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Bastidores Indica | Almas em Fúria

Almas em Fúria (1950)

Dirigido por Anthony Mann

Muito se discute ainda hoje sobre como o Western é um gênero predominantemente masculino, e talvezaté machista nas suas concepções contra as mulheres no mundo do oeste selvagem dominado pela imponência dos homens. Mas se alguém como Nicholas Ray provou exatamente o contrário com seu soberbo Johnny Guitar, é claro que um dos melhores (se não o melhor) diretores do gênero como o senhor Anthony Mann faria como faz aqui em seu excelentíssimo Almas em Fúria.

O filme que talvez seja o perfeito representativo definição do feminismo no velho Oeste tomando formato na incrível personagem de Vance Jeffords, interpretada por uma brilhante Barbara Stanwyck, que exala um poderio e determinação frente ao domínio do homem que a cerca por todos os lados, seu pai e seus amantes.

O senhor me fez sentir algo que nunca pensei sentir antes. Ódio. Eu odeio você e tudo que o representa!

E Mann filma a musa como uma força pulsante a cada uma de suas cenas (que são quase o filme inteiro) e Stanwyck brilha em todas elas. Sem poder deixar de mencionar o uso épico e visualmente fantástico do diretor de sombras e vastas tomadas paisagísticas com uma profundidade assustadora (o velho oeste em um filme de Anthony Mann NUNCA é mal filmado!).

Mas a grandeza não se condensa somente aí, a faceta feminista está fortemente presente e forte é seu destaque, mas o foque central do filme está (também) no emocionante, divertido, tenso, brutal e trágico embate entre um pai e uma filha. Onde ganância, orgulho, e o próprio amor são os elementos ferozes que compõem a violenta luta que toma o pulso forte do filme até o fim.

Eu não acho que gosto de estar apaixonada. Ponha um pouco na minha boca!

E é aí mesmo que se encontra o brilhantismo do roteiro, em conseguir fazermos criar empatia por ambos os protagonistas T. C. Jeffords com um excelente e carismático Walter Huston e Vance de Stanwyck, mesmo com ambos demonstrando suas imperdoáveis falhas em atitudes cruéis e egoístas, mas o oeste aqui não é uma terra de heróis e vilões, é um palco onde famílias e amantes derramam sangue e o amor e o ódio andam de mãos dadas.

Seu final pode não ser um dos mais satisfatórios ou não-datados, mas o restante do filme? É o clássico Western sendo feito no seu melhor em uma pérola do cinema que precisa ser redescoberta!

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Publicado por Raphael Klopper

Estudante de Jornalismo e amante de filmes desde o berço, que evoluiu ao longo dos anos para ser também um possível nerd amante de quadrinhos, games, livros, de todos os gêneros e tipos possíveis. E devido a isso, não tem um gosto particular, apenas busca apreciar todas as grandes qualidades que as obras que tanto admira.

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