Ok, vamos por partes. Predador está longe de ser uma franquia que teve continuações que ENVERGONHARAM o seu personagem titulo e tudo que seu primeiro filme representou como (isto é, isso se você não ter em conta Alien vs Predador e continuação) como Alien infelizmente teve com Alien: A Ressurreição. Sim, Predador 2 está LONGE de ser algo do nível do primeiro filme, mas mostrou trazer novas idéias que não desrespeitaram o tom de diversão e suspense que o filme de John McTiernan tinha, e sim conseguiu expandir um pouco sua mitologia e ainda garantir um bom nível de diversão (com certas limitações. Predador numa cidade perseguido por Danny Glover? Fala sério…).
E, de alguma forma, Predadores faz exatamente isso. Não desrespeita em nada o filme original, e sim o reverencia com enorme respeito, e volta para suas origens primárias, e ainda consegue adicionar e implementar coisas novas ao seu universo, e que nada estragam o produto final, e garante sim uma boa diversão. Mas…,falta algo, aquele algo, um acabamento melhor em tudo que se propõe e fazer o ótimo blockbuster que poderia ter sido de verdade.
O impressionante de tudo pode ser talvez terem tido um diretor como o pouco conhecido Nimród Antal no comando de tudo. Que era meramente conhecido por ter feito um ótimo thriller Húngaro chamado Kontroll, e alguns outros esquecíveis e incluindo um recente documentário bem elogiado da banda Metallica – Metallica Through the Never. E o diretor surpreende em conseguir entregar eficientes e bem divertidas cenas de ação, e fazendo um bom trabalho de construir o ritmo do filme quase tal e qual o do primeiro filme sabendo manter o mistério da figura monstruosa para o momento certo e costurar o mistério do desconhecido no meio dos personagens.
Mesmo palco, mas não o mesmo frescor…
A própria introdução do filme eu diria que é bem um tanto ousada, onde somos quase imediatamente atirados no meio da ação quando vemos um Adrien Brody em vestes militares despencando do céu e puxando o pára-quedas em última hora, e ao cair em terra firme vemos o titulo explodir com força na tela. Até descobrirmos que ele não é o único desgarrado na ilha onde ele é acompanhado de outros guerrilheiros de múltiplas nacionalidades e cada um com uma habilidade especial (então….Alice Braga é uma sniper…..ela é uma agente Brasileira do Bope? Ou apenas outra atriz Brasileira fazendo de Mexicana?! Tem snipers de armamento moderno e pesado assim no Bope ou no exército Mexicano?). Onde ao se unir se descobrem estar em outro planeta, e serem caçados por um grupo de criaturas humanóides mortais e fortes.
E o tom que se apresenta consegue sim puxar o escapismo oitentista do filme original à certos bons níveis, e a trama como disse se desenvolve num ritmo coeso e sem perdas de tempo. Sabe entregar o básico de informação sobre cada personagem sem soar tanto expositivo e liderar cada um para seu inevitável destino. Mas sim, esse elenco está longe de ter o charme que marcou o filme original que possuía uma dinâmica tão rica, natural e realista, onde todos conseguiam se destacar em seus momentos e realmente fazer o público se importar com o destino de cada um, o mesmo infelizmente não pode ser dito aqui.
O filme é um derivado de um roteiro que o senhor bem conhecido Robert Rodriguez havia planejado no inicio dos anos 2000, enquanto tocava sua Cucaracha lhe brilhou uma essa idéia de uma continuação oficial do primeiro filme, um de seus favoritos de todos os tempos. Mas acabou engavetado pela Fox e teve que esperar o fracasso exorbitante de qualidade de Alien vs Predador, para que este finalmente criasse vida. O titulo em plural em si já remete à Aliens de James Cameron, e foi uma boa idéia pitada por Rodriguez, e o filme até que traz certas semelhanças com o clássico, se um Predador fez aquele estrago, imagina um planeta dominado por eles (ou alguns deles).
A idéia era poder trazer Arnold de volta como protagonista, mas ele talvez ainda tivesse seus compromissos como senador, ou só desinteresse, ao recusar o papel. E no lugar trouxeram O Pianista Irmão Bloom Adrien Brody para ocupar seu lugar….ok porque não?!
E ele não faz feio, aliás, ninguém do elenco passa vergonha alheia e todos se mostram investidos e realmente querendo dar o seu melhor em seus papéis, mas como dito antes, o charme não é o mesmo. E embora suas características se mostrem inovadoras, quase todos ficam parecendo bem derivados de alguns dos personagens originais.
Os 9 funcionais esquecíveis….
Temos um Adrien Brody militar mercenário é pra ocupar o lugar de Arnold, e ele está funcional, nada de ruim nada de ótimo; Alice Braga como a agente do Bope Mexicana, a girl-power do grupo que não consegue esconder o sotaque por mais que tente, mas ruim não está, talvez ela seja muito…”boazinha” para um papel que exige uma certa malícia; Walton Gogins faz (no melhor sentido) um personagem do Tarantino (antes dele vir a se tornar um personagem do Tarantino), com um humor rebuscado e uma violência prestes a explodir e o ator consegue marcar presença e ser interessante em pequenos momentos; Oleg Taktarov faz praticamente o personagem de Jesse Ventura do filme original, o brutamontes que carrega uma mini-gum, mas sem o carisma ou a energia do personagem, e mostra ser mais um soldado que carrega um estresse pós-traumático; Louis Ozawa Changchien cumpre a cota do asiático fodão e traz semelhanças com o personagem de Sonny Ladham do filme original, o silencioso fodão, e que marca forte presença em uma ÓTIMA cena do filme.
E ainda temos Mahershala Ali em seu primeiro papel no cinema, mas nada memorável; Danny Trejo como… enfim, seu amigo Rodriguez tá na produção e ele tinha que claro estar aqui supostamente (ai ai); Topher Grace como o assassino venenoso (TUM DUM TSS), que por alguma razão está com um penteado quase idêntico ao de Justin Timberlake; e ainda um EXCELENTE e preguiçosamente desperdiçado Laurence Fishburne como uma versão Colonel Kurtz/Bem Gunn (o naufrago da Ilha do Tesouro) do universo Predador.
ste último em sua curta aparição que aparece do nada no meio do filme, e serve basicamente para inserir essa mitologia expositiva de uma suposta hierarquia de Predadores e seu pequeno confronto de quem vai ser o melhor caçador e melhor subespécie, outra das idéias de Rodriguez, que só é abordada nesta cena de dialogo expositivo e apenas desperdiçada de qualquer interesse, e apenas serve para desacelerar o filme enquanto ele estava em um caminho tão bom e até eficiente, e entrega de forma abrupta o terceiro explosivo ato, mas não totalmente quebrado.
O filme poderia ter se importado mais em manter o foco nos personagens a todo o tempo, o que estava fazendo até então e mantendo aquela boa dose de mistério do inimigo desconhecido para eles. Mas infelizmente os mesmos não conseguem ser totalmente interessantes para criar qualquer laço com o público e manter suas cenas instigantes. A sacada de manter o nome dos personagens quase nulo no filme dá uma boa dose de mistério e potencial intriga entre eles, onde cada um no início se mostra desconfiado de cada um, crescem um sentimento de parceria e respeito quando vêem o perigo que devem enfrentar. Uma idéia muito legal, mas mal desperdiçada quando o filme vem tentar empurrar motivações de alguns deles forma quase tediosa na cara do público, ainda mais quando vemos o personagem do Topher Grace se revelando um suposto psicopata balelas balelas. E com isso acaba nebulando a presença dos Predadores no filme, afinal são os PERSONAGENS TITULO. Mas até mesmos esses nem esses conseguem ser tão interessantes.
Meu Predador….não será sua Herança
A idéia de criar uma sub-espécie superior a do Predador original é boa, mas o design apenas mostra ser um bichão maior e com um capacete com dentes (sim) e mandíbulas “mais assustadoras” (que já repararam que eles nunca usaram pra morder nem nada? Bichos frescos). Até que conseguem ter um ou dois bons momentos quando mostram essa suposta guerra civil dentro da espécie, mas no final eles acabam mais servindo para serem a força do mal antagonista para dar perigo e conflito contra o grupo de humanos.
E ainda têm a idéia de criar uma tal espécie de cães predadores….sim você leu bem, e eles aparecem em uma UMA decente e tensa cena que lembra a cena em que os soldados metralhavam o nada no filme original, e aqui atiram em direção à uma matilha de cães predadores criados em efeitos CGI no nível mais ou menos …..e nunca mais dão as caras. Ok, obrigado por aparecerem criaturas esquecíveis!
INDEPENDÊNCIA…ou remake!
O filme até certo ponto consegue criar uma personalidade própria e não depender tanto do filme original, mas em certos momentos algumas das call-backs ao filme de McTiernan, fazem o filme parecer quase um remake indireto. Como por exemplo quando o personagem do Brody começa a gritar em alto e bom som as MESMAS frases do Dutch de Arnold: “me mate, estou bem aqui, vamos lá, faça agora, me mate!” (num clímax que é quase igual ao confronto final do primeiro filme), e ele o faz com a voz um tanto parecida com a do Batman de Bale garganta com câncer é apenas passar vergonha.
Mas o filme não é isento de bons e memoráveis momentos, que criam essa sua personalidade própria e cria sim esse ar escapista tão necessário e bem vindo ao filme. Como disse antes a direção de Nimród Antal não faz feio e consegue dirigir as cenas de ação com pulso firme e decente trabalho de montagem, deixando-a num ritmo frenético nas cenas de perseguição mas nunca confuso, e ainda tendo uma ÓTIMA fotografia de Gyula Pados que dá esse ar caloroso e imerso nas sombrias florestas tropicais no planeta dos Predadores.
E as cenas de luta corporal conseguem ser verdadeiramente boas, incluindo uma com o personagem de Louis Ozawa Changchien, a tal ÓTIMA cena já mencionada, uma cena que talvez os fãs sempre quiseram ver no filme original com o personagem de Sonny Ladham mas nunca a tiveram. Um verdadeiro confronto mano a mano, com direito a uma ESPADA SAMURAI batalha contra um predador sub-evoluído, talvez a melhor cena do filme e ouso dizer a MELHOR cena de confronto que o personagem Predador já teve!
É bom, mas nem tanto
É sim um humilde e modesto blockbuster muito bem intencionado e com um bolso cheio de boas ideias, mas que infelizmente não encontraram a exploração correta ou sequer bem apropriada como merecia dentro da conexão entre roteiro e direção que são funcionais dentro do possível.
Mas a ação consegue divertir e os personagens apesar de desinteressantes conseguem funcionar dentro do possível. E consegue trazer uma boa conclusão aberta para continuações, que infelizmente não verá a luz do dia. Bom, pelo menos não que saibamos. Sabe-se lá deus da ação o que raio anda Shane Black tramando com seu novo filme na franquia. Talvez vá tentar resgatar sim novamente o espírito do filme original, assim como esse bom, mas esquecível filme tentou fazer com respeito mas não eficiência!
Predadores (Predators, EUA – 2010)
Direção: Nimród Antal
Roteiro: Alex Livak e Michael Finch
Elenco: Adrien Brody, Alice Braga, Topher Grace, Danny Trejo, Walton Goggins, Laurence Fishburne, Mahershala Ali, Oleg Taktarov, Louis Ozawa Changchien, Brian Steele, Derek Mears
Gênero: Ação, Aventura
Duração: 107 min
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