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Crítica | Legion – 01×02: Chapter 2

Depois de uma premiere incrivelmente bizarra e surrealista, pode-se dizer que o segundo capítulo de Legion foi um pouco mais convencional. Eu disse só um pouco. O showrunner Noah Hawley passa o bastão da direção para Michael Uppendahl (que já comandou episódios de Mad Men e American Horror Story), enquanto permanece no roteiro para um episódio que é mais centrado no backstory de David Haller (Dan Stevens), algo que aprendemos de forma estimulante através de lições do personagem com a misteriosa Melanie (Jean Smart) e Ptonomy (Jeremie Harris), além de um envolvimento cada vez mais próximo – e estranho – com Syd (Rachel Keller).

Os minutos iniciais já disparam o avanço da trama em uma velocidade notável, com um brevíssimo “reminder” da série que estamos vendo e a situação onde David encontra-se, acolhido por Melanie e sendo perseguido pela organização que é mencionada aqui como Divisão Três. É interessante como já aqui temos o uso da palavra poder/habilidade e a informação de que “a humanidade está em evolução”, em duas das mais explícitas referências ao universo X-Men – temos também algumas cenas nebulosas com o suposto pai de Haller, mas me pergunto se Hawley realmente trará à tona o parentesco com Charles Xavier. O que se segue no capítulo 2 da série é uma narrativa intrínseca que vai e volta em memórias específicas de David: sua sessão com um psiquiatra, um exame de ressonância magnética e o vício em drogas com sua amiga Lenny (Aubrey Plaza); além de outros momentos específicos que misturam-se em uma montagem esperta e capsciosa.

É uma narrativa muito similar à de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, especialmente por termos David, Melanie e Ptonomy manifestando-se fisicamente nas memórias do protagonista, e até rendendo imagens tipicamente surreais, como o David adulto substituindo sua versão criança enquanto o pai lhe lê uma história de ninar. Novamente temos um espetáculo visual de cores dinâmicas e enquadramentos lúdicos, ainda que seja algo bem mais contido e discreto do que no episódio anterior, fazendo uso mais forte do artifício de os personagens interagirem com os diferentes momentos passados: Haller e Melanie constantemente “pausam” uma cena para discutí-la (há inclusive uma jogada inteligentíssima com o recurso do jump cut como lapso temporal), o que rende bons diálogos entre os dois e ajuda o espectador e entender melhor a origem da habilidade do protagonista. E que representação mais incrível do poder telepático ao trazer Haller girando um botão de volume gigante para “diminuir” as vozes que invadem sua mente. Toma essa, Homem de Aço.

Em meio à proposital confusão de linhas narrativas, as subtramas acabaram um tanto sufocadas. A irmã de David, Amy (Katie Aselton) acabou capturada pela Divisão Três e serve como isca para que o protagonista vá resgatá-la, rendendo um bom cliffhanger, mas que não tem o impacto necessário pelo pouco que a acompanhamos até então. Confesso também que todo o arco de David na máquina de ressonância foi um tanto dispersivo, ainda que tenha trazido um Bill Irwin surtado e imagens perturbadoras do suposto “Demônio de Olhos Brancos” que vem invadindo as visões de Haller.

No mais, o segundo episódio de Legion mantém a narrativa sinuosa e desafiadora, mostrando que Noah Hawley definitivamente não está seguindo para uma narrativa padrão e típica das demais adaptações de quadrinhos. Só me pergunto aonde exatamente estamos sendo levados, mesmo que a viagem esteja louca e divertida.

Legion – 01×02: Chapter 2 (Idem, 2017, EUA e Canadá)

Criado por: Noah Hawley
Direção: Michael Uppendahl
Roteiro: Noah Hawley

Elenco: Dan Stevens, Aubrey Plaza, Rachel Keller, Jean Smart, Bill Irwin, Jeremie Harris, Amber Midthunder, Bill Irwin, Katie Aselton
Gênero: Drama, Ação
Duração: 60 min.

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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