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Crítica | Dragon Ball – Saga 02: O Exército Red Ribbon

Apesar de ter sido exibida sequencialmente no Japão, sem a divisão claras em temporadas, a segunda saga do anime de Dragon Ball já apresenta algumas mudanças claras na produção, sem falar, é claro, na óbvia diferença do roteiro, que se mantém fiel ao mangá em sua maioria. Neste ponto a popularidade da adaptação já havia sido estabelecida, apoiada na sucesso do material original, que já contava com mais de dois anos desde sua publicação original.

Algumas das mudanças em relação à saga anterior se apresentam desde o primeiro episódio. A mais evidente delas, para os leitores do mangá, é a presença dos habituais fillers – episódios que nada acrescentam à trama principal e são feitos simplesmente para distanciar o anime do mangá (para que a história da adaptação possa se manter fiel à original). Infelizmente a presença destes, principalmente no trecho inicial da saga, acabam dificultando o ritmo da obra, que demora a engatar em sua linha narrativa.

A segunda diferença é a presença de músicas cantadas dentro do episódio, que nada mais é que uma consequência dos fillers. Em outras palavras é uma pura enrolação para poupar o trabalho dos roteiristas, que passam a não precisar inventar subtramas complexas para tais episódios. Claro que, nos dias atuais, podemos simplesmente pular tais trechos, graças aos serviços de streaming ou os próprios DVDs e blu-rays, mas, ainda assim, não podemos relevar a presença dessas interrupções na trama geral.

Passando de todos os defeitos da produção em massa de animes, contudo, chegamos à história desta segunda saga, na qual Son Goku enfrenta, à princípio não intencionalmente, o Exército Red Ribbon. Esta história faz uma mescla da parte inicial da anterior, mais focada na aventura, com a última, correspondente ao torneio de artes marciais. O resultado é uma trama que se diferencia bastante em tom e já apresenta certo amadurecimento. Daqui em diante há uma maior seriedade, embora o elemento da comédia se mantenha forte, mantendo, pois, a identidade da obra de Akira Toriyama.

As lutas mostradas no anime ganharam um melhor tratamento em relação à saga anterior, denotando um maior cuidado na produção. Neste sentido, em geral, a animação em si mostra ter evoluído ao longo do episódios e, em conjunto com um ótimo trabalho de dublagem, conseguem dar vida aos quadros originais do mangá. Como era mais de costume nessa fase inicial, vemos batalhas com forte veia cômica, com técnicas engraçadas e menos dos simples socos, chutes e poderes, que tomam conta da obra posteriormente. Dessa forma, a diversão é garantida.

Devo destacar, também, o aprofundamento na mitologia de Dragon Ball, que já insere elementos que serão utilizados ao longo de todos os animes posteriores. O principal destes é a torre Karim e as sementes dos deuses, bastante recorrentes dentro da trama daqui em diante. Através destes pontos é criada a sensação no leitor de uma história continua e até uma certa didática dos roteiristas, que, pouco a pouco, dão aprofundamento à sua história. Nota-se, desde já, a preocupação de Toriyama em não deixar sua obra cair na mesmice, alterando não somente os vilões, como os personagens centrais a acompanhar Goku em suas aventuras.

Dito isso, a saga do Exército Red Ribbon, apesar de trazer mudanças negativas para o anime, ainda que inevitáveis, consegue captar com exatidão a essência do arco correspondente do mangá. Aos poucos Dragon Ball cria sua mitologia, fazendo, aos poucos, com que o espectador se familiarize com ela. Red Ribbon é uma saga importante que, de forma efetiva, abre caminho para a progressão da história do anime como um todo.

Dragon Ball – Saga 02: O Exército Red Ribbon (Japão, 1986)
Episódios: 29-68
Estúdio: Toei
Dubladores: Masako Nozawa, Hiromi Tsuru, Naoki Tatsuta, Kouhei Miyauchi, Daisuke Gōri, Tōru Furuya, Naoko Watanabe, Daisuke Gōri, Mayumi Shō, Mayumi Tanaka, Mami Koyama
Duração: 20 min (cada episódio)

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Publicado por Guilherme Coral

Refugiado de uma galáxia muito muito distante, caí neste planeta do setor 2814 por engano. Fui levado, graças à paixão por filmes ao ramo do Cinema e Audiovisual, onde atualmente me aventuro. Mas minha louca obsessão pelo entretenimento desta Terra não se limita à tela grande - literatura, séries, games são todos partes imprescindíveis do itinerário dessa longa viagem.

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