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“Estou me lixando para a crítica”, diz Michael Bay em coletiva em São Paulo

Michael Bay adora o Brasil pelo jeito. Em mais uma visita – a última foi no Rio de Janeiro, em 2014, para promover Transformers: A Era da Extinção – o diretor retorna agora acompanhado da atriz-mirim Isabela Moner para conversar um pouco mais sobre o novo filme da franquia que estreia na semana que vem em todo o Brasil.

“Steven e Eu”

Em uma conversa curta de respostas rápidas, Bay comentou sobre os dez anos de franquia. “Na verdade, tudo começou com o Spielberg. Ele teve a ideia de contar a história de um garoto normal indo comprar o seu primeiro carro. A surpresa seria que esse mesmo carro era também um Transformer. (…) O mais complicado foi adquirir os direitos com a Hasbro. Tinha adorado a ideia e botava fé no projeto, por isso, acabei indo conversar com o CEO deles. Lá, a primeira coisa que notei no escritório do cara, era um pôster gigante da animação dos Transformers. Então perguntei o que ele acharia de ver esses robôs com visual extremamente realista, mas que ainda preservasse toda a identidade da série em um filme muito divertido também pensado pelo Spielberg. E pronto. Foi assim que começou essa parceria. ”, contou o diretor.

O mais interessante foi a postura totalmente honesta e consideravelmente desbocada que o Bay manteve durante toda a coletiva no hotel Unique em São Paulo. Com poucas perguntas ácidas, Bay se sentiu à vontade para falar que tem plena noção que os filmes Transformers são completamente bizarros, uma mistureba de gêneros, com elementos gigantescos e muitos personagens. Mas também afirmou que, durante os 5 longas, encontrou oportunidades de criar novos elementos que tornam cada aventura realmente única – não pela narrativa em si, mas pelas set pieces que realmente são inesquecíveis, afinal, querendo ou não, Bay ainda dita muito bem as tendências de ação que diversos outros blockbusters seguem (principalmente os de super-heróis).

Em praticamente sua única pergunta, Isabela Moner contou a experiência de enfrentar logo um blockbusters milionário como seu primeiro filme. “Eu não assistia os filmes Transformers quando muito nova, afinal o primeiro estreou quando eu tinha 6 anos de idade. Então para me preparar, assisti todos em uma maratona. Depois assisti outras obras da filmografia de Bay. Isso me ajudou a ficar preparada para os desafios que ia encarar no set: pirotecnias intenção e trabalho de dublês. Fiz algumas de minhas proezas e foi bastante divertido. Logo no primeiro dia, o Michael me perguntou se eu sabia operar um extintor de incêndio. Disse que sim, afinal meu pai é bombeiro. Então realmente iniciaram um fogaréu em uma cortina para que eu apagasse! Foi uma loucura!”, compartilhou com entusiasmo.

“Experiências cinematográficas”

Quando indagado sobre a popularização do streaming e do fato de muitos espectadores estarem assistindo filmes em telas cada vez menores, Bay foi enfático em responder: “Faço filmes que são verdadeiras obras para serem assistidas nos cinemas. ”. Com razão, o diretor disse que faz tudo ser gigantesco, absurdo e barulhento para colocar sempre a tecnologia no limite – o clímax de O Último Cavaleiro é o mais surtado de toda a franquia. “Não posso afirmar com categoria para onde a indústria está caminhando. São tempos estranhos. Mas, com certeza, o Cinema deve diminuir em quantidade. Aponto a pirataria como um problema genuíno. ” – é pertinente ele afirmar isso quando esse quinto Transformers é também o menos rentável, mas um dos mais baixados em versões CAM em sites de torrents.

Para o futuro, Bay é otimista. Mesmo participando na produção dos próximos filmes, o diretor não revelou nada. Apenas disse que gostaria muito de ver um filme “menor” nesta franquia, com menos personagens e mais tempo de realmente desenvolvê-los. Bay também elogiou Moner em uma cena-chave da obra, na qual realmente exige apelo emocional da atriz que consegue entregar as lágrimas e expressões necessárias mesmo atuando com o “nada”, afinal os robôs são inseridos na pós-produção desses filmes. O mais interessante desse momento da coletiva, foi o tempo que o diretor revelou para finalizar toda a produção: apenas 18 meses. Disse que a indústria exige cada vez mais velocidade em filmes verdadeiramente massivos o que acaba atrapalhando todo o processo de montagem. “Admito que queria muito ter mais tempo para editar mais esse Transformers. Infelizmente, não houve muita conversa com o estúdio, mas acredito que irei ajustar algumas coisas para a edição em home video desse filme.”, prometeu. 

Falando sobre referências nesse Transformers, a imprensa não deixou de perguntar se o novo robô Cogman tinha seu visual inspirado em C-3P0 de Star Wars. Bay disse que fez questão de frisar isso em um diálogo no filme. Bad Boys também foi tópico de discussão. O povo ainda quer Bad Boys 3 e Michael respondeu: “Quando isso enfim acontecer, eles serão Old Boys.”. Sem falar muito sobre esse projeto, o diretor contou como foi difícil vender o filme para o estúdio na época, já que os executivos não acreditavam que uma história protagonizada por negros faria sucesso internacionalmente. “Ainda moleque, com pouco dinheiro e pouca fé do estúdio, tive essa vitória pessoal. Provei que eles estavam errados depois do sucesso estrondoso que o filme causou. ”.

Armagedom

Como de costume, as perguntas complicadas surgem no final da coletiva. Aqui não foi diferente. Bay levou uma enxurrada de uma vez só: o que sentia ao ser indicado para o Framboesa de Ouro (premiação ingloriosa da indústria), sobre as recepções críticas da franquia, etc. O diretor deu um sorriso cínico, pois já passou por essa muitas vezes antes. Respondeu com firmeza, despreocupadamente e com um sorriso no rosto: “Estou me lixando para a crítica. Não leio o que escrevem sobre meus filmes ou do que falam de mim nos jornais. Aliás, uma vez perguntei para um repórter porque vocês (imprensa) pegavam tanto no meu pé. Ele respondeu: ‘Porque você fez sucesso muito rápido e ainda muito jovem.’ – Bay só tinha 30 anos quando explodiu tudo com Bad Boys em 1995. (…) Eu nunca fiz filmes para vocês (a imprensa), mas sim para o público. Eles que entendem do negócio fazendo a indústria girar. Consegui trazer lucros bilionários e levar entretenimento para milhões de pessoas ao longo de toda a minha carreira, em especial com os filmes Transformers. Eu fui um dos principais cineastas a firmar a linguagem do blockbuster moderno.”, finalizou.

Parece que Michael Bay tem total noção do que faz e da sua importância na indústria. O que o futuro irá dizer é o quão descartável seu nome pode ser, caso seus filmes não deem lucro como ocorreu com o 5º Transformers. Como diversas vezes já aconteceu em Hollywood, ninguém é insubstituível. Mas, sinceramente, só espero boas oportunidades para Bay continuar sua trajetória polêmica com novos filmes. Querendo ou não, ele traz bons momentos que são aperfeiçoadas em outras obras.

Transformers: O Último Cavaleiro estreia no Brasil no dia 20 de julho. Leia a nossa crítica!

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Publicado por Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema seguindo o sonho de me tornar Diretor de Fotografia. Sou apaixonado por filmes desde que nasci, além de ser fã inveterado do cinema silencioso e do grande mestre Hitchcock. Acredito no cinema contemporâneo, tenho fé em remakes e reboots, aposto em David Fincher e me divirto com as bobagens hollywoodianas.

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