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Crítica | Liga da Justiça – Pesadelo de Verão (1996)

Em 1987, os escritores Keith Giffen e JM DeMatteis reformularam completamente a Liga da Justiça, apostando no humor e na humanização da equipe. No início deu muito certo e a nova fase foi muito elogiada, ganhando prêmios e tendo boas vendas. Porém, a fórmula acabou por se esgotar e no início dos anos 90 não conseguia mais atrair a atenção do público. Foi então chamado para a revista o escritor Dan Jurgens para colocar um tom mais sério e recuperar as vendas, e até que deu um gás novo para a equipe. Contudo, naquela época, a Image Comics começava a se destacar pela suas histórias violentas e em que os personagens eram desenhados com o físico extremamente exagerado, e a DC teve suas vendas prejudicadas.

Para tentar bater de frente com isso, a DC Comics lançou dois Spin Offs relacionados com a mensal da Liga da Justiça Internacional, eram essas a revista Liga da Justiça-Força Tarefa e Justiça Extrema e que tentavam seguir a mesma fórmula das revistas da Image. Porém a tentativa fracassou e as vendas tanto da HQ principal, tanto dos Spin Offs ficaram abaixo do esperado, culminando no cancelamento das 3 revistas. A editora então percebeu que era hora de uma nova reformulação, mas ao invés de tentar explorar algo novo, decidiram apostar na volta da velha formação da Liga.

Trazer de volta os 7 heróis principais da empresa deixava claro quais eram as intenções da DC , fazer mais uma vez a revista da Liga da Justiça ser a número 1 de novo e recuperar as vendas. Para isso decidiram lançar uma minissérie onde esses personagens se reuniriam novamente. Para escrever esse arco era necessário um time de peso, então foram chamados os roteiristas Mark Waid, que teve destaque na DC roteirizando a mensal do Flash por 8 anos, e Fabian Nicieza,que fez seu nome como roteirista das HQS dos X-men, Novos Mutantes e Novos Guerreiros, e também como cocriador do personagem Deadpool. O nome da série foi definido como Pesadelos de Verão e seria uma base para a nova mensal da Liga que estava por vir. Esse nome foi um paródia de uma famosa obra de Sheakspeare, Sonhos de Uma Noite de Verão, visto que as duas obras tratavam de assuntos relacionados a mistura de fantasia com realidade.

A trama começa com os personagens da Liga num mundo onde faíscas vindas do céu deram poderes para quase todas as pessoas no planeta, menos aos próprios, que são agora civis normais e que não se lembram de suas vidas como heróis. Kyle Rayner é um desenhista de quadrinhos (que inclusive desenha a própria história em que está inserido), Wally West é um professor, Diana é também uma professora, só que de uma escola para meninas, Arthur Curry é um empresário, Ajax esta novamente em Marte com sua família, Bruce agora é apenas um milionário, e seus pais estão vivos, e Clark é um simples jornalista. Aos poucos, eles vão percebendo que estão numa realidade que não é real, e que está sendo criada pelo antigo vilão Doutor Destino. Mas Destino não esta agindo por vontade própria, e sendo controlado por um ser antigo, chamado Conhecedor , que acredita que a Liga da Justiça falhou em defender a terra, e agora deseja salvar a terra de uma ameaça que ele afirma estar se aproximando,

A escolha de um ser tão poderoso para ser o inimigo da Liga nessa primeira história do time se reencontrando teve uma motivação. Waid e Nicieza queriam que a equipe voltasse se reunir para poder enfrentar rivais que com o seu poder pudessem destruir o planeta sem nenhuma dificuldade caso não fossem impedidos.  Ou seja, só seria possível combater essa nova ameaça se houvesse uma junção dos personagens mais poderoso da editora, pois dificilmente algum deles poderia enfrentar essa nova ameaça sozinho em seus títulos solos. Os roteiristas queriam que a equipe  fosse vista como um panteão de deuses. Acho que isso explica muito bem o porquê de Grant Morrison ter sido o escolhido para o novo título que iria ser lançado após a saga, visto que ele sempre deixou claro que gostava de tratar heróis como sendo algum tipo de divindade. Vale lembrar, essa motivação feita para o grupo se reunir não era algo novo, pois tinha sido usado pelo próprio Gardner Fox quando ele criou a LJA em 1960

Waid e Nicieza também definiram muito bem as personalidades dos heróis enquanto grupo. Superman sera o líder, aquele que com o seu senso moral iria guiar a equipe, mas ao mesmo tempo se sentiria responsável por não poder dar tanta atenção a Liga, e isso acabaria por fazer o homem de aço temer pelo pior. O Batman seria aquele personagem cético em relação a trabalhar em equipe, pois vê os outros heróis como amadores sem treino, e não quer se responsabilizar por eles, só ajudando o time quando muito necessário. Mulher Maravilha seria o símbolo de esperança do time. Flash é aquele que teria o maior prazer em fazer parte do time, visto que tem experiência no assunto. Kyle é visto como o rapaz que conseguiu o anel por causa do acaso, e será visto com desconfiança pelo resto da Liga. Aquaman agora tem outras prioridades, e não a equipe mais como uma prioridade. E por último temos Ajax, que tem um grande apreço pela terra, e quer protegê-la a todo custo para que não aconteça a ela o mesmo que aconteceu a marte.

A missão da equipe por trás de Pesadelos de Verão era dar uma boa base para a próxima HQ que estava sendo planejada, e eles foram eficientes, mas a história não é de longe perfeita. O início e o meio são realmente empolgantes, e animam muito a quem esta lendo Porém o desfecho acaba se tornando bastante lento, e o confronto da Liga contra o vilão Conhecedor é extremamente decepcionante. Aliás, sobre o inimigo, ele é muito mal trabalhado e suas motivações e origem são muito mal trabalhadas, talvez porquê a ideia seria usar ele de novo mais pra frente, mas mesmo assim deixou a desejar. Os desenhos de Jeff Johnson Darick Robertson também não são nada extraordinários, e escolhem seguir o padrão da época, com os personagens sendo desenhados com o físico bastante avantajado, mas têm alguns momentos interessantes como por exemplo o final da edição 3 onde temos os heróis todos indo para o alto numa cena belíssima. 

Pesadelos de Verão não é um trabalho memorável e dificilmente entraria no top 10 de melhores histórias da Liga da Justiça. Porém, mesmo com os erros na condução do enredo, Mark Waid Fabian Nicieza conseguem ser eficientes naquilo que tinha sido pedido a eles, que foi revitalizar a equipe clássica da Liga da Justiça. A história vai ser interessante para alguns, como vai ser decepcionante para outros, mas ainda sim têm sua importância dentro da história da equipe no universo dos quadrinhos.

Liga da Justiça: Pesadelos de Uma Noite de Verão (Justice League: A Midsummer’s Nightmare) — EUA, 1996

Roteiro: Fabian Nicieza, Mark Waid
Arte: Jeff Johnson, Darick Robertson
Arte-final: Jonathan Holdredge, Anibal Rodriguez
Cores: Pat Garrahy nas edições 1 e 2, John Kalisz na última edição.
Letras: Ken Lopez
Capas: Kevin Maguire
Editor-Chefe: Ruben Diaz
Editora: DC Comics

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Texto escrito por Raphael Aristides

Redação Bastidores

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