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Crítica | Star Wars: Provação

Quando a capa de divulgação de Provação foi revelada – especificamente sua edição em português, lançada pela editora Aleph – fiquei muito empolgado. Afinal, talvez tenha sido o primeiro vislumbre de nossos queridos personagens no então futuro filme da saga, O Despertar da Força. Luke Skywalker ao centro, de barba com certo peso da idade já aparente, junto com seus parceiros de longa data, só contribuiu no crescimento de meu hype, mesmo sabendo que todo o selo Legends seria ignorado na cânone principal.

Infelizmente, a presença deste trio tão icônico não torna a saga Star Wars isenta de produtos tão ruins, como é o caso deste Provação.

Estamos 45 anos depois de Uma Nova Esperança. Após várias guerras e aventuras, nossos heróis Luke, Han e Leia achavam que estariam enfim em paz, entregando às próximas gerações o dever de proteger a galáxia. No entanto, agora mais velhos, novos problemas surgem no caminho, fazendo com que retornem à ativa, enfrentando novos inimigos: os gêmeos Qreph.

Bem, dentre vários problemas a se ressaltar, o maior deles talvez seja os personagens.

A começar pelos vilões, dignos de inveja ao George Lucas da trilogia prequela. Se você achou que não haveria nada mais ridículo em termos de visual e presença do que Jar Jar Binks, Troy Denning quase chega perto, não fosse a relevância maior dos irmãos. Marvid e Craitheus são alienígenas da espécie Columi. Suas cabeças são enormes, desproporcionais a seus corpos finos e nada resistentes, e para se locomover usam o chamado “energicorpo”.

Entre a dupla, o autor tenta diferenciá-los caracteristicamente: Marvid é mais calculista, enquanto Craitheus é mais explosivo, sempre colocando um tom maior de intimidação em suas negociações. Tendo essa diferença, vez ou outra Denning aposta em um conflito interno entre ambos, mas logo é abandona a questão já que seus objetivos são os mesmos. E se tem uma coisa que é doído de se ler neste livro, são as vezes em que o autor nos coloca nos pensamentos de Marvid. Numa tentativa falha de se “humanizar” o personagem, seus desejos mais imundos vêm à tona, tornando o efeito contrário, talvez na situação mais vergonhosa que já li. (Um exemplo, seus pensamentos sobre Savara Raine.)

A respeito dos personagens consagrados, Luke, Leia, Han, em nada eles conseguem contribuir com a história, a não ser o fator nostalgia. Lando Calrissian aparece em destaque, surge até mesmo carismático se comparado aos outros, mas também desinteressante. A sua história é o principal fator de andamento da trama. Outra situação torturante aqui presente, é como personagens tão experientes, marcados em sua carreira pela espontaneidade, demoram para tomar atitudes óbvias.

Savara Raine é a personagem overpower. Revela-se como outra pessoa de uma maneira simplesmente jogada pelo autor. Já Dena Yus, sua história é velha e já passada: chantageada pelos irmãos Qreph e correndo risco de vida, é obrigada infiltrar-se na refinaria de Lando, sabotando todo o local matando milhares. Detalhe aqui, não há peso nenhum nesta situação devido à narrativa inexistente. 

A escrita de Denning é totalmente perdida. Por vezes o autor perde o foco nos capítulos, não sabendo qual é o protagonista da trama. Nos sentimos perdidos quando subitamente somos passados sobre outra perspectiva. Em falas cuja intenção é o sarcasmo, não se nota esta intenção. Os diálogos no geral são um tédio tremendo, assim como a ação.

O autor também tem uma péssima construção de cena e espaço. Sua descrição é absurda, fazendo com que a leitura seja um quebra-cabeças a ser decifrado. Por vezes temos que reler determinado parágrafo, ou página, para entender em que lugar o personagem está, quais suas intenções para passos seguintes.

Star Wars: Provação é uma tristeza. Talvez nem mesmo o fã mais radical seja capaz de divertir-se nas intermináveis 408 páginas. A péssima estrutura assinada por Troy Denning é a pior que já vi em um livro. Sem dúvidas, uma péssima experiência, a qual me enfurece por obter o título de uma saga tão apaixonante e incrível. Passem longe!

Escrito por Kevin Castro

Redação Bastidores

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