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Análise | Silent Hill 3 – Obra-prima do Survival Horror

Silent Hill é sem dúvidas uma das minhas franquias favoritas dos videogames, considero a melhor de terror que já existiu. Neste mês de maio, o terceiro da série completa quinze anos e para comemorar a data desde o seu primeiro lançamento, eis a analise desse jogo maravilhoso.

A Nova História

Após o excelente Silent Hill 2 – que até hoje é considerado o melhor da série pelos fãs e crítica – os criadores optaram em retornar à história do jogo original porque o segundo tinha pouca conexão e foi algo mais isolado.

A nova aventura começa exatos 18 anos após o primeiro game e a protagonista agora é Heather Mason – a filha adotiva de Harry Mason do original. A jovem passa uma tarde no Shopping quando, de repente, adormece e tem um sonho muito estranho envolvendo o parque de diversões na cidade de Silent Hill. Ao acordar Heather percebe que o shopping está diferente, que todas as pessoas sumiram e estranhas criaturas sedentas de sangue tomam a cena.

Ela conhece uma mulher chamada Claudia Wolf que, aparentemente, é a responsável pela distorção de realidade no ambiente. Após uma breve conversa, Claudia deixa Heather com a seguinte frase “Você deve se lembrar do seu verdadeiro eu” causando à moça uma terrível dor de cabeça que quase a faz desmaiar. Esse é o mote da trama do jogo: Heather precisa se reencontrar.

O Mais Belo Jogo de Toda Franquia

Silent Hill 3 apresentou um gráfico que até hoje faz os jogadores ficarem de queixo caído, sendo considerado um dos melhores de toda a sua geração. Para se ter uma ideia, até o mais recente Silent Hill Downpour, lançado em 2012, fica aquém em quesito gráfico e visual desse jogo que fora lançado em 2003.

Além de ter uma atuação e um lyp sync impecável, a iluminação, os traços bem desenhados de cada personagem, os cenários horripilantes e o design de modo geral… Tudo beira a perfeição!

O Horror

Silent Hill 3 tem um  estilo de horror levemente diferente dos jogos anteriores, os sustos acontecem um pouco mais frequentemente, entretanto de uma forma mais criativa. Eu me lembro da segunda vez que joguei o game: há um banheiro em certa parte que não é exatamente necessário entrar. Fiquei muito surpreso, pois os desenvolvedores haviam colocado um susto surpresa nessa sessão. Dentro do banheiro há um espelho enorme e seu reflexo vai ficando distorcido. Quando tentamos abrir a porta, descobrimos que ela está trancada. Entrei em pânico “fiz algo errado?”, mas a distorção desaparece e a porta é destrancada pouco depois.

O jogo também sabe ser sutil, trazendo o já clássico horror surrealista da série que consiste em mostrar coisas que lembram algo, mas não se pode ter certeza do que realmente são. Os famosos cadáveres cobertos em macas retornam nesse game, nos lembrando sempre da degradável ideia da morte que nos acompanha a cada esquina. Todos esses elementos combinados com a trilha e efeitos sonoros de Akira Yamaoka compõem uma atmosfera horripilante.

Mecânicas

Silent Hill 3 traz algumas poucas inovações para as mecânicas de gameplay já consolidadas nos jogos anteriores. Agora é possível aparar golpes dos monstros no combate, mas o controle tem que ser preciso, pois é difícil fazê-lo funcionar e muitas vezes não é aconselhável. O velho “é melhor correr do que enfrentar”, típico do survival horror, ainda persiste.

De resto, as velhas mecânicas ainda estão presentes. O movimento de “tanque” da personagem – uma mecânica de combate um tanto desajeitada, puzzles para resolver mais simples que nos antecessores e leva e traz de itens e documentos espalhados no cenário para melhorar o entendimento da história. Apesar do grande avanço gráfico, o jogo recebeu algumas críticas quanto à mesmice das mecânicas de um gênero que estava ficando saturado naquela época. Pessoalmente, isso não me incomoda porque acho uma mecânica genial, mas, infelizmente, não funciona mais nos AAA atuais.

Feito para ser o último

Apesar de ainda ter tido continuações, Silent Hill 3 foi pensado como o desfecho da série, fechando a história iniciada no original e isso o jogo faz muito bem. Ao invés dos tradicionais cinco (ou seis) finais possíveis, o terceiro jogo possui somente três: bom, ruim e comédia.

Menos finais significam menos confusão e esse é sem duvidas o jogo mais objetivo da série, não deixa ganchos e cria poucos novos mistérios para a mitologia da saga. Entretanto, sua história não deixa de ser rica e cheia de significado.

A Importância da Família

Acredito que um dos elementos que ligam os jogos da série é o seu subtexto sobre família e como se devem tratar seus entes queridos. No decorrer da história, Heather descobre que é a reencarnação de Alessa, a garotinha psíquica que foi designada pela própria mãe como receptáculo para dar luz ao demônio Samael. O objetivo de Claudia que, por sua vez, também foi abusada pelos pais, é usar Heather para esse mesmo propósito. Enfim, levando o mundo ao “verdadeiro paraíso” e terminando o que a ordem não havia conseguido realizar 18 anos antes.

Para cumprir seu plano, Claudia manda uma criatura para matar Harry Mason, o herói do primeiro jogo e pai de Heather, em parte por vingança pelo que Harry havia feito, mas também para encher o coração da garota de ódio. Assim Heather parte para a assombrada Silent Hill procurando matar Claudia.

No ultimo momento, após recuperar as memórias de Alessa, Heather deixa seu ódio de lado e se lembra do amor de seu pai que a deixou com um pingente que continha a substancia aglaophotis – única coisa capaz de ferir o demônio e livrar seu corpo dele de uma vez por todas. O forte amor paternal de Harry a salvou.

Conclusão

Silent Hill 3 é um jogo que aperfeiçoa tudo que os anteriores estabeleceram em termos de mecânicas e gráficos. Apesar de a história ser mais simples, ainda é cheia de significados e de cenas que, parafraseando Vincent, um dos personagens mais interessantes que aqui aparecem, ficam “para sempre gravadas em nossa mente”, destaque para a cena em que Vincent questiona Heather sobre a natureza dos monstros e a cena do confessionário.

O jogo também apresenta algumas das melhores batalhas de chefes de toda a série. Todas são memoráveis: desde o terrível monstro do metrô ao confronto final com Claudia Wolf. O roteiro de Hiroyuki Owaku combinado com o design de monstros de Masahiro Ito e a icônica trilha sonora de Akira Yamaoka criaram um jogo que é capaz de deixar os cabelos em pé até mesmo dos jogadores contemporâneos.

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Publicado por Daniel Tanan

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