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Crítica | Batman: A Piada Mortal

Deixe-me propor um desafio para você, leitor. Tente, por mais de 1 minuto, olhar para a capa da graphic novel da qual aqui escrevo, seja a do seu exemplar ou da imagem acima bem renderizada e ampliada no Google, observando todos os detalhes e cores enquanto pensa a respeito de tudo o que sabe sobre o vilão e fique indiferente. Não conseguiu, certo? Isso é porque Alan Moore e Brian Bolland são gênios e vamos descobrir o motivo abaixo.

A HQ se inicia com quadros de poças d’água formadas pela chuva, com o Batmóvel se aproximando passando por cima delas, interrompendo seu ciclo natural de acumulação de gotas e a ordem ali estabelecida, vemos que o Batman foi para um asilo fazer uma visita a um dos internos. Interessante notar uma plaquinha na mesa da administração com os dizeres “você não precisa ser louco para trabalhar aqui – mas isso ajuda!”. Temos um vislumbre de Harvey Dent com a devida placa de identificação em sua cela e partimos para outra cela de um personagem que todos conhecem mas que não sabem de seu verdadeiro nome, o Coringa. Na mesma placa consta-se “identidade desconhecida”.

Batman entra nessa cela escura e encontra alguém jogando com as cartas. Ele diz que veio conversar a respeito de sua relação com ele, sobre o que vai acontecer com os dois no fim. Vão matar um ao outro? Batman alega que apenas gostaria de estar certo de ter tentado realmente mudar as coisas entre eles, só uma vez. A primeira decepção do Morcego nessa história, acontece. Não é o Coringa presente ali, é um farsante, o Coringa fugiu. A tentativa de diálogo foi inútil. As sombras que ocultavam o rosto de ambos os personagens não se encontram mais presentes.

Desde o início já somos levados a crer que a ordem será interrompida e ninguém melhor do que o Coringa para isso. O fato do herói ir procurar o vilão demonstra o cansaço do Morcego após todos esses anos de embate e revela um lado mais humano do personagem que busca um fiapo de nuance de que o vilão poderia vir a melhorar. Em todos esses anos de história que li do herói, algo ficou bem claro para mim em relação a esses dois: ambos se admiram. Um tenta puxar o outro para o seu lado. Aqui, isso é comprovado. O Batman reconhece a inteligência e o potencial do Coringa e tenta convertê-lo, ele se enxerga nele com o reflexo invertido, por isso a decepção comentada acima é tão forte e determinante para o que virá. 

Na página seguinte, o jogo de sombras desaparece para dar lugar a cores mais vivas e vibrantes. É mostrado o Coringa feliz numa negociação de um parque abandonado. É de conhecimento geral que um parque é um local alegre, festivo, colorido, com shows e eventos, uma receita para a diversão e exercício do lazer. Um parque abandonado espalhafatoso, feio e com brinquedos que poderiam facilmente machucar uma criança é essa imagem invertida.

Surpreendentemente, a próxima página nos mostra pela primeira vez na história dos quadrinhos, flashbacks da vida pregressa do famoso vilão. Com cores mortas, um homem chega em casa decepcionado com sua performance numa exibição teste de piadas e desabafa com sua mulher, está extremamente amorosa e atenciosa, logo mais tendo um ataque de raiva. Nesses quadros descobrimos algumas coisas: já podemos identificar ali um homem volúvel, porém religioso e de valores que se preocupa com sua esposa e com seu vindouro filho, e que nega com todas as forças que esses preceitos são uma grande piada. As únicas cores não mortas na página são o vermelho (da comida na mesa, camarão ou qualquer outro fruto do mar?) e o laranja da luz que não cumpre a sua função para o leitor visto que os feixos desta não fazem efeito nos objetos apáticos do quadro. 

Próxima página e vemos o protagonista continuar a se lamentar enquanto percebemos o grande afeto que sua mulher sente por ele (independentemente de estar ou não empregado). A sra. Burkis aparece colorida quando a esposa faz um comentário esperançoso a respeito de sua pessoa. Terminamos essa passagem do flashback com ela comentando que seu marido sabe fazê-la rir. Nesse quadro em específico o homem aparece sorrindo e percebemos isso através do reflexo no espelho enquanto aproxima sua mão a sua mulher, no quadro seguinte percebemos o reflexo do Coringa com a expressão inversa aproximando sua mão de um brinquedo quebrado de um palhaço sorridente. Genial, não? Em seguida, vemos o vilão fritar o negociante com seu velho truque do “aperta aqui” em dos brinquedos deixando-o branco, com os olhos esbugalhados e um sorriso.

Aqui, Moore nos faz criar expectativas para o que está por vir em ambos os lapsos temporais. Porque Coringa comprou um parque? Como o homem irá se transformar no Coringa? É incrível como o flashback é inserido no momento exato de contraste. Prestes a dar início a um plano nefasto, temos um vislumbre de como tudo começou, de quem era aquele indivíduo despertando imediatamente a extrema curiosidade do leitor que já se encontra imerso.

Acompanhamos uma investigação do Batman na Batcaverna a respeito do Coringa e um interessante diálogo com Alfred sobre como ser possível duas pessoas desconhecidas se odiarem tanto. Ainda mais depois de terem se encontrado várias vezes.

Mas nada poderia preparar o leitor para os quadros seguintes, que não somente marcariam para sempre a história da trajetória do Batman nos quadrinhos como toda a história do ramo. Gordon e sua filha Barbara (com as cores mais fortes da página) estão conversando enquanto se mostra enfezado por todas as vezes que o Coringa escapa tendo sido preso. Ele, como homem religioso, pede a Deus que nada de ruim aconteça. A campainha toca. Gordon revive as memórias da primeira vez que o Batman e o homem que viria a se tornar o Coringa se encontraram.

Barbara complementa dizendo que ficou com medo quando era criança após o pai o descrevê-lo, gerando pesadelos. Atendendo a porta, o Coringa, com um sorriso, uma vestimenta despojada, uma arma apontada, aparece. Um quadro é dedicado ao rosto horrorizado de Barbara. Após um tiro na espinha, Barbara cai na mesa de vidro. Gordon não sabe como reagir e o Coringa sabe exatamente como, achando graça da situação contando suas infames piadas. Ela, agonizando, pergunta o motivo do palhaço estar fazendo aquilo e obtém como resposta um simples “para provar uma coisa”, “saúde ao crime”.

Voltamos aos flashbacks e vemos o quão o homem foi fraco ao planejar em companhia de mais dois sujeitos, um assalto frente a situação lamentável da qual se encontrava. Descobrimos também que o homem era assistente de laboratório, trabalho do qual ele mesmo descreve como “muito bom”, julgando como errada a decisão de tentar ser comediante vulgo a falta de talento que lhe rendeu fracasso, este que o levou a decisão de topar fazer parte de um ato criminoso. Os valores do personagem ainda são visíveis. Os dois sujeitos necessitam da ajuda do homem para visitarem a fábrica de baralhos através da indústria química em que ele trabalhou como assistente e lhes dão um capuz vermelho para ser usado como disfarce durante o ato.

Se algo desse errado, o notório criminoso Red Hood seria culpado. O homem parece receoso, mas os sujeitos o pressionam ainda mais fazendo-o ceder de vez enquanto profere palavras otimistas sobre seu futuro. Fora o capuz, a única coisa que aparece colorida nessas duas páginas de flashbacks é a comida na mesa dos três, certamente camarão (a mesma presente no flashback anterior?), que fecha a página por sinal ao tempo que o personagem conclui que “nada será como antes… nunca mais! ”, olhando fixamente para a comida. Simbólico.

Certamente quem leu a graphic sem saber que isto iria acontecer, tomou um choque. E não é para menos. O tiro foi tão marcante e decisivo que, mesmo sendo uma obra isolada da cronologia oficial, o evento foi incorporado à ela permitindo a atuação da Oráculo no Universo DC. Virou canônico. O game Batman Arkham Knight já se aproveitou dessa situação para recriar a icônica cena em uma das passagens da campanha e há fortes indícios do evento ser adaptado no Universo Cinematográfico da DC também, a começar pelo Coringa fortemente inspirado na versão aqui presente.

Batman, no hospital, ouve do doutor que as pernas de Barbara foram inutilizadas e que ela passará o resto da vida numa cadeira de rodas, por seguinte, descobre que ela fora encontrada despida pela amiga e tem ciência de umas fotos tiradas pelo vilão. Em sua segunda decepção, amassa uma carta de baralho (um coringa) e pede para ficar a sós com Barbara. Ela acorda em pânico insinuando que fora estuprada (isso realmente fica implícito na história) ao afirmar que o palhaço passou dos limites dessa vez.

Gordon, que havia sido capturado, é despido no parque do Coringa por pequenos homens fantasiados que o tratam como animal na coleira e o levam até o vilão. No trajeto, ele comenta estar vivendo um pesadelo (a última coisa que Barbara disse ter tido antes de abrir a porta para o vilão). “O que estou fazendo aqui? ” diz Gordon, “está ficando louco” responde o Coringa. Um excelente diálogo sobre o passado e a memória acontece após Gordon dizer que se recorda do ocorrido a pouco com Barbara, com o palhaço afirmando ser perigoso se lembrar das coisas, que o passado é um lugar cheio de ansiedade, o pretérito imperfeito, que memórias são traiçoeiras, vis, repulsivas e brutais e podem revelar tanto coisas boas como sombrias, escuras e frias (trazendo a tona coisas que melhor seriam se fossem esquecidas) e conclui dizendo que não podemos viver sem elas visto que a razão se sustenta nelas.

Sendo a negação do passado, também a negação da razão. Porém, ele também diz que ninguém nos obriga a ser racionais, afirmando que não existe cláusula de sanidade. Se referindo ao brinquedo que Gordon está prestes a entrar, o vilão pede que quando ele estiver dentro de um desagradável trem de recordações, seguindo para lugares do seu passado onde o riso é insuportável, para se lembrar da loucura, que ela é a saída de emergência (assim como foi para ele), que ela o libertaria do passado sombrio que ficaria preso dentro das portas do brinquedo, para sempre.

Em outro flashback, dois policiais entram no estabelecimento que se encontra o homem, que por sua vez diz aos parceiros de crime que mentiu para sua esposa. Os policiais se aproximam e o chamam para fora dando a notícia do falecimento de sua esposa por um acidente doméstico por curto-circuito testando um aquecedor de mamadeiras (será que se o homem estivesse em casa isso teria acontecido?). Ele, arrasado e com a memória de mentir como último ato para ela, conta a notícia aos parceiros que alegam sentir muito, mas não aceitam sua desistência do esquema planejado para aquela noite, obrigando-o a ceder novamente. Nada nessas duas páginas de flashback recebe a coloração mais viva (fora o letreiro do estabelecimento), ou seja, nada de luz, nada da comida vermelha, nada é como um dia foi.

Interessante notar que logo após Gordon entrar no brinquedo, ato que supostamente iria ser o ponto de virada do personagem, somos brindados com o flashback do ponto de virada do vilão que perde toda sua motivação quando descobre que não há nada mais para pelo que lutar ao receber a notícia de sua esposa. Moore constrói um personagem carregado de tragédias mostrando como futuramente a criação delas seria seu maior objetivo enquanto Bolland sintetiza tudo em um dos melhores jogos de cores em uma HQ do Morcego.

Voltamos para Gordon no brinquedo. Enquanto Coringa canta uma canção sobre rir diante da tragédia, algo que ele não fez ao receber a notícia de sua esposa, Gordon observa imagens de sua filha (aqui novamente é insinuado o estupro) nua em um telão agonizando forçando o comissário a gritar seu nome enquanto se desespera. O vilão finaliza a canção com os dizeres “como é bom ser louco”, indicando seu prazer em sentir graça do caos ao contrário dos sãos.

Batman, furioso, investiga o paradeiro do Coringa até tomar ciência do parque, partindo para o local. Gordon atravessa as portas ao final do passeio do brinquedo, estas que supostamente trancariam o passado, enquanto Coringa espera que ele saia libertado, louco. Decepcionado ao ver o comissário calado ele manda seus capangas o colocarem na jaula para refletir sobre a vida e toda sua injustiça, para dar tempo a loucura.

Retornamos aos últimos flashbacks. O homem se lamenta por sua esposa mas veste o capuz e a capa vermelhos dados por seus parceiros para iniciar o ato criminoso. Um segurança observa os invasores e chama reforços causando a morte dos dois sujeitos durante um tiroteio. O homem tenta fugir, mas Batman chega (ainda iniciante pela reação dos policiais) e fica frente a frente pensando ser o Capuz verdadeiro. Em desespero, ele fala consigo e questiona o que fez para merecer tal punição da vida e avisa ao Batman que se ele se aproximar, iria pular do local alto de onde estava.

Dito e feito, cai num local de despejamento de ácido causando coceiras e ardência e observa o efeito na nova coloração branca de sua pele (que também modificou a cor de sua vestimenta e de seu cabelo) e simplesmente enlouquece começando a rir incansavelmente, algo que não havíamos visto ele fazer antes. Ali, o homem se torna o Coringa e pela primeira vez podemos observar a totalidade de expressões no último quadro do flashback que foca em seu rosto. Não há mais somente a cor vermelha do capuz nos quadros, e sim a cor verde, roxa e o vermelho de seus lábios e olhos. O homem não está mais morto, já que para ele, a loucura o fez se sentir vivo como as cores.

Pronto, o dano está feito e o vilão existe. A personificação do caos em uma arte de risada. E como esse último flashback acontece logo após Gordon sair do brinquedo, nada melhor do que encerrar o arco do passado mostrando que as somas de todas as tragédias não se anulam, criam o caos. Mas não para o comissário, que sai tão são quanto entrou. Notaram a circularidade?

Voltamos ao parque em mais um diálogo simbólico. Coringa encena uma apresentação aos seus capangas de Gordon enjaulado como um animal de atração o descrevendo como um raro e trágico mistério da natureza, o homem comum fisicamente ridículo, com valores deturpados, repugnante senso de humanidade, disforme consciência social e asqueroso otimismo, com frágeis e inúteis noções de ordem e sanidade e que submetido a muita pressão, ele quebra. O vilão, aqui, também se refere ao seu antigo “eu”, insultando sua versão normal mostrando que ainda está preso ao passado e sente raiva disso. Note como cada característica vem acompanhada de um adjetivo depreciativo. Ele quebrou por ser submetido a pressão e quer ver o mesmo acontecer com Gordon. Batman chega, repetindo o diálogo do início da graphic novel no asilo, obrigando o palhaço a fugir para dentro de um brinquedo.

O comissário, liberto por seu amigo, conta que o vilão o tentou deixar louco mostrando as fotos e pede para que ele vá atrás dele e o prenda, pela lei, mostrando a ele que o jeito deles funciona. Lembram que Gordon antes de Barbara ser alvejada com a bala se irrita ao dizer que toda as vezes que o Coringa é preso, ele escapa? Pois é, aqui vale um interessante estudo de personagem para Gordon que mostra que além de não ter perdido sua sanidade, quer ver o vilão preso mais uma vez e não morto. Batman persegue o palhaço que revela que plantou a pista para sua localização no parque e queria que o morcego estivesse presente para ver sua teoria sendo provada, que não há diferença entre ele e outro qualquer, que só é preciso um dia ruim para reduzir o mais são dos homens a um lunático.

Um dia é a distância. Coringa comenta que Batman também teve um dia ruim (o dia da morte de seus pais), afirmando que este dia também o deixou louco (o que não deixa de ser verdade), e ele não quer admitir. Concluindo que foi por causa de um dia assim (que também causou a loucura do Duas Caras, o criminoso com nome do início) que ele sucumbiu a loucura quando viu que o mundo era uma piada de mau gosto. Vale salientar que ele negou isso durante o primeiro flashback. Trazendo também uma interessante colocação a respeito do início da Última Grande Guerra e pergunta por que o morcego não vê o lado engraçado de toda essa piada da vida e ri?

Batman surge quebrando um vidro por trás e responde dizendo que já ouviu isso antes e não fora engraçado na primeira vez, empurrando o vilão e revelando que o comissário continua são apesar das brincadeiras doentias escancarando que a fraqueza foi do vilão ao afirmar que pessoas comuns não se quebram à toa e que não precisamos ficar caídos no chão só porque levamos um tombo. Uma luta física acontece e termina com o Morcego jogando o palhaço para fora do brinquedo. Vimos que voltou a chover e no chão, o vilão aponta a mesma arma que havia sido usada para atirar em Barbara e observamos um quadro focando na reação de Batman (assim como houve com ela). Ao ver que a arma está sem balas, o palhaço indaga porque Batman não o leva para o inferno de uma vez por todas após seus feitos. O Morcego responde que porque não é isso que ele quer e está cumprindo a lei (como pediu Gordon) e não deseja machucá-lo e nem que um mate o outro no fim, alertando que as alternativas estão se esgotando e que a noite é decisiva, oferecendo ajuda e dizendo compreender o dia ruim que o palhaço teve, prometendo reabilitação, companhia e até um trabalho em equipe. Concluindo, ele pergunta o que o palhaço acha da ideia.

Coringa começa a rir dizendo ser tarde demais e conta uma piada a respeito da fuga de dois loucos e um facho de luz (ótima, por sinal), começando a rir incansavelmente. Batman, tendo tido sua terceira decepção com o vilão mostrando que todo seu diálogo fora inútil, também começa a rir em um quadro, aumentando em escala no próximo e agarrando seu pescoço. Os risos vão parando, até terminarem em dois quadros parecidíssimos com os dois iniciais da HQ, em que são observadas poças d’água, com o penúltimo iluminado pelos faróis de viaturas se aproximando e o último com poças sem iluminação, dando a entender que o corpo do palhaço caiu se posicionando na frente dos fachos. Batman matou o Coringa. Ele cedeu à pressão e não foi tão forte quanto Gordon. Não vejo outra interpretação ao fim da história se não esta. Do contrário todo peso da mensagem ao final se esvai.

Batman, aqui nesta HQ, não surge como o símbolo de heroísmo ou conversão. O comissário continuava são, mas não o Coringa. Após a tentativa de diálogo fracassar, o Morcego mostra que nem todos podem ser salvos, inclusive ele que se rende ao jogo da risada e do assassinato, provando de uma vez por todas que as tragédias afetam heróis a ponto de quebrarem suas próprias linhas impostas por si. Moore entende não somente os heróis em geral, mas a humanidade por trás deles, de seus nêmesis e de seus coadjuvantes. Bolland complementando a grande circularidade da arte fecha a história da melhor maneira possível com as luzes nas poças mais escuras do que as azuladas no início.

Fiquei pensando em como encerrar esse texto após essa crítica-estudo da HQ e concluí que não posso de outra maneira se não circular como fora o início e o fim da história aqui analisada. Alan Moore se mostrou um gênio pelo excepcional estudo de personagens e pela invejável elaboração de diálogos reflexivos e Brian Bolland o mesmo pelo uso correto das cores mortas e vivas que exaltam profundos significados nas entrelinhas (juntamente com o colorista John Higgins na versão original – na de luxo, a autoria também é de Bolland). A montagem é digna de aplausos, visto que os flashbacks de maneira alguma atropelam a narrativa ou passam a impressão de terem sido inseridos no momento errado, sempre fortemente complementando com a história do presente, que também possui uma fluida alteração de focos entre Batman-Coringa até a convergência dos arcos ao final. “A Piada Mortal” é a piada e a HQ definitiva do maior vilão da história do entretenimento.

Uma obra-prima que merece ser lida, estudada e cultuada. E lembre-se: não é o mundo que é uma piada, então se tombar, se levante. Caso contrário, the joke’s on you.

Redação Bastidores

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