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Cine Vinil #05 | Lado B: Por que Odiei Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar

O CONCEITO

Dia vs Noite, TWD vs GOT, DC vs Marvel, BvS vs Guerra Civil, Xbox vs Playstation, Flamengo vs Fluminense, Android vs iOS, McDonalds vs Burger King, Nerd vs Nerd, Fanboy vs Fanboy.

O multiverso nerd é pautado por discussões intermináveis e, geralmente, extremamente redundantes. Mas com toda a certeza a gente adora aquela treta cósmica para provar que um lado é melhor que o outro – mesmo que o único convencido na discussão seja você mesmo. Analisando essa treta tão peculiar, decidimos trazer um pouco desse espírito “saudável” de discussão para o nosso site.

Sejam bem-vindos ao Cine Vinil! Calma, antes de soltar os cães nos comentários, entenda nossa proposta. Os discos de vinil foram um dos itens mais amados para reprodução de arquivos sonoros. Sua grande peculiaridade eram os lados A e B. O lado A era utilizado para gravar os hits comerciais das bandas, músicas mais populares. Enquanto o Lado B era mais voltado para canções experimentais ou mais autorais.

No caso, nos inspiramos pelos lados opostos do mesmo “disco” – de uma mesma obra. Serão dois artigos: o Lado A, que contém a opinião positiva, e o Lado B, com a versão negativa. Os autores, obviamente, serão distintos, e escolherão 5 pontos específicos da obra para justificar seus argumentos.

Explicado o conceito, nós lhes desejamos aquela ótima discussão para defender o seu lado favorito! Quem ganhou? Lado A ou Lado B? Que a treta perfeita comece!

Atenção aos spoilers.

LADO B

Por Matheus Fragata

Potencial Frustrado

Não tenho problemas com franquias que se estendem mais que o necessário. Algumas vezes, podemos ter ótimos surpresas como no caso da loucura divertida que virou Velozes e Furiosos. Porém, infelizmente, falta vigor criativo nesse retorno de Piratas do Caribe. E acredite, potencial havia de sobra. O fato de novamente tudo cercar um Macguffin já dá indícios de que as coisas vão mal. O maior problema reside nessa enorme tentativa da obra querer abraçar o mundo em apenas duas horas de narrativa o que nos leva para o próximo ponto.

Menos é Mais

O roteirista Jeff Nathanson teve que dar nó em pingos d’água para sustentar a narrativa deste Piratas. Além de introduzir e estabelecer a motivação, características fundamentais e o romance dos novos mocinhos: Carina e Henry, se preocupa em estabelecer um arco de decadência profunda para Jack Sparrow que está bêbado além da conta e totalmente viciado. Além disso, há toda a perseguição desnecessária dos ingleses ao grupo de piratas – algo tão sem-graça que rapidamente é retirado de forma arbitrária. E, não satisfeitos, também temos que ter algum desenvolvimento para Barbossa que realmente é interessante, mas o desfecho cai no clichê de um sacrifício que mal sentimos o peso, pois não vemos o desenrolar desse novo lado do carismático vilão. Ah, e obviamente, o vilão Salazar de tremendo potencial e ótima presença em cena, mas que rapidamente vira um personagem de uma nota só recebendo um dos piores desfechos que já vimos na franquia.

Johnny Depp está perdido

O que raios houve com Depp? Antes tão preocupado com a essência de seu personagem, aqui claramente temos o roteiro mais preguiçoso para com o azarado pirata. Sparrow nunca foi o protagonista desses filmes, mas sempre tivera momentos dedicados para desenvolvê-lo e mostrar uma face mais humana do herói carismático. A Vingança de Salazar não tenta nem oferecer isso ao público além de apostar em um conflito que já chegou a exaustão nesses filmes: alguém quer a cabeça de Jack Sparrow através de uma saborosa vingança. Não apenas o roteiro é bem pobre para o personagem, como Depp parece não conseguir criar absolutamente mais nada a ponto de confundir a dicção durante a apresentação de Sparrow nesse filme. Isso é para os espectadores mais atentos e apenas ocorre na versão legendada (imagino) tornando o problema mais grave. Até Sparrow chegar ao seu navio, temos Depp fazendo a voz e os tiques de dicção do Chapeleiro Maluco justamente no seu personagem mais consagrado. O que raios aconteceu aqui?

A Nova Dupla de Diretores Aconteceu

É, respondendo a minha própria pergunta. Nota-se que os noruegueses Ronning e Sandberg não deram conta do recado em sua maior parte – admito que a ação é razoavelmente bem filmada. Os indícios são vários, mas o descontrole na performance de Depp é um dos indícios mais fortes – realmente não custava ter avisado o ator dessa confusão tonal que remove o espectador logo no início do filme (céus, é a apresentação do personagem que estamos falando aqui). Apesar de ser um longa belo e com efeitos visuais excelentes, existe certo desconforto visual por conta da hierarquia de planos muito estranha que os diretores ordenam. As transições pouco naturais entre um núcleo narrativo para outro também são frustradas que só colaboram para esse sentimento inorgânico provocado por uma montagem excessiva. Também é evidente que ambos não conseguem sustentar um diálogo inteiro com uma variedade visual mais interessante, já apostando diretamente em um padrão televisivo bastante datado. Em suma, o refinamento estético passa longe do que Gore Verbinski tinha apresentada na trilogia original.

O Roteiro das Profundezas

Nem mesmo o argumento principal do veterano Terry Rossio se salva nessa. O filme aposta tanto no seguro e em um sentimento nostálgico falho que mais parece um filler requentado para reintroduzir a presença de Davy Jones em um próximo filme. Os bons elementos novos apresentados aqui não recebem o menor tratamento tornando-se absolutamente ridículos: decadência de Sparrow? Paternidade de Barbossa? Conclusão mais criativa para Salazar? O confinamento de Will Turner no Holandês Voador? A origem do Capitão Jack Sparrow? Tantos pontos mais interessantes para serem trabalhos, mas o que recebemos é outro final ruim, uma passagem bizarra de comicidade absurda em uma ilha X, muitas coisas jogadas ao acaso como esse primeiro encontro entre Sparrow e Salazar e também todo o arco dramático de Barbossa – já a sua motivação para entrar na corrida maluca atrás desse Tridente é bastante pífia. Infelizmente, também não faltou preguiça para amarrar muitas das pontas soltas.

Clique AQUI para ler o Lado A

Leia mais sobre Piratas do Caribe

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Publicado por Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema seguindo o sonho de me tornar Diretor de Fotografia. Sou apaixonado por filmes desde que nasci, além de ser fã inveterado do cinema silencioso e do grande mestre Hitchcock. Acredito no cinema contemporâneo, tenho fé em remakes e reboots, aposto em David Fincher e me divirto com as bobagens hollywoodianas.

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