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Crítica | Guerras Secretas (2015)

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Aviso: A crítica abaixo não contém spoilers referentes à Guerras Secretas, porém alguns detalhes sobre a trama serão discutidos brevemente.

Em 2013 Jonathan Hickman assumiu as histórias de Vingadores e Novos Vingadores como roteirista. Para alinhar com a versão do Universo Marvel dos cinemas, a equipe formada era a mesma que a equipe das telas grandes: Homem de Ferro, Hulk, Capitão América, Viúva Negra, Thor e Gavião Arqueiro.

A ideia de Hickman era uma potencialização do mote “Um problema muito grande para ser resolvido por um herói sozinho”. Durante esse arco, nós vimos os Vingadores se unindo com vários outros heróis e aumentando sempre seu time para lidar com as piores ameaças possíveis do universo (e ao universo). Jonathan Hickman trouxe sua experiência em histórias de equipes trabalhando em títulos como Quarteto Fantástico, Guerreiros Secretos e Ultimates, sendo nomeado para um Harvey Award na série Quarteto. Ele trabalhou com artistas diversos muito capazes durante esse período, como Leinil Yu, Esad Ribic, Salvador Larroca e o brasileiro Mike Deodato.

A grande trama dos Vingadores de Hickman apresentou a ideia das incursões, onde dois planetas Terra de universos paralelos entravam em rota de colisão e, ao se chocarem, destruíam os universos de ambas as Terras. Destino esse que só podia ser evitado se um dos planetas fosse destruído antes, salvando dessa forma os dois Universos com o custo de uma Terra. Os Vingadores, cientes desta situação, se dividiram em torno da questão de como lidar com os planetas vindo em direção à nossa Terra. Afinal, parte destes planetas estava com pessoas inocentes. Quem salvar?

Essa discussão permeou o arco de Jonathan Hickman, gerando bons payoffs (como por exemplo a saga Infinity, publicada em 2013) até sua culminação: Guerras Secretas.

Tudo Morre

A frase que acompanhava as histórias e que ressonava por diversas vezes era Everything Dies (Tudo morre, em tradução livre). A primeira edição, portanto, inicia justamente com os Vingadores da Terra 616 lutando contra o planeta Terra do Universo Ultimate, mostrando a total falência de todas as soluções tentadas. O objetivo de Hickman de mostrar o que acontece quando os heróis encontram uma ameaça que não pode ser vencida encontra sua conclusão nesta edição.

Vitorioso da destruição surge Dr. Victor Von Doom, que estava lutando ao lado do Homem Molecular, nos bastidores, para tentar sua própria solução contra as incursões. Solução esta que o permitiu se tornar o grande imperador e o próprio Deus de um novo mundo criado por ele mesmo. As pessoas que habitam este mundo têm conhecimento de que prestam dever ao deus Doom, que substituiu o próprio Deus cristão tão comum na cultura ocidental. Expressões como “Meu Deus” ou “Deus te perdoe” são trocadas para “Meu Doom” ou “Doom tenha misericórdia”. São detalhes pequenos como este que nos convencem de que Doom não é só um imperador ou um rei ou um deus. Em Battleworld, Doom é Deus.

O personagem de Victor Von Doom acaba sendo um dos mais interessantes. Olhar para o funcionamento de sua sociedade e das decisões feitas com relação à família de Reed Richards é algo que merece atenção. Temos um vilão cuja idéia de salvar o mundo é o render à seus pés. Algo que, convenhamos, não é novidade no meio de quadrinhos. No entanto, conseguimos comprar a ideia de que Doom tem o poder de Deus, mas continua homem com seus medos e fracassos.

Outro personagem que tem grande participação é Dr. Estranho, que acompanhou Doom na parte final de sua jornada para salvar o planeta Terra das Incursões. Ele atua na saga como ajudante de Victor, mesmo que contenha sim suas memórias de antes da criação do novo mundo (um dos poucos personagens da história com essa capacidade) ele sabe que a opção de servir à Doom era a única viável e ele o serve com peso e temeridade.

Battleworld

Formado por fragmentos de todos os universos paralelos já apresentados na continuidade Marvel e alguns novos criados para essa saga, Battleworld é um retrato da vaidade de Doom e de sua personalidade. Existe perigo a cada canto e poucos lugares são bem sucedidos. Mas não se apegue muito a essas informações. Por mais que o conceito seja interessante, é difícil entender que as pessoas continuariam vivendo vidas normais em uma cidade como Manhattan (que existe em Battleworld) fazendo fronteira com um lugar chamado Higher Avalon, por exemplo. E o roteiro não se preocupa em dar muitas explicações, são quadrinhos, afinal.

A Arte da Guerra

Toda a história de Guerras Secretas foi desenhada por Esad Ribic e ele mantém aqui seu traço conhecido já de X-Men, utilizando linhas leves e finas, com bons destaques para expressões e detalhes. Detalhes estes que notáveis principalmente quando vemos o castelo de Doom e as cidades. Se há uma crítica a ser feita com relação à arte, é a de que peca por não mostrar mais de Battleworld. Um mundo tão vasto e diverso merecia melhor detalhamento ou pelo menos alguns quadrinhos com planos maiores. Essa decisão nos passa a sensação de, por vezes, estarmos olhando Battleworld por um buraco na fechadura.

Os quadros e a diagramação, por sua vez, apresentam grande estilo e uma certa novidade que melhora o compasso da história. Algumas páginas não contém nada além de um quadro de pensamento ou um diálogo, centrado ao meio, dando um grande impacto às palavras e ressaltando a urgência da história e servindo muito bem à seu propósito.

Para balancear os traços leves de Ribic, temos o colorista Ive Svorcina, que adiciona profundidade aos quadros e impacto às cenas onde grandes amostras de poder são dadas. Seu trabalho já havia sido colocado em exposição quando pintou as capas de Mighty Thor, deixando-as como verdadeiras pinturas em tela.

Por último, as capas do excelente Alex Ross (que dispensa apresentações) estão um pouco mais modernizadas para as edições de Guerras Secretas, mas ainda mantendo a já esperada qualidade dos desenhos.

Uma saga Marvel

A história em si é um pouco mais complexa do que outras grandes sagas Marvel. Por vezes você se pegará folheando edições anteriores para conseguir entender algumas coisas e até consultando na internet detalhes do que aconteceu durante Vingadores para ajudar na compreensão. O que já é costumeiro esperar de Hickman após um arco tão complexo como foi o de Infinity.

A inclusão de personagens que precisam estar ali para “cumprir tabela” acaba tendo seu peso sobre a trama que inicialmente deveria possuir 8 edições e incluíram uma pouco depois da metade para conseguir captar toda a história. Entre as edições 4, 5 e 6 o desenvolvimento fica um pouco arrastado para comportar todos os personagens, no entanto não prejudica a obra como um todo.

Homenagem ao Quarteto

O amor de Hickman pelo Quarteto Fantástico fica estampado em todas as 9 edições da saga. Ele dá peso importante para Doom, Susan, Reed, Valeria e Ben. Esses cinco personagens acabam tendo participação central na história, nos fazendo esquecer dos descartáveis (para a trama) Peter Quill, Homem Aranha e Miles Morales. Existem outros personagens também que conseguem escapar da incursão (juntamente com outros vilões) mas à exceção de um ou outro não lhes é justificada a presença.

Reed estranha o planeta que Battleworld é e partilha momentos memoráveis com Doom nas vezes em que o enfrenta. Temos um diálogo de opostos ao mesmo tempo que a ação não rouba a atenção.

Por fim, Guerras Secretas se mostra como uma excelente saga Marvel, pecando um pouco no compasso da história durante as edições centrais mas que ainda assim nos mantém interessados. Em comparação com outras sagas recentes e até a mais nova Guerra Civil 2, Guerras Secretas é, sem dúvidas, uma das que mais se destaca e com certeza vale o investimento.

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Publicado por Lucas Voltolini

Eu escrevo sobre filmes, jogos e dou uns pitacos sobre a indústria do entretenimento sempre que posso

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