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Crítica | Seinfeld: 6ª Temporada – Sem Saída

Começa mais um ano para Jerry Seinfeld e Larry David. Em Setembro de 1994, a sitcom sobre o nada embarcava em seu sexto ano na NBC. Uma mudança relevante aqui é na direção dos episódios, que colocava Andy Ackerman no lugar de Tom Chaperones, que enfim descansaria após dirigir todos os episódios anteriores. E é isso. Com 6 anos sobre o cotidiano, o que Seinfeld e David têm reservado para o público? Enfim haverá um esgotamento da série? Negativo, felizmente.

A temporada começa disparada com The Chaperone, no qual vemos Jerry começando a namorar uma candidata à Miss America, para total preocupação de Kramer, revelado como um ávido fã do programa e interessado em treiná-la para assumir a coroa. Do outro lado da cidade, a Elaine Benes de Julia-Louis Dreyfous embarcaria em um novo emprego que lhe tomaria todo o tempo da temporada: assistente pessoal do excêntrico milionário Sr. Pitt (o ótimo Ian Abercrombie), que lhe incumbe de tarefas banais como comprar meias e vasculhar as ruas de Manhattan atrás de lápis. E seguindo as consequências de sua nova filosofia do contrário, encontramos George Costanza com um vantajoso emprego na manutenção dos New York Yankees, tendo em sua primeira contribuição para o time de beisebol a troca de uniformes de poliéster para de algodão; esperem muitos diálogos seinfeldianos brilhantes sobre as vantagens que um tecido tem sobre o outro.

É uma estrutura divertida e livre para a temporada: Jerry permanece nas desventuras amorosas, Elaine com as confusões do Sr. Pitt e George lidando com os Yankees. E Kramer, bem, sendo Kramer, o que é sempre algo maravilhoso e hilário. Mas, novamente, não é uma regra. Os irreverentes encontros de Elaine rendem situações impagáveis, como em The Label Maker, onde a moça tenta uma chance com o dentista Tim Whatley (vivido por um sagaz… Bryan Cranston!), apenas para descobrir que este é um “re-gifter”; aquele quem presenteia o presente recebido. Whatley felizmente torna-se um coadjuvante recorrente, marcando presença também em The Mom & Pop Store, onde é o centro da narrativa pela dúvida de Jerry se teria sido ou não convidado para sua festa de Ação de Graças (sua análise de entonação das palavras é genial, e algo que todos nós podemos levar para a vida). E por falar nesse episódio, impossível não mencionar a hilária subtrama na qual George acredita ter comprado um carro que outrora pertenceu ao ator Jon Voight, que faz uma participação especial simplesmente inacreditável com Kramer.

Por falar em Kramer, temos uma das revelações mais aguardadas pelos fãs da série: o primeiro nome do vizinho maluco vivido por Michael Richards. Graças a uma participação especial de sua mãe, Babs (Sheree North), descobrimos em The Switch que seu nome completo é Cosmo Kramer. É um daqueles nomes que simplesmente parecem bons demais para ser verdade, e a reação do grupo diante da descoberta é hilária. E já que estamos falando sobre este episódio específico, vale apontar o dilema passado por Jerry e George, que tentam dominar “um segredo que muitos homens antes de nós tentaram e falharam miseravelmente”, que consiste de uma “troca” de parceiras de um relacionamento: Jerry fica frustrado por sua namorada não rir de suas piadas, então tenta de tudo para conseguir – de maneira civilizada – trocar para a amiga desta, com quem tem uma química muito melhor. A resposta encontrada por George é… Genial, mas revela-se uma faca de dois gumes (claro) ao envolver um ménage a trois… Desafio qualquer um aí a tentar essa na vida real.

Um dos clássicos da temporada é The Jimmy, onde conhecemos o tal Jimmy do título. O curioso desse personagem específico é sua mania de referir a si próprio na terceira pessoa, o que rende uma confusão muito bem explorada em alguns diálogos (“O Jimmy gosta de você”, “Jimmy está ficando com raiva”) e situações, como a desventura provocada com Elaine. Só um dos excêntricos personagens da temporada, que incluem o porteiro sarcástico de Larry Miller em The Doormana ginasta uncraniana em The Gymnast e um inesperado retorno de Poppie (o chef que não lava as mãos após usar o banheiro, que vimos na temporada anterior) em The Couch, com uma das mais bizarras vinganças que já vi na vida. Aliás, esse mesmo episódio traz uma das várias metáforas ocultas espalhadas pela série, na qual o restaurante de fazer a própria pizza de Poppie ganha um paralelo muito sutil com a prática do aborto (“Não é uma pizza até o momento em que você coloca no forno”). Muito esperto.

E, claro, temos The Race. É mais um daqueles episódios sensacionais em que temos uma dramatização forte do cotidiano, quando um antigo colega de colégio de Jerry retorna para assombrá-lo sobre uma corrida na qual este teria trapaceado na educação física. Mesmo recusando (“I choose not to run!”), Jerry aceita uma revanche, sobrando referências à Lois Lane e um memorável uso do tema de Superman de John Williams. Paralelamente, temos uma sátira ácida do comunismo ao termos Elaine se orgulhando de namorar “um comuna”, e este influenciando as outras narrativas ao apresentar sua visão ideológica para Kramer, recém contratado como Papei Noel de um shopping, e George, encantando com os anúncios de solteiros do jornal comunista local; no qual “aparência não importa”. Quem diria que um episódio sobre corridas terminaria com uma inesperada visita a Fidel Castro.

Uma ótima temporada, como sempre, mas o que viria a seguir representariam os anos mais importantes da série.

Melhor: The Switch
Piorzinho: 

Seinfeld – 6ª Temporada (EUA, 1994-95)
Criadores:
 Jerry Seinfeld, Larry David

Direção: Andy Ackerman
Roteiro: Jerry Seinfeld, Larry David, Peter Mehlman, Larry Charles
Elenco Principal: Jerry Seinfeld, Jason Alexander, Michael Richards, Julia Louis-Dreyfus, Wayne Knight, Peter Crombie, Barney Martin, Liz Sheridan, Jerry Stiller, Estelle Harris
Duração: 22 min. (cada episódio)

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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