magistral uso do silêncio. Os efeitos sonoros como os gemidos e passos dos inimigos deixam tudo mais imersivo. O jogo é simplesmente impecável nesse quesito.

O game tem nada mais, nada menos do que 4 campanhas, que são os lados A e B de cada personagem.  No lado B, o jogador passará pelos mesmos lugares do lado A, mas fará um caminho diferente e alguns detalhes serão alterados. Você encontrará puzzles diferentes e itens serão localizados em outros locais. Apesar do tempo de gameplay ser menor que o do lado A, o lado B é muito mais difícil, com mais zumbis e lickers aparecendo até em lugares que não apareciam no lado A.

O lado B tem o famoso T-103, famoso Mr. X como foi apelidado pelos fãs. Ele é um protótipo da formula de sucesso de perseguidor implacável que veríamos na continuação e em inúmeros outros games do gênero. Ele tem uma musica própria de gelar o sangue quando aparece, vem andando lentamente em sua direção e logo começa a correr te socando.  As respostas dos fãs ao personagem foram tão positivas que a Capcom decidiu aprimorar a fórmula nas continuações.

Ainda há dois minigames dentro do jogo. Quando você completa o lado A e o lado B de qualquer um dos personagens é liberado o minigame The 4th survivor, em que o jogador entra na pele de Hunk, outro soldado da Umbrella enviado para pegar uma amostra do G-virus. Ainda há outro minigame quando é completado o lado A e B de ambos os personagens, o Tofu survivor, onde você controla um tofu que só tem em no inventário uma faca e algumas facas. Parece bizarro, mas é divertido e bastante desafiador.

A História

Dessa vez não há abertura em live action, a Capcom optou por colocar CGs na abertura e ao longo do game. O jogo começa mostrando como Leon S. Kennedy e Claire Redfield chegaram  na cidade, Leon ia fazer sua estréia como policial de Raccon City, mas acaba chegando atrasado para sua apresentação, mal ele sabia que aquele seria seu primeiro e último dia como policial.

Na estrada ele encontra um corpo parcialmente devorado. Descendo do carro para verificar ele é atacado por  zumbis, tentando se afastando deles acaba encontrando Claire Redfield e sugere a moça que os dois devem ir a delegacia, que lá estarão mais seguros. Eles pegam um carro de policia próximo e partem, mas para seu azar, havia um zumbi no banco de trás ( O velho costume de ninguém checar os bancos de trás em histórias que envolvam zumbis) que faz o Leon perder controle de seu carro. E ainda havia um caminhão cujo motorista virou zumbi enquanto dirigia em sua cola. O caminhão capota, separando os dois protagonistas e aqui começa o nosso gameplay.



O primeiro game sofria com as terríveis atuações. Agora há atores bem mais competentes interpretando, dando as tonalidades corretas para cada situação. A história segue o mesmo método de narrativa que o de RE1, eles apresentam cutscenes  em alguns momentos e você tem que ler os documentos para compreender toda a história, a novidade aqui são as belas CGs que são como uma recompensa para o jogador após passar pelos tantos desafios que o jogo oferece.

Claire é conexão direta com RE1, sendo irmã de um dos protagonistas do anterior. Ela está na cidade procurando seu irmão Chris, que desapareceu sem dar noticias. Logo descobrimos que ele realmente não está na cidade, pois foi  investigar as atividades da Umbrella na Europa e não quis contar a Claire para que ela não o seguisse e isso, obviamente, não funcionou muito bem.

Os acontecimentos que precedem o game giram em torno da família Birkin Descobrimos que o laboratório na mansão não era o único da umbrela, existia um abaixo de Raccon City. O cientista William Birkin, ao lado de sua esposa,  Annette, dedicou boa parte da sua vida criando o G-vírus, que é muito mais potente que o T-vírus e faz com que seu portador se torne uma espécie de monstro mutante gigante. Ele não iria entregar o trabalho de sua vida para a Umbrella, quando confrontado por alguns soldados ele injeta o vírus em  si mesmo, matando-os em seguida. Enquanto isso, o T-virus é liberado na cidade causando o caos que vemos no gameplay.

Comentando um pouco sobre os personagens, os protagonistas são parecidos com os de RE1 em termos de personalidade nesse segundo game . Leon S. Kennedy é do tipo herói durão, corajoso, que nunca se deixa levar pelo pânico, sendo sempre racional que auxiliam suas chances de sobrevivência. Claire foi treinada pelo irmão Chris, possui alguma habilidade, mas apresenta mais dificuldade para se adaptar a situação do que Leon.

Entre os principais coadjuvantes temos Ada Wong, uma mulher misteriosa que se revela como uma espiã de uma empresa rival da umbrella que não mede esforços para alcançar seus objetivos, Sherry Birkin, uma menina que foi praticamente esquecida pelos pais que ficaram cegos pelo trabalho e que encontra em Claire uma espécie de irmã mais velha, é muito interessante acompanhar o desenvolvimento da relação delas, Brian Irons, o corrupto chefe de policia que enlouquece e sai matando varias pessoas pela delegacia e Annette Birkin, que está mais preocupada com seu marido que se tornou um monstro e está praticamente morto do que com sua filha, que está viva, sozinha e assustada.



Resident Evil 2 apresenta evolução de gráficos e mecânicas de jogo, uma história mais envolvente que a do seu antecessor, foi o jogo que mais apresentou personagens icônicos de toda a série e expandiu a mitologia de forma primorosa, é um game muito próximo da perfeição.

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Publicado por Daniel Tanan

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