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Crítica | As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme – Uma Sonolenta Aventura de super-herói

A maioria das animações lançadas nos últimos anos tendem a trazer mensagens positivas de superação e aceitação, e quase sempre são feitas de forma a entreter e divertir a quem assiste. Não é diferente com o novo As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme uma animação, que provavelmente não tenha a atenção de parcela do público infantil, que é o foco da produção.

Crianças e adolescentes geralmente assistem a esse tipo de filme esperando se alegrar e dar risada, mas o filme é tão frio nessas situações que provavelmente não consiga o tempo delas. Entre Pica-Pau e Capitão Cueca é quase certo que vão escolher a primeira opção por ser um personagem icônico e já conhecido do grande público. O que não é o caso da animação da DreamWorks, mesmo sendo famoso não é lembrado por todos.

A história foi Inspirada na série de livros do autor Dav Pilkey, que criou os desenhos justamente quando frequentava o ensino fundamental. Logo fez fama com a publicação e acabou produzindo vários livros, que serviram de ponto de partida para esse longa. É uma reprodução fiel da obra, desde a concepção da origem do personagem até a inserção dos dois garotos na trama. 

George & Harold são dois amigos que se conheceram há algum tempo no colégio e desde então não se desgrudam um do outro. Vivem fazendo brincadeiras de todos os tipos no colégio , e isso deixa o diretor Krupp enfurecido. Ele é totalmente contrário a diversão dos garotos e faz de tudo para que a escola tenha uma grade rígida contra brincadeiras. Até que toma a decisão de castigá-los e separá-los os colocando em sala diferente. Tudo para evitar que continuem fazendo gracinhas e fujam da cartilha rigorosa da instituição.   

A ideia é criticar o colégio e o jeito como o diretor cuida de lá, quase como um ditador, não permitindo que pintem, desenhem ou qualquer outro exercício que seja lúdico. Há até uma cena parecidíssima com o clipe da banda inglesa Pink Floyd “Another Brick in The Wall“, em que as crianças andam de cabeça para baixo sem desejo ou vontade alguma. Todo esse rigor  é simbolizado na imagem do diretor, que parece ser o personagem principal.

Como diretor é bravo, sem vida social, nem amigos. Os garotos usam um anel de salgadinho nele que não teria nenhum efeito prático, mas acontece o contrário e ele acaba se tornando o super-herói Capitão Cueca. Os garotos sempre quando estavam juntos desenhavam a hq do capitão cueca e sempre ficavam imaginando como seria se ele se tornasse realidade. Esse herói se torna alegre, feliz e totalmente sem noção das coisas que faz. Para voltar a ser o diretor basta jogar água em seu rosto e para voltar a ser o capitão cueca é só estalar os dedos. Assim os dois acabam controlando o diretor. 

Por ser uma produção infantil o surrealismo está bastante presente criando certas situações cômicas que não fogem do lugar-comum. Algumas pontas ficam soltas como de onde teria saído o tal anel e que poderes ele teria para transformar o diretor em capitão cueca ou porque ele era tão rigoroso com as crianças. É um personagem que não foi tão bem desenvolvido quanto os garotos, mesmo sendo vendido como o personagem principal. Trabalham bem o ambiente de trabalho dele, mas não fazem ele interagir com ele como Toy Story faz ao fazer os brinquedos descobrirem a casa em que vivem. 

Como todo filme de super-herói tem um vilão também. E claro que ele seria o o professor louco de ciências, que deseja abolir a risada de todas as crianças da escola. Aqui se aprofundam na questão da diversão em um lugar que não há espaço para isso, e que um lugar reprimido vive sem cor nem vida. Não vão a fundo nisso, apenas apresentam os fatos e vão indo adiante sem  voltar a discutir a questão. Há passagens que mostram que o colégio com liberdade tem um ambiente mais alegre e livre. 

O CGI empregado é muito competente e bem feito, indo de encontro com o que a DreamWorks costuma fazer em suas animações. A qualidade é tão boa que isso que não faz que a você perca o foco com a história, que é bastante chata e sonolenta. O andamento da narrativa é o mais problemático aqui, ficam nisso de como fazer para se divertir na escola e não apresentam nada de novo. É a mesma coisa o filme inteiro, até por isso inserem o vilão para ver se acontece algo de diferente.

Os personagens são caricatos e com formas mais humanas e expressivas que a de outras produções lançadas esse ano. Há certa simplicidade nos traços e não vão além do suficiente para caracterizar os personagens. Falta emoção e humor, e em alguns momentos as situações em que estão presentes soam falsas e bastante irritantes. Difícil chegar ao final sem quase cochilar de tão bobo que fica.

O que deixa o filme mais chato do que já é são os personagens. George e Harold são duas crianças mimadas que ficam causando em sala de aula, e sem motivação alguma criam um super-heróis apenas para continuar bagunçando em sala de aula. Havia espaço para uma presença feminina que não existe, também poderiam ter aproveitado melhor o personagem de Melvin e criado nela a imagem de vilão, sem precisar colocar o professor na história. 

As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme (Captain Underpants: The First Epic Movie, EUA – 2017)

Direção: David Soren
Roteiro: Dav Pilkey, Nicholas Stoller
Elenco (Voz): Kevin Hart, Thomas Middleditch, Brianni Walker, Brian Posehn, Chris Miller, Ed Helms, Jordan Peele, Tifanny Lauren
Gênero: animação
Duração: 90 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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