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Análise | The Quiet Man – Quando o Silêncio não é de Ouro

Com praticamente nenhum investimento expressivo em marketing, o novo game distribuído pela Square Enix conseguiu agitar o mercado dos games pelos motivos errados. The Quiet Man provavelmente será o dono da coroa do pior jogo de 2018.

Games conceituais não estão necessariamente fadados ao fracasso. Diversos jogos indies e outros totalmente focados em narrativa a la experimentos de David Cage com Detroit: Become Human, por exemplo, são aceitos e muito elogiados pela crítica e também pelo público. Mas no caso de The Quiet Man, o conceito praticamente afunda o jogo que nitidamente foi lançado antes do tempo previsto.

O Som do Silêncio

The Quiet Man tem toda sua ênfase em narrativa, colocando o gameplay como característica secundária. O problema é que tanto a história quanto o estilo beat n’ up do game são uma verdadeira bomba. Controlamos Dane, um personagem surdo, que vira guarda-costas de um dos chefões do crime organizado da cidade.

Entretanto, no meio de sua rotina de segurança, Dane encontra indícios de uma organização secreta de mascarados que ameaça a vida de seu cliente e também da mulher que ele ama. A partir disso, Dane inicia uma investigação por conta própria para colocar um fim nessa sociedade secreta perigosa.

Mesmo que a história em si seja simples e pouco interessante, os desenvolvedores levaram a surdez do protagonista ao pé da letra. A história se torna totalmente confusa, apesar de óbvia, por conta do game não possuir som, além de alguns efeitos sonoros de tonalidade grave. Logo, é uma tarefa hercúlea compreender as minucias das relações entre os personagens, pois nenhum diálogo é inteligível.

Não há legendas mostrando o que os personagens falam, mesmo que claramente Dane consiga ler os lábios dos outros e responda naturalmente outros personagens. Até mesmo quando o protagonista não está na cena, não é possível escutar os diálogos ou ter legendas para os mesmos, não fazendo sentido até mesmo no conceito bizarro do game.

Outro fator bizarro é que depois tantas críticas negativas sobre essa característica surreal do jogo que basicamente destrói toda a proposta de ser um game focado em narrativa, é que a desenvolvedora agora adicionará legendas e sons em uma atualização futura, mas ainda assim, parece que será preciso zerar o game nesse modo totalmente silencioso.

Agora, fica a pergunta: quem gostaria de zerar esse negócio duas vezes? O jogo também traz cenas gravadas em live action também repletas de diálogos inaudíveis, mas com performances esforçadas dos atores e também com uma boa cinematografia imersiva que confere o tom neo noir que a atmosfera tenta se aproximar.

De resto, sobra o gameplay tenebroso focado 100% em combate corpo a corpo. O jogador enfrentará exaustivamente inúmeras hordas de inimigos repetidos – se há mais de seis modelos de oponentes é muito, que possuem barras de saúde exorbitantemente enormes. Depois de muitos socos distribuídos através de animações repetitivas, os inimigos caem. Isso se você tiver sorte que o game reconheça o golpe que desferiu no oponente, pois diversas vezes os combos não conectam.

Era Melhor ter ficado Quieto

Mesmo sendo um game extremamente curto, contando com pouco mais de três horas, The Quiet Man é uma experiência enjoativa, bizarra e desagradável pela proposta que joga toda a narrativa no lixo, além do combate ser repetitivo ao extremo – basta ficar clicando apenas um botão até que a horda dos inimigos acabe.

No fim, parece que a ideia de “gênio” ao ter removido o som do game parece ter acontecido de última hora, pois é difícil encontrar algum sentido nessa experiência que simplesmente não vale a pena. Era melhor ter ficado quieto.

Pontos positivos: gráficos razoáveis, esforço do elenco live action, cinematografia
Pontos negativos: todo o resto

The Quiet Man (Japão – 2018)

Desenvolvedora: Square Enix, Human Head Studios
Estúdio: Square Enix
Gênero: Ação, Crime
Plataformas: PS4, PC

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Publicado por Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema seguindo o sonho de me tornar Diretor de Fotografia. Sou apaixonado por filmes desde que nasci, além de ser fã inveterado do cinema silencioso e do grande mestre Hitchcock. Acredito no cinema contemporâneo, tenho fé em remakes e reboots, aposto em David Fincher e me divirto com as bobagens hollywoodianas.

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