Marvel anuncia leilão de itens de Os Defensores e O Justiceiro

O fim da parceria entre a Marvel e a Netflix acabou com as produções de séries elogiadas como Demolidor Jessica Jones. Agora, um novo lote de itens das séries serão leiloados em breve após o sucesso inicial das primeiras vendas.

A Marvel e a Prop Store anunciaram um leilão que apresentará uma variedade de itens de agora de Os Defensores e O Justiceiro. As licitações começam em maio, embora o evento, que não tem uma data específica, ocorra em Los Angeles, os fãs poderão licitar por telefone ou online.

Os objetos que serão leiloados incluem o colete e a armadura do Justiceiro (Jon Bernthal), além de um punhado de máscaras da segunda temporada da série. Também serão leiloadas várias outras fantasias de super-heróis, incluindo a máscara vermelha do Demolidor e a Katana de Colleen Wing (Jessica Henwick).

A Marvel realizou seu primeiro leilão para seus programas de televisão da Netflix em março do ano passado, com mais de 750 lotes (o icônico traje do Demolidor foi vendido por US $ 55.000).

Outros itens em destaque incluem o traje de Kilgrave (David Tennant) da primeira temporada de Jessica Jones e o traje de Danny Rand (Finn Jones) da cena final da segunda temporada de "Punho de Ferro".

Atualmente, a Marvel pretende lançar séries sobre seus personagens através dos seus streamings como Disney+ e Hulu.


Trailer feito por fã reúne Coringas de Joaquin Phoenix, Heath Ledger e Jared Leto

O papel do Coringa é um dos raros casos que trouxe dois Oscar para diferentes atores em interpretações distintas. Sendo vivido por Jack Nicholson, Heath Ledger, Jared Leto e agora com Joaquin Phoenix, Coringa segue um dos personagens mais promissores a cada aparição em filmes novos que você pode curtir na SKY TV.

Agora, um fã apaixonado pelo personagem, decidiu realizar um trailer no qual apresenta as interpretações de Leto, Ledger e Phoenix em apenas um só vídeo.

Confira:

O resultado é impressionante. O mais novo filme do personagem Coringa, com Joaquin Phoenix no papel, pode ser visto na SKY.


Joaquin Phoenix é cotado para protagonizar novo O Médico e o Monstro

O clássico livro de Robert Stevenson, O Médico e o Monstro, deve receber uma nova versão cinematográfica. O filme pertencerá à marca Dark Universe.

A trama apresenta o dilema de um médico que cria uma poção capaz de separar seu lado bom do lado ruim, transformando-se num cruel assassino enquanto está sob efeito da droga.

A Universal já preparou a lista dos atores favoritos ao elenco e, segundo o site We Got This Covered, Joaquin Phoenix, o Coringa, é o líder da lista para protagonizar o filme.

Por enquanto nada foi confirmado e Phoenix ainda não está em um novo projeto anunciado desde sua vitória no Oscar como Melhor Ator.


Crítica | Devilman Crybaby - A tragédia atemporal da humanidade

Apesar de ter estreado em 2018, Devilman Crybaby era uma das recomendações mais presentes da Netflix para mim após eu ter assistido Neon Genesis Evangelion. Felizmente, ainda que de modo tardio, consegui investir quatro boas horas e assistir o anime de dez episódios licenciados diretamente pela própria plataforma de streaming.

O fato é que escrever sobre essa série se tornou uma ânsia de colocar as diversas ideias que o show traz ao longo de sua narrativa bastante intrincada e paradoxalmente simples e complexa. A série adapta o atemporal mangá de Go Nagai que já havia recebido outras versões animadas nos anos 1990 com OVAs de uma hora de duração cada.

Já sendo uma obra bastante elogiada na técnica do anime, um remake com certeza pode ter deixado os fãs ligeiramente aflitos sobre como a história seria adaptada novamente, afinal não se trata de uma narrativa leve. Felizmente, a versão de 2018 de Devilman não tem nada a dever para as obras anteriores podendo até mesmo ser chamada como a melhor dentre as adaptações existentes.

O Homem-Demônio

A narrativa de Devilman é relativamente simples. Dois amigos, o chorão Akira e o tenebroso Ryo, acabam envolvidos em um jogo de heroísmo vigilante quando Ryo consegue fazer que o poderoso demônio Amon possua o corpo de Akira. Por conta disso, ambos decidem exterminar os demônios que matam e torturam no Japão.

Enquanto Akira testa seus novos poderes e uma mudança completa de personalidade, Ryo trama revelar ao mundo inteiro a existência de demônios. Entretanto, o jogo primeiramente aparente bem intencionado de Ryo é passível de grandes e pesadas reviravoltas.

Adaptando livremente o texto de Go Nagai, o roteirista Ichirõ Õkouchi revitaliza Devilman para uma nova audiência já adulta nos anos 2010. Enquanto a história original se passa na Tóquio de 1970, tudo aqui se desdobra em uma sociedade muito influenciada pela internet e suas viralidades.

O que faz ressoar tanto a história de Devilman Crybaby está no modo concreto e objetivo que o roteirista possui ao trazer os personagens ao público pela primeira vez. No caso, Akira, o protagonista, é um menino bastante ingênuo e bobo, dono de um coração repleto de bondade, enquanto Ryo é o completo oposto sendo repleto de malícia e maldade.

Subvertendo o desenvolvimento dos personagens, em questão de um episódio é possível ver que Ryo realmente ama seu amigo Akira e que suas intenções parecem puras em primeiro momento, agindo mais como o criador de um “Frankenstein Moderno” que atua como anti-herói. A combinação perfeita entre o cérebro e músculos como já foi visto tantas vezes em outras obras narrativas.

Possuindo dois personagens protagonistas bastante fortes, seria fácil para Õkouchi somente focar em desenvolver ambos e felizmente não é isso o que ocorre. Enquanto é bastante divertido ver episódios mais formulaicos com o aprendizado de Akira com seu novo corpo e suas primeiras noites de vigilância na caça de demônios na cidade, é igualmente satisfatório notar a atenção oferecida  para os personagens coadjuvantes como Miki, a melhor amiga de Akira, e Miko e a rivalidade das duas sobre quem é a melhor velocista da escola.

Cada um deles possui seus próprios “demônios” internos que os tiram do caminho da normalidade. Evitando spoilers, afirmou que o núcleo envolvendo Miko é um dos mais interessantes sobre projeção psicológica e profunda depressão de irritabilidade mostrando a origem do ódio insensato.

A mensagem de Devilman nessa adaptação é ainda mais clara e eficaz que as dos OVAs antigos. Nagai sempre falou que sua história focava o sentimento contrário às guerras de modo geral. A diferença é que o autor não eufemiza as imagens e acontecimentos da narrativa para conquistar maior audiência.

O mangá é adulto e bastante violento. Em um dos raros casos, este anime consegue conciliar a extrema violência também com uma narrativa de qualidade. Só é preciso mesmo pontuar que há diversos acontecimentos verdadeiramente chocantes e bastante trágicos como ocorrem durante os fortíssimos episódios 8 e 9.

Imaginação fluída

Não é preciso fazer preâmbulos sobre o quão bom Devilman Crybaby é uma ótima animação com uma narrativa tão original trazendo uma mensagem pacifista ao chocar justamente por sua violência e também por te desesperar nos episódios finais que abordam a injustiça diante a um frenesi coletivo.

O fato é que a série pode até mesmo incomodar àqueles que estão investidos na história por conta de sua estética bastante particular. A técnica de animação definitivamente não é maravilhosa e muito palatável para todos os espectadores – até mesmo aqueles que gostam de animes em geral.

Ocorre que o traço, apesar de estiloso, pode aparentar desleixo, assim como o design dos personagens, incluindo o do protagonista Akira quando transformado em Amon. O visual dos demônios, dos que são menos importantes na narrativa, como Xenon e Kaim, é bastante genérico e sem criatividade. As cores psicodélicas e formas disformes totalmente alucinadas também não ajuda o departamento visual, apesar de ser uma abordagem bastante corajosa e inteligente para “representar” os delírios visuais lisérgicos dos personagens possuídos.

Já os outros, retirados totalmente dos designs de Nagai, ainda mantém personalidades memoráveis como Silene e sua obsessão sexual por Amon. O episódio 5, destinado totalmente a resolver esse encontro que é abordado anteriormente por três episódios, se torna um dos mais interessantes da série por oferecer risco real de ameaça à Akira. Infelizmente, ele deixa um buraco na narrativa que é presente também no mangá.

A direção de Maasaki Yuasa é um diferencial significativo também, já que ele é responsável por toda a abordagem visual e concepção estética da série. Enquanto a animação fluída e disforme pode afastar muita gente, é importante salientar que há sim cenários bastante bonitos e criativos.

O choque da violência e da tragédia é igualmente eficaz, principalmente durante a culminação traumatizante do núcleo da família de Miki. Outros elementos já surgem com metáforas visuais criativas como a degradação constante do jardim de rosas cuidadas por Miko que acabam se transformando em formas similares a caveiras ao se decomporem.

O destaque mais inteligente se dá no clímax humano da série no episódio 9. Aqui, por repetidas vezes o diretor usa um flashback mostrando Akira, Miki e Miko passando o bastão um para o outro enquanto correm em uma disputa de revezamento. A imagem é repetida diversas vezes sempre culminando no mesmo final: quando Akira passa o bastão para Ryo, tudo cai e desmorona.

É um dos modos mais criativos para sintetizar todo o arco de Ryo em apenas poucos segundos: ele simplesmente não pertence, sua alienação é vinda de uma natureza maior com objetivos totalmente egoístas e egocêntricos. É por conta disso que a catarse final da série funciona tão bem, atingindo com força a terrível dor que motiva uma transformação.

O Diabo do Século XXI

Devilman Crybaby exige sim boa vontade do espectador em aceitar a obra e toda sua estranheza. Conteúdo chocante com sexo, sangue e mutilações certamente não estão nas preferências de muita gente. Porém, a mensagem e a história aqui são tão bem contadas, traçando um paralelo muito preciso sobre histeria coletivo, medo, pânico e violência generalizada que se torna uma peça obrigatória para qualquer admirador de uma boa tragédia.

A hipocrisia humana como ela é. Se transformando no demônio que ousa combater.

Devilman Crybaby (Idem, Japão – 2018)

Direção: Maasaki Yuasa
Roteiro: Go Nagai, Ichirõ Õkouchi
Elenco: Koki Uchiyama, Ayumu Murase, Megumi Han, Ami Koshimizu, Sabaru Kimura
Gênero: Terror, Ação
Duração: 25 min/episódio

https://www.youtube.com/watch?v=ww06yGPM7Kc


X-Men podem chegar à Marvel por causa do novo Capitão América; entenda

Desde a aquisição da Fox pela Disney, fãs dos X-Men aguardam ansiosamente a obra que apresentará o grupo mutante no Universo Cinematrográfico da Marvel. Ainda sem revelar seus planos, a Disney segue em silêncio.

Entretanto, uma nova teoria aponta que os mutantes serão apresentados na série Falcão e o Soldado Invernal que estreia nesse ano no Disney+;

Enquanto o personagem Sam Wilson atuava como o super-herói Falcão ao lado de seu fiel parceiro Redwing – um falcão com quem ele compartilhava um vínculo telepático – nunca houve uma dica sobre seus poderes terem uma origem mutante, pelo menos até Charles Xavier entrar em cena.

Depois que Xavier sugeriu que Wilson poderia ser um mutante e um Sentinela o identificou mais tarde, a revelação parecia clara. É claro que nas HQs o status de Sam como mutante foi mais tarde reconsiderado como simplesmente um Sentinela com defeito, e embora sua conexão telepática com Redwing permanecesse um dos pilares do personagem isso nunca aconteceu UCM.

Agora, com sua série inteiramente dedicada ao personagem, pode ser que essa ponta dos quadrinho seja a desculpa perfeita para apresentar os mutantes nesse universo.

A série Falcão e o Soldado Invernal chega na plataforma de streaming Disney+ ainda em 2020.


Veja o que estrelas farão depois que Supernatural acabar

Mais de uma década de trabalho árduo para o elenco e produção de Supernatural. Uma das séries americanas mais longevas finalmente encontrará seu final ainda em 2020. Logo, fãs começam a se perguntar o que está a frente dos atores da série como Jared Padalecki. Com certeza, mais séries com ele chegarão à SKY TV.

Felizmente o site Cinema Blend trouxe um belo resumo do que acontecerá com a carreira das principais estrelas da série.

Depois de viver Sam Winchester por mais de uma década, Jared Padalecki vai levar seus talentos para outra produção. Em setembro do ano passado, o ator foi confirmado na série Walker como produtor e protagonista. O projeto é um reboot da clássica série Texas Ranger na qual Chuck Norris viveu o personagem principal.

O intérprete de Dean Winchester, Jensen Ackles, ainda não anunciou seu próximo projeto pós-Supernatural. Em um painel da CW, o ator revelou que não quer ficar muito tempo fora da TV. Talvez ele se aventure mais na carreira como diretor, já que dirigiu alguns episódios da série.

Após o fim da série, Misha Collins pretende tirar longas férias do mundo do entretenimento e dedicar mais tempo à família. No ano passado, o ator e sua esposa Vicki Collins publicaram um livro de receitas, que até hoje faz bastante sucesso.

Jim Beaver tem vários projetos confirmados após o final da série. O intérprete de Bobby vai reprisar seu papel com o Secretário de Defesa Robert A. Singer na segunda temporada da série The Boys, da Amazon.

Mark Pellegrino teve um papel recorrente em Supernatural como Lucifer, que é considerado por muitos fãs o melhor vilão da saga. Após o fim da série, o ator deve reprisar seu papel como o Oficial Standall na temporada final de 13 Reasons Why.

Rob Benedict agora é Deus/Chuck, o grande antagonista da temporada final. Após o desfecho da série, o ator está confirmado em Violet, série protagonizada por Olivia Munn e Justin Theroux.

A Warner Channel exibe os episódios finais de Supernatural no Brasil que você pode conferir na SKY.


Lista | Os cinco vilões mais queridinhos do cinema

As boas histórias no cinema sempre despertam fortes emoções em nós, o clímax, a vitória do mocinho, e o mau sendo derrotado. Mas vamos combinar, sempre existem aqueles vilões que prendem a nossa atenção e ficam na memória, não é mesmo? São personagens que ajudaram várias obras a se tornarem icônicas e verdadeiros clássicos.

Uma dose de bom humor, ironia, e claro, humanização, são apenas algumas das características que nos fazem, diversas vezes, até sentir um pouco de empatia pelo vilão da história.

Alguns desses personagens não chegam a representar um vilão de fato, mas sim um anti-herói, ou seja, aquela pessoa que não se destaca com atitudes perfeitas, mas tem certas motivações para seus comportamentos.

Apesar dos filmes não estarem mais em exibição nos cinemas, você pode assisti-los nos diversos serviços de streaming que existem atualmente, desde Netflix, Telecine Play e Amazon Prime, até o Claro NOW, disponível para clientes da operadora Claro no plano Multi, como o Claro Controle.

Saiba mais detalhes sobre planos da Claro.

Nós separamos para você uma lista com alguns dos mais amados vilões que marcaram época e foram super importantes em grandes sucessos do cinema. Com certeza você deve ter o seu preferido, não é mesmo? Mas se não tiver, prepare a pipoca e tenha algumas horas de diversão odiando amar esses personagens!


Dois Rigolettos em SPs diferentes e uma Luva que não Doura a pílula...

O tema da deformidade humana é recorrente no mundo ocidental. Provavelmente, pelo misto de repulsa, piedade e compaixão que os deformados nos exercem dentro de nossa cultura. Ele pode ser visto no teatro, como Shakespeare o fez em Ricardo 3º, na Literatura, como Victor Hugo escreve em O Corcunda de Notre-Dame, na ópera aparece Rigoletto, de Verdi, no cinema O Homem Elefante, de David Lynch, e no recente O Bar Luva Dourada, de Fatih Akin.

As variações de visão sobre a pessoa deformada são muitas: ela pode ser gentil como no filme de Lynch, maligno e pérfido, como Ricardo 3º, e por vezes mais complexo, alternando bondade e bestialidade como as personagens de Hugo e Verdi. Ademais, a deformidade pode ser de caráter mais físico, aparente, ou psicológico, subjacente, como no caso do filme de Akin.

Uma parte da fruição da catarse de uma obra de arte se dá não enquanto assistimos ao espetáculo, mas no momento em que estamos a pensar nela, principalmente quando, impregnados pelo seu impacto, fazemos o caminho para casa. Este momento é essencial, e é por isso, entre tantas coisas, que ver um filme no cinema ou uma ópera ao vivo é tão diferente de fazê-lo em casa. É na rua que nossa cabeça se coloca a pensar, a matutar sobre o que vimos e a gerar relações dentro de nosso pensamento. É por isso que as personagens de Dostoiévsky são tão cativantes, elas caminham e pensam o tempo inteiro, é na rua que elas movem o mundo.

É por este motivo que juntei, neste texto, duas coisas aparentemente díspares para analisar. O que Rigoletto e O Bar Luva Dourada tem em comum? O simples fato de eu assisti-los em um mesmo dia, a uma distância de algumas horas e alguns quilômetros? Uma mera coincidência, uma mera vontade de fazer um texto e juntar as duas experiências? O fato de, em um mesmo ano, ter visto duas apresentações da ópera de Verdi, uma delas na cidade das personagens andarilhas de Dostoiévsky?

Coincidências? Talvez. Mas a relação é mais próxima que a distância da caminhada entre um cinema da rua Augusta e o Teatro Municipal de São Paulo parecem sugerir. Em ambas as obras, o personagem central é um deformado. Rigoletto é um corcunda e Fritz Honka um ser profundamente feio, repugnante e psicopata. O primeiro não hesita em debochar da desgraça alheia e o segundo em dar umas pancadas em mulheres quando contraditado. Apesar disso, as obras são comoventes e profundamente humanas. A elas, então.

Rigoletto em duas SPs, São Petersburgo e São Paulo

São Petersburgo é uma cidade deliciosa para caminhar. Plana, bela, cheia de rios e canais e de pessoas bonitas. A apresentação de Rigoletto se deu no Teatro Mariinsky moderno, em 16/2/2019. Cenários de muitíssimo bom gosto, ainda que estilizados, figurinos esquemáticos, iluminação que cria um belo clima, cantores de bom nível, tudo contribuiu para um bom espetáculo, como se pode ver aqui.  Na SP brasileira, os cenários um tanto mais simples, a iluminação menos sofisticada, figurinos de muito bom gosto, um coro sempre imponente e uma encenação bem dinâmica também fizeram um espetáculo de bom nível.  Se pudesse destacar os pontos altos da apresentação da SP russa, diria que a iluminação e cantores se destacaram; enquanto na brasileira o coro e a marcação de cena.

A ausência de menção aos cantores da montagem brasileira, por ora, se dá em função de eu ter assistido às montagens brasileiras com diferentes elencos. Volto ao assunto, adiante.

Rigoletto é a primeira grande obra-prima de Verdi. Não é para menos. A trama é bem urdida (ao contrário de Il Trovatore, que possui alguns pontos obscuros e falhos na narrativa), movimentada, enérgica, com uma sucessão de melodias memoráveis, de tirar o fôlego. A explosão de fúria de Rigoletto em Cortigiani, vil razza dannata, é uma grande descarga emocional, misturando a verdade e raiva de um pai submisso contra uma corte ignóbil, situação à qual é impossível ficar indiferente. E, logo depois, após a furiosa tentativa frustrada, sua submissão ao nobre Marulo é pungente. Mas isso não é tudo. Em apenas um ato (o último) ele consegue encaixar duas de suas melhores criações: a famosíssima ária La Donna è Mobile e o sublime quarteto Bella Figlia Dell’Amore. Eu tinha um amigo que ficou obcecado por este quarteto, o ouvindo a fio por dias. Obviamente não é qualquer música que é capaz de suscitar tal monomania. Ele não é só uma melodia belíssima, um contraponto entre temas fascinantes. É um pouco como a vida: uns se dando bem, outros se descobrindo em um buraco, uns usufruindo, outros querendo vingança, uns em volúpia, outros em pesar; tudo misturado, apartados na vida, mas unidos pela música. Das coisas mais esteticamente brilhantes que o engenho humano produziu.

Com um material desses (e nem mencionei os cantos de Gilda, de uma beleza e orquestração delicadíssima), não é muito difícil fazer uma montagem interessante. E é o que os dois espetáculos conseguiram. Equivalentes, cada um com seus prós e contras. O da cidade russa peca nos dois primeiros atos por ser um tanto estática, impressão reforçada pelos seus figurinos, padronizados, com exceção do Rigoletto (que de vermelho fica interessante em contraste com o resto do elenco). Entretanto, a soprano Aigul Khismatullina (Gilda) era excelente e o barítono Edem Umerov (Rigoletto) cumpria bem seu papel. Os feitos cênicos de luz, iluminação e som se sobressaíam, muito bem colocados. Na cidade brasileira, o espetáculo era mais equilibrado, dinâmico em todos os atos, porém menos atraente visualmente que o de São Petersburgo.

Abro parênteses para um ponto da apresentação brasileira que considero polêmica. Logo na abertura, mostra-se o Duque de Mântua, ajudado por Rigoletto, estuprando uma garota. Para qualquer um que conhece a ópera e a época em que foi escrita, fica claro que o Duque pertence a um arquetípico do nobre galanteador e sedutor, como as variações dos Casanovas e Don Juans que aparecem em diversas personagens de óperas, como Don Giovanni (Mozart) e o Conde Almaviva (Rossini) e até mesmo o Pinkerton de Madame Butterfly (Puccini), só para citar alguns. E de peças e livros, como o de Choderlos de Laclos, Ligações Perigosas.  Ou seja, o mito do homem sedutor, que tem ajuda de um serviçal (Rigoletto, neste caso, Fígaro, em Mozart e Rossini) é espraiado nos séculos XVIII e XIX. Fazer do Duque de Mântua um estuprador, e de Rigoletto um aliciador, é forçar por demais uma caracterização, e também uma injustiça com estas personagens, com sua complexidade. É reduzir algo complexo a um modismo.  A diferença entre um conquistador e um bufão de um estuprador e um aliciador é a mesma que entre um papel-moeda fiduciário e uma moeda de ouro. Ademais, incomoda que esta caracterização seja para se render a teorias passageiras, desprovidas de qualquer realidade. A vingança feminista já foi dada, em termos de ópera, pela Carmen de Bizet, que é a sedutora feminina por excelência.

Obviamente, a escolha de um diretor é livre, mas sujeita à crítica. Este tipo de chiste mais atrapalha que ajuda na fruição do espetáculo, sem nada de relevante acrescentar, salvo à patrulha usual.

Esta é, então, a única restrição mais grave ao espetáculo do Teatro Municipal.

Por fim, para terminar as comparações, vale um destaque ao Teatro Mariinsky 2. O famoso Mariinsky, sede do Kirov, o teatro que revolucionou o balé clássico no século XIX, tem seus espetáculos divididos em três salas. A principal, que é o Mariinsky original, é reservada aos balés, que é seu carro-chefe. O mesmo ocorre em outro teatro russo mítico, o Bolshoi, onde as óperas também são feitas em um teatro anexo. É simples de entender. A fama do teatro russo é com o balé, é a forma de espetáculo que os russos se sobressaíram durante um bom tempo, e que seu público mais gosta. O balé está para a Rússia assim como a ópera está para a Itália. Se você comprar um ingresso para o balé e para a ópera na Rússia, vai perceber que o valor é absolutamente diferente. O balé é caríssimo, enquanto o teatro musical é relativamente barato. E não é questão de câmbio, por um lugar similar você paga umas cinco vezes mais para assistir um balé do que uma ópera. É um valor bem alto para os russos, então se depreende que o balé é majoritariamente vendido para estrangeiros.  Entretanto, o teatro de ópera de Moscou é uma sala antiga, enquanto o Mariinsky 2 de São Petersburgo é uma sala moderna. Qualquer pessoa que leia meus textos sabem que tenho um certo enfado de teatros modernos. Mas o Mariinsky 2 é realmente um teatro bonito, talvez o teatro de ópera e música moderno mais bonito que vi. A sede da Filarmônica de Berlin, o Deutsche Oper, o Ópera Nacional da Finlândia, o Metropolitan, nenhum desses é páreo para o Mariinsky 2. As escadas ladeadas por vidros  cruzando o espaço aberto, os lustres de desenho refinado ((fotos 1 e 2), o teatro com forração de madeira e de formato retrô, as paredes de pedra iluminadas por trás, tudo é de um bom gosto enorme e harmonioso. É um teatro relativamente novo, de 2013, enorme, com dois mil lugares e que vale a pena conhecer.

Em relação aos cantores da apresentação em São Paulo, o elenco do dia 23 era superior ao do dia 24 de fevereiro. Os destaques foram a Gilda de Olga Pudova (nas coincidências da mesma tarde, a russa solista em S. Paulo também é solista em apresentações na SP báltica) e o Rigoletto do argentino Fabian Veloz. A primeira com um volume de voz impressionante, agudos límpidos e um tipo físico muito adequado à frágil Gilda, e o segundo um excelente e apaixonado ator, com uma atuação contagiante e canto de bom nível. Fernando Portari, como o Duque de Mântua, mostra sua evolução dos últimos anos fazendo um simpático e sedutor Duque, cantando com felicidade.

Em suma, foram duas boas apresentações, separadas por léguas de distância, mas unidas como bons espetáculos.

E o filme?

Hamburgo, assim como São Petersburgo, tem uma ligação muito forte com a vida marítima. O ambiente do Bar Luva Dourada, onde se desenrola a ação do filme, é muito característica de uma cidade portuária. Sujo, decadente, com muita prostituição e álcool.

O filme trata da história verdadeira de Fritz Honka, um serial killer alemão que guardava pedaços dos corpos de suas vítimas dentro do próprio apartamento.

Enquanto em Rigoletto a feiura e deformidade são compensadas por um amor paternal e ornamentada por uma música belíssima (o dueto Ah, veglia o donna mostra o cuidado de um pai em relação à sua filha de um modo lindamente delicado), o filme de Akin não releva. As pessoas são feias, seus atos são sórdidos, as personagens são interesseiras, desiludidas e submissas. Muita gente reclamou do filme como um filme forte mas, se analisado friamente, boa parte da ojeriza parte mais da relação do público com as personagens do que o que está na tela. Não há comparação com um filme como Saló, do Pasolini, que é de uma maldade sem fim, com cenas enojantes. Aqui o incômodo não é só pela sujeira, mas também pela desilusão da vida daquelas pessoas, dos maus-tratos que se impuseram, da troca de sexo por um copinho de bebida ou um pequeno troco. A ópera sempre é um espetáculo idealizado, enquanto este filme é de um realismo atroz. A única personagem que sai do aspecto surrado é vista, em uma cena, comendo carne crua. É um filme praticamente sem piedade.

Mas um grande filme o é na medida em que se mostra mais complicado que as primeiras aparências. Há inúmeros filmes que, no vão intuito de chocar, recorre a artifícios fáceis, como mortes de animais (Amarelo Manga, por exemplo) ou violência gratuita. Mas chocar assim é fácil, não há méritos, pois o mesmo está no conteúdo e não no artifício do diretor ou roteirista. Uma das cenas mais chocantes que presenciei em um cinema foi no filme Mon Homme, de Bertrand Blier, onde uma prostituta de luxo, ao chegar em casa, convida um mendigo, por piedade, para adentrar seu lar e acaba por fazer sexo com ele. Detalhe: sem tomar banho! Lembro que, ao assistir no cine Belas-Artes esta cena, as mulheres do público vociferavam sua repulsa em bom volume. É uma espécie de choque cultural, um choque com aquilo que está dentro da gente. Uma cena de sexo não é nada, mas uma cena de sexo com alguém absolutamente sujo, que você sente nojo, é uma jornada dentro da sua relação de piedade e defesa.

E este é o mérito do filme alemão. Ao mesmo tempo em que as personagens nos causam repulsa, você se apieda delas. Seja pelo seu infortúnio, seja pela identificação. O filme faz isso sem nenhuma conotação moralista ou piegas. Em um determinado trecho do filme, você chega até a se enternecer pelo personagem principal no seu amor idealizado por uma adolescente. Mas não há sossego, logo em seguida ele realiza atos abomináveis. Neste sentido, se parece a outro filme alemão, M, O Vampiro de Dusseldörf. Entretanto, Peter Lorre é uma figura infinitamente mais doce que o Fritz Honka de Jonas Dassler. Este é feio, desengonçado, rude, estranho, um ser humano no mínimo profundamente antipático. O Ted Bundy de Zac Efron é sedutor, inteligente e galante. Honka é abominável.

Este é o aspecto mais interessante do filme. Em geral, as personagens deformadas tem um lado positivo, seja bondade, seja doçura, seja simpatia, seja inteligência. No filme de Akin tal não há. Uma determinada personagem responde a um cumprimento urinando em quem lhe saúda, Honka tenta estuprar sua colega de trabalho por quem nutre uma efêmera paixão. Ele tenta parar de beber, mas desiste na primeira oportunidade. Nada se salva.

Enfim, enquanto a ópera de Verdi usa a velha tática de compensar a deformidade física através de um caráter psicológico positivo e de uma maneira idealizada, o filme de Akin nada compensa, deixando o público exposto a um realismo cínico, sem saída. Isto diz muito sobre as duas formas de Arte: a ópera, que sempre funcionou como uma idealização, e o cinema, que sempre funcionou como uma realidade.

Em uma caminhada durante uma tarde, é possível ir de um extremo ao outro não da cidade, mas da sensibilidade.

Texto escrito por Adriano Soriano Barbuto