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Crítica | The Walking Dead: 8ª Temporada – A misericórdia no apocalipse

Desperdício. Não há outra palavra que possa definir o que foi a 8ª temporada de The Walking Dead. Trazendo como pano de fundo a tão alardeada Guerra Total entre os membros da Resistência e os Salvadores, o que vimos foi uma temporada onde havia pouco a ser contado, e uma quantidade de episódios que precisava ser preenchida.a

Essa guerra, como já dito anteriormente, funciona como pano de fundo para todo o desenrolar da temporada, onde os diversos núcleos narrativos são desenvolvidos. O curioso é que, salvo raras exceções, quase todos os personagens enfrentam situações e dilema que recebem por subtexto a misericórdia perante a situação. Sim, conforme o próprio título do primeiro episódio, toda a temporada também tem esse ponto como determinante no desenrolar da história.

EPISÓDIOS DE MAIS, HISTÓRIA DE MENOS

Esse é um problema que apareceu principalmente na 7ª temporada da série, e agora, na 8ª, por vezes voltou a se repetir. Como dito anteriormente, o sub-texto envolvendo a questão da misericórdia rondou constantemente os episódios. Porém, ao invés de trabalhar esse subtexto em momentos melhor escolhidos, ou talvez manter o foco nos personagens mais interessantes, que possuem capacidade de causar mais impacto no andamento da história, o que foi visto foi um excesso na utilização do tema, talvez por conta da própria necessidade de atingir a cota de episódios e dar alguma função ao extenso grupo de personagens principais e coadjuvantes. Os únicos personagens onde o tema realmente causou resultados importantes ao seriado foram Rick e Carl, os quais tiveram seus arcos diretamente conectados com o tema.

Pontos que poderiam ser melhor explorados, como o rei Ezekiel, protagonista de um dos melhores episódios da temporada, Some Guy, foram completamente subaproveitados, quando paramos para observar a temporada como um todo. Também entra nessa questão o lixão comandado por Jadis, onde tivemos apenas pequenos vislumbres de toda sua organização, antes deste ser destruído por Simon.

NEGAN

Outro desperdiçado pela temporada é Negan, e a isto novamente atribuo a responsabilidade pelo trabalho textual da temporada. Após todo o impacto causado em sua chegada, ainda na 7ª temporada, Negan aos poucos foi perdendo aquela aura de grande vilão que trouxe consigo em seu surgimento. Ao invés disso, fomos brindados sim com momentos mais íntimos, que tem seu mérito por dar mais camadas ao vilão, como quando vemos nele uma tristeza genuína pela morte de Carl, além de reforçar outras questões já previamente expostas anteriormente, como sua frieza e calculismo, vide suas atitudes no final da temporada, onde utiliza-se de seu pragmatismo para complicar a vida de dois antigos aliados, Simon e Dwight. Porém, se por um lado houve esse aprofundamento, por outro, qualquer aura de vilão inescrupuloso acabou sendo atenuada.

RICK E CARL

Aqui talvez o elemento mais importante de toda a temporada, responsável inclusive pelos rumos finais da Guerra. Logo no primeiro episódio, Mercy, pequenos vislumbres de um suposto futuro, onde a paz tomava conta, foram soltos no episódio, onde, não por acaso, fomos apresentados a oposição das visões de Rick e Carl para os rumos daquele mundo. Toda a situação da primeira aparição de Siddiq exemplifica bem isso, com Carl querendo ajudá-lo enquanto Rick o espanta, acreditando que este poderia ser um inimigo, e Carl também fala ao pai sobre esperança. Alguns episódios depois, em The King, The Widow and Rick, Carl desobedece o pai e ajuda o indiano, escondendo-o nos subterrâneos de Alexandria. O que aparentava ser apenas uma continuidade do arco de Carl, acaba sendo também o responsável pelo seu fim, uma vez que este acaba sendo mordido por um zumbi, levando-o a uma espécie de cruzada, escrevendo cartas e aproveitando seus últimos momentos.

Em uma dessas cartas, como pôde visto posteriormente, o personagem pede para que seu pai reconsidere os rumos que planeja dar a essa guerra, falando que uma aliança com Negan é possível. A leitura dessa carta após trair inimigos que o ajudaram, ao lado de Morgan, faz com que Rick tome a decisão que vimos no tão aguardando, e deveras decepcionante, confronto final entre a resistência e os Salvadores, uma atitude, em parte, piedosa e misericordiosa, que poderia ter sido melhor trabalhada, ao invés do resultado apressado e sem momentum algum, visto nos episódio final, o qual pareceu ter uma narrativa muito mais preocupada em correr e fechar pontas soltas do que valorizar o discurso tão repetido na temporada. Uma pena.

E AGORA?

O futuro da série é uma incógnita. Com o próprio showrunner admitindo que a nova temporada seguirá rumos totalmente diferentes aos vistos na série até agora, pouco podemos prever. Maggie, Daryl e Jesus, esse, por enquanto, sem motivação aparente, terminaram a temporada formando uma espécie de união contra Rick, uma vez que este acabou não matando Negan. Fora isso, apenas podemos supor uma coisa ou outra e aguardar para ver não só qual a nova linha narrativa, mas também se os antagonistas realmente serão os antigos aliados, ou se será algum outro personagem, por hora, desconhecido.

The Walking Dead – 8ª Temporada(Estados Unidos, 2018)

Showrunner: Scott M. Gimple
Direção: Michael Slovis, Greg Nicotero, Jeffrey F. January, Greg Nicotero, Michael E. Satrazemis, Dan Liu, Jason Boyd e Rosemary Rodriguez
Roteiro: Scott M. Gimple, Angela Kang, Matthew Negrete, David Leslie Johnson, Corey Reed, Channing Powell, Eddie Guzelian e John Polson
Elenco: Andrew Lincoln, Norman Reedus, Lauren Cohan, Danai Gurira, Melissa McBride, Lennie James, Josh McDermitt, Christian Serratos, Alanna Masterson, Seth Gilliam, Ross Marquand, Jordan Woods-Robinson, Katelyn Nacon, Jason Douglas, Tom Payne, Xander Berkeley, R. Keith Harris, Khary Payton, Karl Makinen, Logan Miller, Austin Amelio, Christine Evangelista, Steven Ogg, Jeffrey Dean Morgan, Seth Gilliam
Duração: 45 min(aproximadamente).

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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