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Crítica | 13 Reasons Why – 1ª Temporada

Confesso que sempre que a Netflix anuncia uma nova série original, fico curiosa para saber mais sobre o assunto e vou correndo pesquisar. E claro que com 13 Reasons Why (Os 13 porquês, em português) não foi nada diferente. Eu li a notícia e como nunca tinha ouvido falar da história resolvi começar a ler o livro, enquanto a série não estreava. E não me arrependi. Porém, quando comecei a assistir a série percebi que ela era mais que uma simples adaptação. Afinal, é algo realmente original aliado com o desenvolvimento necessário, mas sem perder a força da história escrita por Jay Asher.

Na série acompanhamos Clay Jensen, que recebe anonimamente uma caixa com fitas cassetes em sua porta. As sete fitas foram gravadas por Hannah Baker, colega e paixão secreta de Clay, que havia se suicidado a poucas semanas. Nelas Hannah resolve contar os motivos para fazer o que fez, ou na verdade expor os culpados. Treze pessoas irão receber essas fitas e as únicas regras são, escutar e passar para o próximo da lista e Clay não acredita que possa ser culpado.

O roteiro não se limita a narrar a história contada por Hannah nas fitas, e esse sem dúvida é o ponto alto da série. Buscando desenvolver mais os outros personagem, mostra as motivações para cada ação tomada contra Hannah e claro, as reações dos que receberam as fitas enquanto Clay escuta as mesmas. Cada personagem aqui é complexo, assim como na vida real. Com isso o roteiro acaba fechando alguns furos que o livro deixa na história, porém não justifica tudo o que poderia como por exemplo, os motivos da Hannah para a gravação das fitas.

Assuntos Polêmicos

O ponto mais baixo da série também está no roteiro, pois ela se propõe a tratar de assuntos extremamente delicados como bullying, depressão e o próprio suicídio, esse último inclusive quando lemos a sinopse parece ser o foco da série. Mas não é, acredite! O foco principal são os motivos que levam a Hannah a depressão (mesmo sem ao mesmo citar a doença), ou seja, o que as treze pessoas fizeram para ela até que a mesma chegasse ao seu limite. E o problema está exatamente aí, pois não se pode tratar de assuntos pesados e que são tabus como esses e focar apenas no desenvolvimento de um deles.

Outro problema é o ritmo que a série vai perdendo no seu desenrolar e isso prejudica um pouco o envolvimento de quem está assistindo. Logo no início o clima proposto é de suspense, com certa tensão e muita expectativa, já que estávamos ouvindo uma menina morta nas fitas. Contudo, a direção se perde um pouco em manter esse mesmo clima e a série se torna um pouco arrastada, meio lenta. Na questão visual a série não surpreende, mas também não decepciona. O diretor Tom McCarthy guardou na manga alguma a ousadia apenas para algumas cenas mais pesadas, talvez umas três durante a série.

SPOILER

Como por exemplo, em uma das cenas onde Hannah é estuprada por um colega da escola numa jacuzzi. No início a câmera acompanha a mão do agressor pelo corpo de Hannah e nela tentando fugir. Quando o ato em si começa e ela perde completamente o controle da situação, a câmera foca apenas no rosto de Hannah, chocada e sofrendo.

FIM DO SPOILER

Um detalhe importante sobre a parte visual, foi a escolha de cores que o diretor escolheu para diferenciar o passado “com Hanna” e o presente “sem Hanna”. Nos flashbacks as cores são mais quentes e vivas, enquanto que no presente as cores são mais frias. Mostrando que o passado era melhor com a Hanna viva.

Os personagens e suas complexidades

Infelizmente a série tenta quebrar alguns clichês, mas infelizmente acaba caindo em outros também. Por exemplo, o Tony (Christian Navarro) está na série como um confidente de Clay, ou seja, está na história para acompanhar o personagem principal e que o ajuda em sua jornada. Justin é um dos clichês que a Netflix tenta quebrar. Afinal, ele é do grupo dos populares e descolados da escola, mas é filho de uma viciada que não tem dinheiro nem pra comprar material escolar.

Hanna é a personagem mais complexa, como podem imaginar. Por mais que a história seja focada nela, só vamos conhecendo os motivos que levaram a toda a sua confusão até o suicídio. Ela começa a série quase como uma Alice no País das Maravilhas, cheia de sorrisos e sonhos conhecendo o novo mundo, a nova escola. Mas conforme vamos avançando percebemos que todos os motivos que ela cita se tornaram realmente uma bola de neve que foi engolindo ela e os demais envolvidos. O real problema aqui é que a série deixa subentendido que Hanna tem depressão, quase como se quem está assistindo devesse exercitar o olhar critico e identificar os sinais da doença na personagem.

O que com certeza não podemos deixar de lado é a belíssima atuação dos personagens, com destaque para Katherine Langford, Dylan Minnette e Alisha Boe que interpretam Hannah, Clay e Jessica respectivamente. Alguns atores da série, como por exemplo Katherine, são estreantes e realmente se entregaram à produção e mostraram que possuem bastante talento. 

Agora podemos seguir direto para o final da série, que na verdade não finaliza muitas coisas. Na verdade, os últimos episódios vão deixando pistas do que pode acontecer e o final deixa muita coisa no ar. Será que quem deveria foi condenado? Será que os pais da Hannah conseguiram ganhar o processo contra a escola? Ficaram muito serás, porém parece que ao mesmo tempo nada fica em aberto, acredite. O que nos resta saber é se a intensão é realmente deixar esses pontos subentendidos para o público ou se para já encaminhar a história e os personagens para uma segunda temporada. Que inclusive alguns atores e a produtora executiva da série adorariam que tivesse, segundo entrevistas.

Não tem como negar que a Netflix conseguiu mais uma vez, apesar dos problemas. A série 13 Reasons Why se tornou importante desde o seu lançamento não só pela belíssima produção, mas pelos temas polêmicos e extremamente necessários que estão gerando diversas discussões.

13 Reasons Why – 1ª Temporada (Idem, EUA – 2017)

Criado por: Brian Yorkey
Direção: Tom McCarthy, Kyle Patrick Alvarez, Gregg Araki, Carl Franklin, Jessica Yu, Helen Shaver
Roteiro: Elizabeth Benjamin, Diana Son, Thomas Higgins, Nathan Jackson, Nathan Louis Jackson, Kirk A. Moore, Nic Sheff, Hayley Tyler
Elenco: Katherine Langford, Dylan Minnette, Christian Navarro, Justin Prentice, Miles Heizer, Devin Druid, Alisha Boe, Brandon Flynn, Ross Butler, Michele Selene Ang, Kate Walsh, Derek Luke, Amy Hargreaves

Emissora: Netflix
Duração: 50 min (cada episódio)

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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