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O Homem da Sua Vida | Entrevista com os atores Ângela Dip e Augusto Madeira

Na última quarta-feira (14), o Bastidores compareceu ao QG da emissora HBO para conversar com exclusividade com os atores Augusto Madeira e Ângela Dip, protagonistas da mais nova série de comédia intitulada O Homem da Sua Vida, cuja história gira em torno de um homem que é contratado por uma agência de relacionamentos para encarnar o “príncipe encantado” de clientes iludidas e então quebrar seus corações ao trazê-las de volta para a realidade.

Confira a transcrição da sessão de perguntas e respostas:

Quais foram suas inspirações para os personagens?

Augusto Madeira: Olha, vou dizer: o sonho de todo intérprete é ter um bom roteiro, certo? Então, você tem um personagem como o Hugo Machado que tem toda uma base de vivência – ele é viúvo, tem um filho, perdeu o emprego, e então se depara com uma proposta indecente que sua prima faz para ele – é simplesmente incrível. E eu me sentia sabe como? Como um anfitrião durante as gravações. Nós íamos recebendo todo dia no set atrizes, colegas muito talentosos, competentes. É como se a gente estivesse em casa. Foi muito prazeroso.

Agora, uma inspiração específica em alguém eu não tive. Mas por ser um roteiro do [Juan José] Campanella – e eu ser muito fã dos filmes argentinos -, há bastante equilíbrio entre o humor fino e o drama, e eles conseguem criar personagens com os quais nos identificamos muito bem. Então eu fui muito nessa linha, me inspirando nele.

Ângela Dip: Bom, eu também sou muito fã dos filmes argentinos e eu estava assistindo há alguns deles recentemente. Mas eu não me inspirei em ninguém para interpretar a Glória – e inclusive, achei ela muito diferente do que eu esperava quando assisti aos episódios.

Como a série foi gravada em 2014, talvez esse tempo tenha causado um estranhamento, não?

AD: Sim, sim, é verdade. Porque quando eu olhei, eu pensei “Nossa. Ela é meio cinza, meio amarga, ela chama as pessoas de idiotas, de babacas, ela é muito agressiva”. E eu não senti isso quando estava interpretando. Ela ficou bem diferente do que eu imaginei.

AM: E o grande barato de Glória é que ela resolve a vida amorosa de todo mundo. Mas a dela mesma, ela não consegue. Esse é o grande paradoxo.

AD: E eu achei que a série nunca mais ia passar! Eu estava falando sobre isso mais cedo. Afinal, essa série é uma contação de histórias. Ela não tem violência, não tem sexo, não tem homem vestido de mulher, fazendo um humor escrachado. Eu pensei que não havia mais lugar para algo como esse, porque atualmente todos os programas são desse jeito. Sexo, drogas, sangue, um humor bem pesado.

AM: O mais engraçado é que, além disso, essa é uma série que conversa com o mundo contemporâneo. Ela fala sobre pessoas procurando uma agência de relacionamento, funcionando como um pré-Tinder. E as relações estão baseadas na mentira, ainda que no fundo tragam um pouco de verdade. O próprio personagem vive desse modo, porque ele faz o seu papel, mentindo sobre sua personalidade, mas se sente mal por fazer isso. Ele começa a entender as mulheres e o porquê delas se submeterem àquilo. E por fora ele vai resolvendo esses problemas, só sentindo completamente realizado quando ambos estiverem felizes.

AD: E enquanto isso, a Glória é extremamente egoísta. Ela só fica pensando na grana e em seu negócio. Apenas quando ela está com o sobrinho é que a humanidade vem à tona.

Cada episódio tem um começo e um fim, ou eles se completam ao longo da temporada?

AM: Todo episódio se inicia e se encerra em um determinado cliente, mas há uma história que acompanha a série inteira que é a dos personagens fixos: Hugo, Glória, Padre Francisco, Gabriel e a professora do Gabriel, que aparece um pouco mais para a frente. A história desses cinco protagonistas se desenvolve ao longo dos treze capítulos. Em cada episódio, há um personagem coadjuvante que entra como base para a trama.

E como foram as filmagens da série?

AM: Bom, tudo foi filmado em São Paulo, mas o pessoal tomou bastante cuidado para que a cidade se tornasse global. Ou seja, ela poderia se passar por qualquer outra do planeta Terra sem que percebêssemos. A gente não bate o olho e fala: “Isso é bem a cara de São Paulo”. Até dá pra diferenciar a Galeria do Rock, o Parque do Ibirapuera, mas nós procuramos tornar a cidade bem arborizada.

AD: Nós também filmamos na cidade de Bom Jesus de Pirapora, na qual ocorrem todas as cenas da Igreja e com o Padre Francisco. As imagens externas, principalmente a fachada, foram feitas no Alto de Pinheiros. Gravamos em Santana do Parnaíba, que fica um pouco depois de Barueri.

Houve alguma locação de estúdio ou construção de cenário?

AD: Pra falar a verdade, não. Nós gravamos na casa do Marcelo Jaquot, ali perto da Vila Madalena.

AM: As coisas ficaram um pouco corridas depois de um tempo, porque gravamos treze episódios de uma hora cada. Se fizermos as contas, isso é o equivalente a seis, sete longas, aproximadamente. É como se tivéssemos emendado vários filmes em um só, e fazendo tudo isso em dezessete semanas corridas.

AD: E nós tínhamos que dar um jeito de casar os cronogramas de outros projetos com as filmagens da série, sem falar que todas as diárias começavam bem cedo, por volta das cinco horas da manhã, para colocar a maquiagem, para arrumar o figurino, confirmar todas as cenas e essas coisas.

AM: Talvez o maior desafio tenha sido o casamento entre todas essas gravações. Apesar de estarmos bem acostumados com a falta de cronologia, precisávamos estar bem atentos à cena que iríamos gravar. O Daniel, por exemplo, decidiu filmar toda a sequência na Igreja de uma vez. Então em um momento, o Hugo e o Padre se conhecem, e cinco minutos depois estávamos nos preparando para um momento no último episódio, no qual eles já haviam se tornado grandes amigos.

E como foi o processo de escolha do elenco?

AD: Quando eu fui chamada, o Augusto já tinha sido escalado como protagonista. Mas eu me lembro de que o Daniel me chamou pra fazer o teste e me disse que queria muito que eu fizesse, e era uma cena bastante dramática, envolvendo o arco de Glória não poder ter filhos. O Daniel até me mandou o roteiro com uma mensagem dizendo que era super fã da Penélope e essas coisas.

E além disso, foi bastante proveitoso trabalhar com três personalidades tão adoráveis e tão diferentes. Nós lemos durante a primeira reunião os primeiros capítulos, tivemos uma conversa bem longa sobre os personagens e uma preparação intensa com o diretor de atores antes mesmo de colocarmos o pé no cenário.

Os treze episódios de O Homem da Sua Vida estreiam no dia 08 de janeiro de 2017 com exclusividade no canal HBO. A comédia vai ao ar todos os domingos, às 21h.

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Publicado por Thiago Nolla

Thiago Nolla faz um pouco de tudo: é ator, escritor, dançarino e faz audiovisual por ter uma paixão indescritível pela arte. É um inveterado fã de contos de fadas e histórias de suspense e tem como maiores inspirações a estética expressionista de Fritz Lang e a narrativa dinâmica de Aaron Sorkin. Um de seus maiores sonhos é interpretar o Gênio da Lâmpada de Aladdin no musical da Broadway.

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