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Crítica | Guerra Civil 2 #4

Aviso: Esta crítica contém spoilers

E após uma edição que nos mostra que Guerra Civil 2 pode ser uma saga interessante, acordamos dessa ilusão com a edição 4. Guerra Civil 2 será somente mais uma saga.

O que realmente é uma pena, apesar de longe de ser surpresa. Poucas super sagas Marvel têm realmente sido um ponto fora da curva, como Guerras Secretas de 2015. Elas passaram a ser somente algo comercial, caça níquel. Com o lançamento do filme Capitão América: Guerra Civil , é claro que a Marvel não perderia a oportunidade de lucrar em cima da marca.

E isso fica explícito na edição 4. Temos ameaça de uma batalha com praticamente todos os heróis, entrada dos Guardiões da Galáxia, revelações sobre o Ulysses… Mas comecemos pela ponta solta da última edição.

Gavião Arqueiro

Na última edição, o veredito sobre o julgamento de Clint Barton, o Gavião Arqueiro, referente o assassinato de Bruce Banner, o Hulk, estava para sair. Essa edição se inicia com Carol Danvers visitando a Mulher Hulk no hospital, para dar a notícia do que houve. Como era de se esperar, aqui já encontramos ela saindo do coma e pronta pro combate. Algo diferente do fim da edição 1 onde parecia que ela morreria. Carol a informa sobre o assassinato de seu primo e a decisão do julgamento: Clint Barton é inocente. Notícia esta que enche Jennifer Walter de raiva:

Clint Barton tem problemas pela frente

Profiling

Como estamos acompanhando desde a primeira edição deste evento, Tony Stark procura entender o funcionamento dos poderes do personagem Ulysses. Este, por sua vez, é o pivô de Guerra Civil 2 com seus poderes de clarividência. Tony descobre que seu poder não é de fato prever o futuro, mas sim, enxergar o cenário com possibilidade de ser realidade. Ou seja, tudo o que ele viu até o momento poderia acontecer, mas não com certeza. Jogando outro tema atual para dentro da história: o famoso profiling. Profiling é calcular as chances de uma pessoa agir de certa forma, baseado em estatísticas do grupo ao qual ela pertence. Este é um assunto em voga na eleição americana e em muitos noticiários. Ao passo que a idéia de calcular se um refugiado sírio (por exemplo) tem chances de ser um terrorista parece segura, ela também possui uma face racista. E é esse o ponto que o quadrinho quer abordar.

Kamala Khan já escolheu seu lado

Ao passo que eu acho interessante o tema ser discutido dentro dos gibis usando uma ameaça real, o Hulk, para ilustrar o assunto e criar um paralelo, eu penso que não existe mais uma dúvida sobre qual lado estar. É válido prender alguém por um crime que essa pessoa possa cometer? Fico imaginando um julgamento de alguém nesse caso. E o pior, Capitã Marvel já está prendendo pessoas com a ajuda de Ulysses a semanas, dentro da história.

Heróis com cabeça dura Ideais

Tony, com as novas informações sobre o funcionamento dos poderes do inumano, junta uma parte dos heróis, dentre eles Steve Rogers, para uma última tentativa de conversa com Carol Danvers. Nessa conversa, Stark explica que na verdade as previsões do futuro não irão de fato acontecer. São somente possibilidades. Dentro do quarto temos figuras como Dr. Estranho, o Fera, Pantera Negra e Medusa, juntamente com Raio Negro. Todos como mera decoração, diga-se de passagem. Esqueça os diálogos inteligentes de Illuminati. A discussão é entre Tony e Carol, que continua agindo como cabeça dura e sai da reunião no meio da conversa, deixando os heróis para trás boquiabertos. Assim como o leitor, que vai ficar sem entender o porque de tanta dificuldade de comunicação. Mesmo sabendo que as visões de Ulysses são duvidosas, ela parece não se importar. Novamente, para que uma história de briga de heróis funcione, eles precisam estar se comportando como adolescentes de ego super crescido. Mesmo assim, gostaria de ver uma defesa melhor do lado dela. É impossível, por lógica, ficar dividido nessa guerra civil.

Após sair da reunião, Carol começa a interrogar a mais nova prisioneira por algo que pode cometer relacionado à Hydra. Uma simples civil, presa pessoalmente pela Capitã Marvel ao sair de seu trabalho em um banco e colocada dentro de uma cela de um prédio da SHIELD. Esse é mais um exemplo de como a Capitã está agindo de forma irresponsável e exagerada.

Enquanto a interrogação se desenvolve, Noturno tira a civil da cela com seus poderes de teletransporte. Ao mesmo tempo, é dado um alerta de intrusos no terraço do prédio. No topo, está Tony Stark e um contingente de heróis ao seu lado. A mensagem é clara: Carol Danvers e seus aliados precisam ser parados. Apesar de parecer em grande desvantagem, a Capitã possui uma carta em sua manga; por um milagre, os Guardiões da Galáxia.

Eu digo milagre porque não faz nenhum sentido que Peter Quill e seu bando tenham interesse em uma confusão na Terra. Além, é claro, do motivo comercial: o Rocket Racoon na capa da edição 4 .

Conclusão

Por fim, a conclusão é que Guerra Civil 2 chegou ao ponto que queria chegar, uma enorme luta entre vários heróis que vai gerar as consequências duradouras nas edições solo de cada herói (duradouras até a próxima saga que deve chegar em Maio do ano que vem com novas promessas de mudanças e etc…). A idéia de que Ulysses conseguia de fato prever o futuro era a única coisa que poderia deixar alguém indeciso sobre que lado defender. Essa indecisão, infelizmente, foi removida nessa edição com a notícia de que não, Ulysses não prevê o futuro. Carol Danvers está literalmente prendendo pessoas com base em ilusões.

Uma pena. Guerra Civil 2 poderia mesmo ser um ponto fora da curva, mas eu admito que seria um pouco de ingenuidade esperar isso desta saga e de seu roterista, Brian Michael Bendis.

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Publicado por Lucas Voltolini

Eu escrevo sobre filmes, jogos e dou uns pitacos sobre a indústria do entretenimento sempre que posso

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Crítica | Guerra Civil 2 #5