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Cine Vinil #05 | Lado A: Por que Amei Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar

O CONCEITO

Dia vs Noite, TWD vs GOT, DC vs Marvel, BvS vs Guerra Civil, Xbox vs Playstation, Flamengo vs Fluminense, Android vs iOS, McDonalds vs Burger King, Nerd vs Nerd, Fanboy vs Fanboy.

O multiverso nerd é pautado por discussões intermináveis e, geralmente, extremamente redundantes. Mas com toda a certeza a gente adora aquela treta cósmica para provar que um lado é melhor que o outro – mesmo que o único convencido na discussão seja você mesmo. Analisando essa treta tão peculiar, decidimos trazer um pouco desse espírito “saudável” de discussão para o nosso site.

Sejam bem-vindos ao Cine Vinil! Calma, antes de soltar os cães nos comentários, entenda nossa proposta. Os discos de vinil foram um dos itens mais amados para reprodução de arquivos sonoros. Sua grande peculiaridade eram os lados A e B. O lado A era utilizado para gravar os hits comerciais das bandas, músicas mais populares. Enquanto o Lado B era mais voltado para canções experimentais ou mais autorais.

No caso, nos inspiramos pelos lados opostos do mesmo “disco” – de uma mesma obra. Serão dois artigos: o Lado A, que contém a opinião positiva, e o Lado B, com a versão negativa. Os autores, obviamente, serão distintos, e escolherão 5 pontos específicos da obra para justificar seus argumentos.

Explicado o conceito, nós lhes desejamos aquela ótima discussão para defender o seu lado favorito! Quem ganhou? Lado A ou Lado B? Que a treta perfeita comece!

Atenção aos spoilers.

LADO A

Por Miguel Forlin

 Intenções mais modestas

Contendo um primeiro filme artisticamente bem sucedido, a franquia Piratas Do Caribe foi aumentando as suas ambições narrativas de uma obra para a outra, e o resultado dessa pretensão foram longas cada vez mais megalomaníacos e distantes da proposta inicial. Com Piratas Do Caribe: A Vingança De Salazar, parece que os responsáveis entenderam que os personagens e as histórias não possuem profundidade para uma produção de quase três horas de duração. Sendo assim, realizaram um filme mais centrado, com os pés bem fincados no chão e uma trama muito mais enxuta. Ao término da sessão, é bem provável que o espectador não saia com aquela dor de cabeça que é tipicamente oriunda dos filmes escandalosos e repletos de poluição visual da franquia.

Atores jovens, talentosos e carismáticos

Uma das reclamações mais ouvidas em relação aos três primeiros filmes da saga é a de que tanto os personagens interpretados por Orlando Bloom e Keira Knightley quanto as performances dos dois atores são desinteressantes e antipáticas (uma opinião da qual compartilho). Porém, em A Vingança De Salazar, isso foi resolvido. Além da participação da dupla se restringir a poucos e breves momentos, no lugar deles, foram colocados dois personagens interessantes e cuja personificação ficou a cargo de dois jovens atores talentosos (Brenton Thwaites e Kaya Scodelario). A juventude e vivacidade de ambos trazem um frescor muito bem vindo ao filme.

Um bom vilão

Poucas sagas cinematográficas podem se gabar de ter uma galeria de vilões tão boa quanto a de Piratas Do Caribe. Isso aumenta ainda mais quando pensamos nos atores que os interpretaram. É muito difícil dizer qual é melhor: o irônico Hector Barbossa, vivido por Geoffrey Rush, o asqueroso Davy Jones, interpretado pelo ótimo Bill Nighy, o assustador Barba Negra, trazido à vida pelo insuperável Ian McShane, ou o animalesco Salazar, encarnado com visível divertimento por Javier Bardem. A composição feita pelo ator espanhol, que inclui um sotaque carregado (a forma como o personagem diz “Sparrow” é impagável), um andar arrastado e manco (Bardem admite ter se inspirado na movimentação de um touro machucado) e uma respiração pesada e apressada, faz da figura vilanesca de Salazar um personagem divertidíssimo.

Johnny Depp volta a funcionar

Depois de ter atingido o auge de sua carreira no meio da primeira década deste século, Johnny Depp começou a embarcar (não é um trocadilho) numa série de projetos que foram fracassos de bilheteria e apedrejados pela crítica especializada. Para piorar, além de parecer não conseguir se desvencilhar dos trejeitos de Jack Sparrow, polêmicas envolvendo a sua vida particular e o casamento com a atriz Amber Heard passaram a estampar as capas e manchetes dos jornais sensacionalistas. Pela primeira vez, a sua imagem carregava um caráter negativo. No entanto, em A Vingança De Salazar, ele oferece um indício de que talvez esteja voltando aos seus melhores dias. À vontade no papel que tantas vezes interpretou e beneficiado por alguns ótimos diálogos concebidos pelo roteirista Jeff Nathanson, Depp volta a funcionar e fazer do seu Jack Sparrow um grande personagem.

Simbolismo no terceiro ato

O terceiro ato de A Vingança De Salazar contém vários problemas, mas um dos seus méritos é a simbologia do Tridente de Poseidon e a divisão dos mares. Na mitologia grega, Poseidon é uma divindade divisiva: ao mesmo tempo que usou os mares para auxiliar os gregos durante a Guerra de Tróia, também os empregou para enganar os seus adversários. Já na doutrina cristã, o Tridente, comumente associado à figura de Satanás, também é um símbolo da divisão: ao passo que o instrumento representa em si mesmo a união, as três pontas indicam a separação rotineiramente pretendida por Lúcifer. O fato de que, no terceiro ato do filme, quando o Tridente de Poseidon é despertado, os mares se dividem e é preciso destrui-lo para reunir as águas mais uma vez, é importante para nos mostrar como o roteiro de Nathanson possui, parcialmente, um entendimento das tradições filosóficas e religiosas do Ocidente.

Clique AQUI para ler o Lado B

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Redação Bastidores

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