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Crítica com Spoilers | It: A Coisa – Quando os Goonies conheceram a Hora do Pesadelo

Com Spoilers

Quando tiramos tempo e paramos para analisar a extensa carreira, particularmente no cinema, de um autor como Stephen King, é até embasbacante reparar o extenso número de adaptações, releituras, filmes e séries que sofreram grande influência de sua obra. Isso desde seus primórdios nos anos 70, aos dias de hoje, e não há de cessar por muitos anos a fio. É uma repercussão impressionante de uma fonte de inspirações e influências, que ouso dizer que talvez nem o próprio William Shakeaspeare tenha tido até hoje. É sua arte, seu legado que ele presenteou ao mundo em seus grandes clássicos literários para tantas outras mentes em busca da criação e originalidade.

Histórias sobre pessoas como nós enfrentando forças e poderes violentos e opressores, que muitas vezes ultrapassam a própria realidade, e despertam os sentimentos de angústia e ânsia dolorosa para vencer sobre estes. Mas isso não passa de um mero resumo de uma obra que está aberta a tantas interpretações de seus inúmeros fãs. O ponto principal de análise aqui é o recentíssimo It: A Coisa, a nova adaptação do célebre clássico de Stephen King, que talvez seja um lembrete digno de seu legado como autor e influente no cinema em grande forma! E como chega a isso? Vejamos:

Basta termos a noção de que quando você está lidando com It, você está tratando com o talvez mais amado dos livros de King. Não diria necessariamente o seu melhor (A Dança da Morte ainda mantém esse status em minha opinião), mas o mais mencionado, referenciado e aclamado entre seus fãs. Mesmo com suas certas bizarrices e poucas incoerências narrativas aqui e ali, é o livro com a perfeita cara de Stephen King. Tudo que o define em sua marca autoral está resumido no fantástico calhamaço de mil páginas que é It.

Não só o terror e o macabro fantasioso que ele sempre invoca, que estão perfeitamente caracterizados na figura icônica de Pennywise, mas também as questões existenciais; as encarnações dos medos; os sentimentos em turbulência de seus personagens perdidos em seus universos e se vendo ter que enfrentar a encarnação do mal que os assola para sobreviver. A luta contra forças maiores que eles mesmos, para no final assim, talvez, encontrar o seu lugar nesse mundo. E é desse ponto que o filme de Andy Muschietti procura partir e consegue cumprir essa tão rica proposta.

Afinal, não é exagero nenhum vir dizer, ou melhor, atestar que esse não é um filme que se preocupa (em boa parte do tempo) em ser um filme de terror. Ele é uma aventura, humorada e dramática, de seus jovens personagens e na sua luta contra o mal. Quer mais Stephen King que isso? Ok, claro, só adicione aí um maníaco com problemas psicológicos e que possuí uma arma letal; alguns personagens nojentos bizarros e misteriosos, todos com ar de duas caras; uma cidadezinha pacata sendo afetada com terríveis eventos; violência sanguinária sem pudor algum tanto com adultos ou crianças; uma história sobre amadurecimento e amizade, entre outras coisas; aí você terá todos os elementos Stephen Kingianos juntos em um só filme. Pera, mas tem tudo isso aqui! Hmmm

E sim, Muschietti se mostra um claro fã geek de Stephen King ao lado do trio de talentosos roteiristas (Chase Palmer, Gary Dauberman e Cary Fukanaga) que o acompanham. A construção da sensação nostálgica da obra é sentida logo de início. Seu filme começa em um ambiente caloroso e confortante, a casa de Bill (Jaeden Lieberher) e Georgie, ao singelo som falso diegético de piano tocando ao fundo. Isso é King em sua melhor forma: apresentar o público ao ambiente do desenrolar da história, um lugar confortável e belo, instigando sua atenção a procurar e desvendar esse universo, só pra depois mostrar suas facetas sombrias e violentas. Isso tudo toma forma na ótima introdução do filme, na FANTÁSTICA apresentação de Pennywise (Bill Skasgård) e a brutal morte de Georgie com seu braço comido fora (como eu disse, sem pudor algum). Uma breve e memorável sequência que de cara revela todos os pontos fortes, e também os mais fracos, do filme que estamos prestes a assistir.

(Aliás, repararam na pequena metalinguagem dada nessa cena? Quando Georgie diz que “Bill vai mata-lo” se ele perder o barco. Pennywise é interpretado por um Bill… Isso é mais assustador que a história do Pennywise matar a cada 27 anos e o filme ser feito 27 anos depois da minissérie).

The Losers’ Club

Não entendam mal, It é um filme excelente como um todo, que melhora cada vez mais conforme você pensa nele, e é capaz sim de ficar um bom tempo com você caso se deixe se investir pelo rico universo que apresenta. Mas, como sempre, o hype é o colírio que cega da qualidade aos olhos dos mais exigentes ou ignorantes. É bem fácil encarar It como um filme de terror genérico, seu elo mais fraco (em partes) deveras, mas também ignorar sua real proposta de ser esse verdadeiro drama sobre seus riquíssimos jovens personagens, o grande triunfo de It, tanto no filme como no livro! Talvez já podemos considerar que esse se trata de uma perfeita tradução e adaptação do mesmo, ainda que tome pequenas (e inteligentes) liberdades aqui e ali. Em sua essência, é Stephen King de cabo a rabo!

É uma verdadeira piada o que tenho ouvido de alguns sobre It – A Coisa ser uma cópia derivada do sucesso de uma série que todos amam e conhecem, Stranger Things, sendo que é o absoluto contrário! Stranger Things é, assim como It, produtos de ouro inspirados no melhor do vasto leque pop e cultural que Stephen King presenteou ao mundo e que continua inspirando gerações atrás de gerações até hoje. Esse, com certeza, é um dos principais motivos pelo filme estar encantando a tantos, o resgate perfeito de vários desses elementos tão nostálgicos. A começar pelos já quase clássicos, The Loser’s Club, ou o Clube de Perdedores, o cerne e estrutura de todo o filme.

As crianças são soberbas, ponto, nada mais a declarar. Não só os jovens atores se mostram como verdadeiros achados e são habilmente dirigidos por Muschietti, que traz o melhor de cada um em cena, como também são muito beneficiados pelo roteiro. Com a narrativa acertando em cheio na construção individual de cada um e na dinâmica do grupo, uns mais que os outros claro, mas o bastante para nos fazer conhecer cada um e simpatizar com todos. E na hora do showdown, se morder de ansiedade preocupado com cada um (também com uns mais que outros).

A influência disso vem, claro, do próprio livro que também despertava esse espírito da infância e da forte amizade e camaradagem entre o grupo, como também de outra amada obra de King, Conta Comigo, novamente tanto o livro quanto filme. Não só pelo encantador fato deles falarem como crianças normais, cheias de palavrão e conotações sexuais (sim, muitas crianças se comunicam assim caros papais e mamães), perfeitamente representado no personagem de Richie do ÓTIMO Finn Wolfhard, personagem que compartilha de várias semelhanças com o Teddy Duchamp de Conta Comigo, tanto por ambos usarem óculos e terem as línguas sujas e afiadas. Mas também no que se refere à composição dos seus personagens, na turbulência da infância e vida que eles enfrentam e os atormenta aterrorizantemente muito mais do que um palhaço monstrengo que come crianças.

Onde se é construído, em cada um, essas alegorias temáticas tão ricas e relacionáveis na composição psicológica e característica de cada personagem. O abuso de Beverly (Sophia Lillis); a solidão de Ben (Jeremy Ray Taylor); o aprisionamento manipulativo de Eddie (Jack Dylan Grazer); a perseguição (racial?!) de Mike (Chosen Jacobs); o medo do fracasso de Stanley (Wyatt Oleff); o medo da morte e desaparecimento de Richie; e o sentimento de abandono e desinteresse de Barry para o que aconteceu com o desaparecimento de Georgie e das outras crianças. Não só eles como o próprio Henry Bowers, o bully psicótico de Nicholas Hamilton que levanta temas óbvios de abuso e violência física e psicológica. Todos eles afetados por pais abusadores, neuróticos e onipresentes na vida dessas crianças, que moldaram aquilo que eles são.

É admirável a maturidade com que o roteiro consegue lidar com isso tudo sem nenhuma forma de embasamento, ainda mais se lidando com crianças. Não há um dos pais ou dos mais velhos que se salva, todos parecem tipos de monstros bizarros caricatos (mas sem exageros) ao olhar das crianças, e nem o próprio bully tem uma salvação. Ele é tanto um produto do mal causado por esse universo que busca destruir as crianças. Ainda assim eles nunca se mostram páreos aos corações e a pureza de seus protagonistas, que encontram na amizade e união a força que precisam para derrotar esse mal, a principal fraqueza do vilão.

Acredito que muito dessa textura alegórica criada em volta do grupo com certeza vem do toque inicial de Fukunaga em cima da história. Não querendo desmerecer o trabalho de Dauberman ou Palmer, claro, mas conhecendo o curto currículo do diretor até agora com os ótimos Jane Eyre, Sin Nombre e principalmente Beasts of No Nation, nota-se um pouco de sua marca aqui. Não só em respeito à lidar com as crianças de forma adulta, como também dar o tempo, bem calmo e lento, mas NUNCA cansativo, em moldar o relacionamento dos personagens de forma simplesmente perfeita. Talvez Stanley seja o que mais fique sobrando dentro do grupo em comparação às diversas ações que os outros tomam, mas a câmera de Muschietti cumpre seu trabalho de mostrar o papel fundamental de cada um na narrativa. E são nesses, e outros momentos, que sua direção brilha!

O Terror

O jovem argentino apadrinhado de Guillermo Del Toro finalmente consegue mostrar aqui seu grande talento em crescimento. Não que eu ache seu primeiro longa Mama um filme ruim, bem longe disso, mas lá mesmo com ele buscando evocar uma vibe de fantasia gótica, com clara influência de seu amado padrinho, o filme infelizmente caía em certos irritantes maneirismos de filmes de terror atuais. Aqui por outro lado parece um estranho misto. De um lado encontramos o diretor dando vida a essa história com uma aura fantasiosa e aventuresca, que ainda lembra em momentos os toques de Del Toro, mas que se personifica bastante melhor como uma aventura Spielbergiana, e lidando de forma tão rica e quase contemplativa o drama íntimo dos personagens. Mas do outro encontramos o diretor lidando com o “terror” do filme inicialmente de forma bem genérica eu diria.

E volto para aquilo que eu disse no início de como a intro do filme já revelava o melhor e o pior do filme. Quando o filme está focado nos personagens, como quando vemos Bill e Georgie trocando singelos diálogos entre irmãos, o filme flui de forma perfeita. Mas quando estamos com algum dos personagens sozinhos sendo assombrados pela encarnação de seus medos, como quando Georgie desce ao porão escuro sozinho (sim eu sei, outra dessas cenas. Pelo menos só há uma aqui) e vemos a tensão crescente se finalizando em um falso susto, vemos o elo fraco do filme. Mas tudo parece voltar ao normal quando o icônico palhaço aparece em cena, mas mais sobre ele depois.

E isso infelizmente se repete mais de uma vez no filme nas cenas quando vemos os personagens sendo introduzidos ao terror que os assola. Com direito à sons altos aguniantes pra criar tensão; altos estrondos de repercussão quando a figura monstruosa ataca; e alguns chatos jump scares. Exceto dois que funcionam muito bem, um deles envolvendo um retroprojetor que é simplesmente aterrorizante. Mas algumas coisas assim despontadas que já estamos cansados de ver repetidas vezes até hoje no gênero e que quase torna o filme cansativo nesses momentos iniciais.

Porém, e felizmente, não tudo de terror que o filme tem a entregar se resume a isso, e consegue garantir alguns ótimos momentos aqui! De todas as sequências onde os personagens são introduzidos ao mal que os cerca em forma de alguma assombração que lhes mete medo, quase como o bicho papão de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, a melhor disparada é a de Beverly (personagem esta que talvez seja gracejada com os melhores momentos do filme além de Pennywise). Com direito à vermos medonhos cabelos vivos lhe sugando para dentro de um ralo de pia, seguido de um apavorante banho de sangue cobrindo o banheiro em vermelho vivo, que deixaria o elevador de O Iluminado com inveja.

Cena esta aliás que já serve de ótimo exemplo para a excelente mistura em cena de efeitos práticos com computadorizados que o filme invoca quase sem falha alguma. E esse mesmo brilhantismo volta a se repetir em outras memoráveis sequências como quando vermos finalmente Pennywise dominando a cena no filme. À partir da cena onde vemos Eddie sendo atacado por um nojento zumbi leproso, parecido tirado de um filme de David Cronenberg, e vemos o palhaço finalmente se revelando pra ele, o filme pega o gás do medo e não o larga até o final!

Me, Pennywise

Mencionar o palhaço Pennywise de Skasgård sem citar o de Tim Curry da ainda celebrada minissérie é possível, mas quase inevitável. Curry estava soberbo e conseguiu ser a melhor coisa daquele filme ao ponto de marcar gerações até hoje. Só não digo que ele tornou o papel completamente para si porque Skasgård faz um trabalho tão bom quanto, e único, com o personagem aqui. Ele não é um palhaço engraçado maníaco com poderes macabros (ok, até é, só que muito mais que isso), ele é, em sua essência, um mistério eu diria. Uma encarnação do puro mal querendo se alimentar da pureza dessas crianças e de seus piores medos. Ele se mostra um aglomerado de tudo que é mal que assola os personagens, reunidos em um só ser. Não é por nada que ele aqui usa de Henry, um dos inimigos mortais das crianças e uma vítima de um tratamento abusivo, como uma de suas armas para atormentar e ferir o grupo.

Algo que ele muito bem pode fazer sozinho, mas o bel prazer dele está em atormentar-los. Em uma das minhas cenas favoritas do filme, que consiste no primeiro encontro de Bill com Pennywise onde ele vê a forma de Georgie sendo manipulada pelo palhaço como um fantoche e depois desata a correr pra cima de Bill de forma violenta que consegue escapar. Só pra Muschietti cortar de volta para a expressão de frustração do palhaço que muda para uma de prazer com ele abrindo um sorriso de deleite enquanto revira os olhos como se tivesse acabado de ter tido um orgasmo. Ele está simplesmente ADORANDO tudo isso!

Ele sim é o verdadeiro terror que carrega o filme para dentro do gênero, e o faz muito que bem sendo o encarregado dos melhores momentos do filme, para além dos mais íntimos e dramáticos com as crianças. Até Muschietti parece seguir o talento para o mal do palhaço e garante a criação desses bravos momentos onde ele toca o terror em cena, e deixa de lado os toques genéricos que ele vinha usando até aí. Mostrando até ter uma direção bem inventiva, não só usando e abusando da ótima fotografia de Chung-hoon Chung que garante um visual vívido ao filme, tanto no uso de uma câmera quase viva e ambiental como quando vemos Stanley mudando um quadro de posição e a câmera vai de um ângulo holandês para um enquadramento normal seguindo o movimento do quadro – Spilberg sempre presente; quanto no seu uso de montagem quase brincalhona como quando vemos ele salientando a paixão louca de Ben por Beverly quando ela vê o pôster de New Kids on the Block em seu quarto. Sua câmera apostando em pequenos momentos assim para se construir personagens, que saudades de se ver algo assim. Até aquele momento macabro já mencionado de Pennywise com tesão (?) meio que serve para dar um breve momento para o personagem.

Agora junte tudo isso, a direção estilosa de Muschietti com Pennywise em cena junto das crianças, e você tem o que pra mim é o grande momento do filme – o primeiro confronto entre os protagonistas contra o palhaço dentro da antiga casa de Mike.

É simplesmente um espetáculo escatológico enervante, que parte da tensão inicial com eles enfrentando os sombrios e claustrofóbicos corredores da casa assombrada pelo palhaço, que se sucede em vermos um menino com o braço quebrado e outro com a barriga cortada, e um palhaço demoníaco saindo de dentro de uma geladeira se contorcendo todo e atormentando as crianças violentamente no melhor estilo Freddy Krueger – e finalmente cumina-se com eles atravessando uma aste de ferro na cara do palhaço que pouco se preocupa com a dor.

Detalhe dessa sequência, e de todo o filme, é como Muschietti realmente busca usar a escatologia da violência evocando em parte Cemitério Maldito, outra célebre obra de King que recebeu uma também ótima adaptação, no que se refere em mostrar violência como fator deturpador de tudo que há de bom nos personagens. E na essência, isso serve também como importante fator de caracterização dessa nova versão de Pennywise, e que sim o diferencia de outras versões, a única sendo a de Tim Curry claro. Não sendo só um mero palhaço com poderes demoníacos, e sim uma coisa, um monstro espectro que se alimenta do mal criado à sua volta no ambiente tão opressor que as crianças vivem como já mencionado.

Algo que, mais uma vez, mostra se aproximar e muito de sua caracterização original no livro de King de forma perfeita e sem cair nas mesmas bizarrices. Mas fica aí a dúvida de como irão explorar suas origens místicas na continuação junto do desenvolvimento das crianças já em suas fases adultas, e que tem tudo para ser interessantíssimo. Só não me tragam uma tartaruga gigante de outra dimensão por favor, leitores do livro entenderão.

King mais vivo do que nunca

Já ouso dizer que essa adaptação de Muschietti, não só faz jus fidedigno a essência do livro de King, como também tornam o filme em um frescor dentro do gênero em que se propõe a adentrar, mesmo sofrendo de alguns irritantes maneirismos inicias. Faz um bom tempo onde não se via um filme de terror tão alegórico na caracterização de seus personagens e até interpretativo nos temas em que ressalta. Se O Exorcista lidava com a fé no meio social; Bebê de Rosemary com o enclausurado urbano; It – A Coisa, busca em suas entrelinhas ser uma ode à essência de Stephen King de forma tão realista e relacionável. O apego nostálgico à juventude; o verdadeiro sentido de família dentro da amizade verdadeira; e a forte união desses pobres rejeitados de seu meio social e familiar, para enfrentar o mal em suas piores formas.

A luta deles contra Pennywise se torna tão emocionalmente satisfatória no final do filme exatamente por ter conseguido nos fazer sentir tão investidos com os problemas íntimos que afetam cada um dos personagens, e já estarmos completamente apaixonado por eles. E daí também vem parte do fruto da essência de medo e terror do filme, nos preocuparmos com o destino de cada um nessa luta contra o mal. Contra tudo que os anda oprimindo em suas vidas, os abusos, a violência, a rejeição, que se resumem no final em uma verdadeira, e prazerosa porrada franca das crianças pra cima de Pennywise.

Com direito à tiros, voadoras, facadas, mordidas, mãos zumbis saindo da boca do palhaço, referência à Múmia, um pequeno espetáculo com todos depositando toda sua brava revolta pra cima da criatura do mal. Não lembra um pouco uma certa franquia que envolve pesadelos e um cara desfigurado com uma luva de tesouras?! Não é por nada que o título Hora do Pesadelo 5 aparece em um letreiro de cinema (só que nesse envolvia um duelo Kung Fu contra o Krueger, as coisas aqui são mais centradas).

É em certa parte broxante por esse embate ser em um espaço tão fechado e limitado, embora compreensível e até esteticamente interessante a forma como o covil de Pennywise é construído, um verdadeiro lar de um monstro da fantasia comedor de criancinhas. Mas na verdade não há o que reclamar aqui, afinal o que eu queria?! Algum feixe de luz apontando pro céu prestes a destruir o mundo? Já temos corpos e membros de crianças mortas cumprindo esse papel (bota dark nisso), e eles não são os vingadores, eles são os Gooni…digo, o Clube dos Perdedores!

Estes que no final entregam uma cena capaz de sugar lágrimas quando Billy finalmente encara e aceita o fardo da morte de Georgie, e é confortado em um caloroso abraço de grupo pelos seus amigos, sua verdadeira família. E isso meus caros, é a essência das mais puras de Stephen King sendo posta na telona. Seria muito ridículo dizer que o nível emocional aqui entregue pode se juntar à Um Sonho de Liberdade e A Espera de um Milagre?! Bom, pelo menos é quase tão bom quanto.

Pelo que ouvi King gostou bastante do filme, e espero que ele esteja orgulhoso deste. It – A Coisa é exatamente tudo isso que leram aqui e talvez mais a ressaltar. Uma adaptação fiel à essência de seu amado livro original, e digna dos melhores elementos de Stephen King sendo traduzidos para o público de hoje. E mostra como no gênero de terror é possível ainda encontrarmos boas histórias sendo contadas de forma tão classicista e alegórica, mesmo que com umas desafinadas genéricas, e conter ricos e excelentes personagens que conquistam seu público imediatamente e enfrentam de frente um antagonista que já promete se tornar um futuro clássico. E só tende a prometer e a nos deixar desejosos por muito mais vindo aí!

It: A Coisa (It, EUA – 2017)

Direção: Andy Muschietti
Roteiro: Cary Fukunaga, Chase Palmer e Gary Dauberman, baseado na obra de Stephen King
Elenco: Bill Skarsgård, Jaeden Lieberher, Finn Wolfhard, Sophia Lilis, Wyatt Oleff, Chosen Jacobs, Jack Dylan Grazer, Nicholas Hamilton, Owen Teague, Jackson Robert Scott
Gênero: Terror
Duração: 135 min

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Publicado por Raphael Klopper

Estudante de Jornalismo e amante de filmes desde o berço, que evoluiu ao longo dos anos para ser também um possível nerd amante de quadrinhos, games, livros, de todos os gêneros e tipos possíveis. E devido a isso, não tem um gosto particular, apenas busca apreciar todas as grandes qualidades que as obras que tanto admira.

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