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Crítica | Westworld – 01×02: Chestnut

SPOILERS!

Depois de um piloto arrasador e que já introduzia perfeitamente o admirável novo mundo que a HBO nos lançaria em Westworld, é incrível que o segundo episódio não deixe a peteca cair. Ainda roteirizado por Jonathan Nolan e Lisa Noy, este episódio é radicalmente diferente do anterior, por centrar-se agora em um pouco mais do núcleo humano, ainda que os enigmáticos Anfitriões tenham sua considerável parcela de tempo em cena.

Pra começar, somos apresentados a dois novos personagens humanos: Logan (Ben Barnes) e William (Jimmi Simpson), que estão prestes a chegar no parque e embarcar na jornada pela primeira vez. Esse núcleo é valioso por explorar com mais nitidez o universo onde o parque está inserido, assim como trazer ótimas cenas como a chegada de um trem futurista até a recepção de Westworld – em uma amostra do incrível design de produção de Zack Grobler – e o guardarroupa que oferece diferentes vestimentas do Velho Oeste para os personagens e Anfitriões que já oferecem seus serviços na entrada; tudo é permitido antes mesmo que os Recém-chegados pisem os pés na areia da cidade. A empolgação quase doentia de Logan em brigar e transar com tudo o que se mexe é bem contrastada pelo receio de William, um homem casado que estranha todo o realismo que a experiência proporciona. É um toque humano necessário que o piloto não havia introduzido com eficiência.

Deixamos o núcleo de William e Logan para voltar aos Anfitriões. A Dolores de Evan Rachel Wood tem uma participação consideravelmente reduzida, mas vital. Vemos que o incidente com seu “pai” acabou afetando sua programação; é como se um código lentamente a fizesse ter acesso a suas “memórias” (no caso, tudo o que os demais Recém-Chegados já lhe proporcionaram) e esse código rapidamente se alastra para a prostituta Maeve (Thandie Newton), que agora passa a ter flashes de um passado violento. É quando Chestnut fica cada vez mais intenso, fruto da direção habilidosa e atmosférica de Richard J. Lewis, capaz de construir uma inquietação e suspense pelo simples fator macabro da imagem dos Anfitriões encarando seus criadores com um olhar frio e sem vida – a performance de Newton nessa cena é particularmente sinistra, assim como a sequência subsequente em que Maeve acorda no laboratório de Westworld.

Falando neles, tivemos um bom tempo para passarmos ao lado do Dr. Ford de Anthony Hopkins. Dentro do parque, vemos Ford conversar com um jovem Anfitrião sobre alguns segredos que o local guarda, assim como a promessa de uma nova Narrativa para seu programador, Bernard (Jeffrey Wright). Hopkins entrega um desempenho formidável durante uma cena em que rejeita a nova proposta de Narrativa do ambicioso Lee Sizemore (Simon Quarterman), claramente enxergando ali que o parque não deve ser apenas um joguinho de truques e violência sem sentido – ainda que a maioria dos Recém-Chegados os vejam dessa forma, claro. 

Na questão de segredos e humanos sádicos, chegamos ao núcleo do Homem de Preto (Ed Harris). Com o misterioso mapa encontrado no escalpo de um índio morto, o implacável pistoleiro continua sua jornada para encontrar os “níveis secretos do jogo”. A busca o leva até o condenado Lawrence (Clifton Collins Jr.) e resulta em um tiroteio excepcional onde o Homem de Preto leva a maior vantagem, descobrindo novas pistas sobre sua jornada. A sequência também revela que o personagem também é vigiado pelos administradores do parque, mas que ignoram sua conduta violenta por tratar-se de mais um jogador. Ainda tenho minhas dúvidas quanto a real natureza do Homem de Preto, e este novo episódio só aumenta o mistério, vide sua aparição surpreendente durante o pesadelo de Maeve. Novamente um Nolan nos faz questionar se um sonho é real ou pura ficção. Coisa de família,  suponho…

Chestnut consegue ser ainda mais enigmático e eficiente quanto seu antecessor, colocando Westworld em uma linha de mistério cada vez mais próxima de Lost em seu auge. O elemento de ficção científica e o temor da inteligência artificial continuam fortes, e a constatação de que “esses prazeres violentos têm fins violentos” está galopando cada vez mais próxima da realidade.

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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