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Crítica | Seinfeld: 2ª Temporada – O segundo passo para a sitcom definitiva

Após a bem-sucedida exibição de sua compacta primeira temporada, Seinfeld agora embarcava em sua segunda temporada, agora com 12 episódios; para a alegria dos fãs e o desespero do co-criador Larry David, que acreditava que suas ideias tinham esgotado-se no ano de estreia. E como o neurótico alter ego de George Costanza estava enganado! É justamente na segunda temporada que a série começaria a se encorpar e continuar sua metamorfose na sitcom definitiva.

A segunda temporada mantém a tradição de trazer episódios desconectados, que não seguem uma longa história que necessite de algo além dos 22 minutos de duração. A atenção aos detalhezinhos neuróticos começa a se destacar mais, como visto nos excelentes The Pony Remark, no qual Jerry desencadeia uma série de eventos catastróficos por simplesmente não gostar de pôneis, ou em The Phone Message, onde George se encontra na clássica situação de querer deletar uma mensagem raivosa da caixa postal de sua namorada (“Eu parecia o Mussolini.”). Ou meu preferido, em The Baby Shower, no qual George faz questão de se vingar de uma ex-namorada por ter sujado sua blusa com chocolate, aparecendo em seu chá de bebê com a tal blusa – ainda suja, claro.

Relacionamentos também passaram a se tornar um tema recorrente, com The Ex-Girlfriend dando um ar fresco à batida situação de “atração pela ex-namorada do melhor amigo” ao simplesmente brincar com a metalinguagem em The Deal, no qual Jerry e Elaine tentam manter uma delicada amizade colorida – sendo um dos poucos episódios que analisa tão de perto a antiga relação dos dois, e felizmente os roteiristas são sábios em não desenvolverem um romance real entre Jerry e Elaine, um dos elementos que diferencia Seinfeld de todas as outras sitcoms (sim, Friends e How I Met your Mother, estou olhando pra vocês).

Mas o ápice fica com o primeiro de muitos “episódios clássicos”, que é The Chinese Restaurant. Escrito por David e Seinfeld, ele simboliza a gênese do seriado sobre o “nada”, ao trazer Jerry, Elaine e George esperando uma mesa de um restaurante chinês. É a premissa aparentemente vazia, mas que se revela um verdadeiro cardápio de possibilidades para os personagens, especialmente pelas subtramas: George aguardando impaciente pela ligação de sua namorada, Jerry empolgadíssimo para uma sessão de Plano 9 do Espaço Sideral e Elaine tentando fazer de tudo para acelerar o processo, incluindo até mesmo uma pequena aposta. E não poderia deixar de mencionar, mas este episódio todo se desenrola em tempo real. Mas… E quanto a Kramer? Exato. O impagável Michael Richards infelizmente encontra-se ausente deste que seria um cenário maravilhoso para seus tiques faciais e comentários curiosos, mas a decisão veio diretamente de Seinfeld e David, que acreditavam que o personagem deveria ser um ermitão excêntrico que jamais sairia de seu apartamento – com a popularidade de Kramer aumentando no futuro, não é surpresa que isso mudaria muito em breve.

A segunda temporada de Seinfeld é um nítido aprimoramento da primeira, contando com um humor inteligente e melhor desenvolvido, além de situações mais criativas e que desafiavam a própria estética da sitcom. E era só o começo.

Melhor: The Chinese Restaurant
Piorzinho: 
The Statue

Seinfeld – 2ª Temporada (EUA, 1991)
Criadores:
 Jerry Seinfeld, Larry David

Direção: Tom Cherones
Roteiro: Jerry Seinfeld, Larry David, Peter Mehlman, Larry Charles
Elenco Principal: Jerry Seinfeld, Jason Alexander, Michael Richards, Julia Louis-Dreyfus, Wayne Knight, Barney Martin, Liz Sheridan, Jerry Stiller, Estelle Harris
Duração: 22 minutos (cada episódio)

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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