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Lista | Os 10 Melhores Diretores no Cinema de 2017

O resultado de um filme é o resultado da visão de seu diretor.

Em 2017, tivemos grandes trabalhos de homens e mulheres por trás das câmeras, nos mais variados gêneros e estilos cinematográficos, desde grandes blockbusteres até filmes indies mais intimistas. Com isso, a equipe do Bastidores selecionou aqui os 10 melhores trabalhos de direção para filmes lançados este ano.

Confira:

10. Kathryn Bigelow | Detroit em Rebelião

Depois de dois filmes pesados sobre a Guerra do Iraque, a cineasta Kathryn Bigelow volta suas lentes para um assunto diferente, mas não sem sua carga de espinhos: conflitos raciais nos EUA, especificamente as revoltas de Detroit nos anos 60. Através de uma mistura convincente entre imagens de arquivo e sua câmera tradicionalmente jornalística, sempre na mão e incessante, Bigelow faz de Detroit em Rebelião um retrato realista e imersivo daquela situação. O grande mérito de seu trabalho, porém, vem na aterradora sequência do hotel, onde o espectador fica preso com os personagens em meio a uma batida policial conduzida pelo desprezível personagem de Will Poulter, e é aí que Bigelow nos pega pelo pescoço, e demora para soltar. Alguns dos momentos mais tenebrosos do ano estão ali, e Bigelow se sobressai.

9. James Gray | Z – A Cidade Perdida

James Gray é um dos nomes que, infelizmente, não tem todo o destaque que merece no cinemão americano. Dono de um estilo clássico e que faz evocar uma Hollywood clássica, seu trabalho em Z – A Cidade Perdida é de uma sofisticação impressionante, conduzindo uma história longa e épica em um espaço de tempo enxuto e conciso, lidando com diversas set pieces e períodos temporais. Gray também merece aplausos pelo clima de aventura e mistério envoltos na jornada de Percy Fawcett, algo particularmente forte durante os momentos em que os personagens interagem com as tribos na Amazônia. Seu próximo filme será uma ficção científica, e só podemos salivar de antecipação.

8. Barry Jenkins | Moonlight: Sob a Luz do Luar

Barry Jenkins traz o triunfo de ter realizado o vencedor do Oscar de Melhor Filme, Moonlight, com um orçamento surpreendentemente baixo, de 1,5 mihões de dólares. São números baixíssimos, mas seu talento como diretor é algo absurdamente impressionante com os três atos que acompanham a vida do protagonista Chiron, com uma câmera sempre em movimento, na mão e que acompanha seus personagens através de elegantes planos longos. A delicadeza também é uma característica forte de Jenkins, especialmente ao explorar a sexualidade do protagonista nos diferentes atos da projeção, assumindo assim uma câmera mais fixa e um pacing mais silencioso e contemplativo, como a belíssima cena do primeiro beijo na praia e toda a sequência do reencontro entre Chiron e Kevin. Definitivamente um nome para seguirmos de perto. 

7. Julia Ducournau | Raw

Reponsável por fazer muitos passarem mal e desmaiarem no Festival de Cannes do ano passado, o trabalho de Julia Ducournau no marcante Raw é um dos motivos que o fazem tão memorável. Só a premissa inquietante já é o bastante para deixar o espectador nervoso, ao explorar o início do gosto de uma garota pelo canibalismo, e Ducournau faz jus a essa premissa ao trazer uma narrativa tensa, repleta de imagens perturbadoras e um uso incomum de cores, que ajudam a criar um universo diferente e assustador, e ainda belo, plasticamente. E claro, a diretora não apela para um gore estilo George A. Romero, mas basta dizer que as cenas de Raw que envolvem o canibalismo são feitas de forma apropriadamente incômodas, e que certamente caem melhor com o estômago vazio.

6. Edgar Wright | Em Ritmo de Fuga

Hollywood, conheça Edgar Wright. Após anos limitado a um público de nicho, adoradores de sua ótima trilogia do Cornetto na Inglaterra ou sua breve passagem pela nerdice canadense, Em Ritmo de Fuga marca a estreia de Wright no grande cinemão americano. E o cineasta não poderia ter começado de forma melhor, com um filme que abraça os elementos dos gêneros heist e perseguição de carro, e seguindo a característica principal de seu protagonista, executa um verdadeiro balé com as diversas cenas de ação, sincronizadas com músicas pop através da montagem e de sua câmera inventiva; alguns dos planos sequência mais inventivos do ano estão aqui. Não há dúvidas, este é o filme mais caprichado de Edgar Wright até o momento.

5. Denis Villeneuve | Blade Runner 2049

O franco-canadense Denis Villeneuve merecia um agrado por simplesmente topar dar continuidade a um dos maiores clássicos do cinema de ficção científica, que muitos consideravam uma péssima ideia até seu lançamento. Comprovando as habilidades que tornaram seus últimos filmes grandes sucessos de crítica, Villeneuve faz o seu melhor para explorar o novo universo de Blade Runner 2049, ao manter o ritmo mais lento do original (o silêncio da longa caminhada de K em Las Vegas é um triunfo) e temperá-lo com uma abordagem mais próxima do detetive moderno, fazendo bom uso do espaço monumental, do equilíbrio de cores e até apostando em algumas cenas de ação bem controladas – vide a ótima luta na parede de água. Realmente, não havia ninguém mais apto a assumir as chaves do reino de Ridley Scott.

4. Damien Chazelle | La La Land: Cantando Estações

Tornando-se o mais jovem vencedor do Oscar de Direção até agora, Damien Chazelle aposta em coreografias elaboradas e uma variedade de planos sequência surpreendentes e movimentos de câmera verdadeiramente engenhosos para seu musical homenagem, já começando com o pé na porta durante a elogiada sequência de abertura que nos apresenta a um número musical sem cortes em meio a um engarrafamento em uma ponte. A câmera de Chazelle dança e movimenta-se com fluidez, ao mesmo tempo em que dá o espaço necessário para o inspiradíssimo casal protagonista e usa de efeitos da velha guarda, como o “chicote” (pans velozes de um plano ao outro que têm mostrado-se como sua marca registrada). Damien Chazelle é um talento nato, e tenho certeza de que estamos diante do início de uma grande carreira para o cinema americano.

3. Martin Scorsese | Silêncio

Projeto de paixão do cineasta Martin Scorsese, Silêncio foi uma obra que demorou para ver a luz do dia, tanto pelas complicações com direitos autorais e cronogram do diretor, quanto pela própria declaração de Scorsese sobre ainda não ter tido um “amadurecimento significativo” para contar a história de dois padres jesuítas sobrevivendo no perigoso Japão feudal do século XIV. E, de fato, o que o diretor demonstra aqui é um trabalho muito mais sereno e controlado do que suas narrativas de gângsteres, apostando em um ritmo mais lento, planos longos e abertos que revelem o ambiente perigoso onde os personagens encontram-se, e um intimismo que ilustra a complicada relação de fé entre o protagonista e seu Deus. Talvez seja o Scorsese mais maduro de toda a sua carreira, e definitivamente foi um prazer ter demorado tanto para contemplarmos este trabalho impecável.

2. Sofia Coppola | O Estranho que Nós Amamos

Sendo bem sincero, nunca vi grande coisa na filmografia de Sofia Coppola. Com exceção do magistral Encontros e Desencontros, a filha do lendário Francis Ford Coppola vinha devendo algo realmente especial que comprovasse seu talento, e eis que temos O Estranho que Nós Amamos, naquele que indubitavelmente é seu melhor trabalho como diretora até então. Em um trabalho que pode ser equiparado à condução de Stanley Kubrick em Barry Lyndon, Coppola faz um belo uso do minimalismo e das composições elaboradas para criar uma atmosfera tensa e que sempre parece provocar uma inquietação em relação a todos os personagens; seja pela sensação de estranho invasor do personagem de Colin Farrell, seja pela presença quase ameaçadora do grupo liderado por Nicole Kidman.

1. Christopher Nolan | Dunkirk

O nome de Christopher Nolan é um dos mais fortes a vir no cinema dos anos 2000, sem sombra de dúvida. Já acostumado com grandes espetáculos, super-heróis e viagens espaciais, o cineasta britânico se debruça sobre uma das histórias de guerra mais incríveis de todos os tempos, e faz com Dunkirk seu filme mais intimista e diferente. Com inspiração assumida nas narrativas do cinema mudo, Nolan aposta em uma narrativa de poucos diálogos, personagens propositalmente vagos e um senso de imersão na história sem igual. O espectador se sente naquela situação, e também todo o desespero dos soldados anônimos presos naquela situação. Seja pelas câmeras subjetivas, o trabalho sobrenatural para conduzir as impressionantes sequências de aviação em aspecto IMAX, ou a atmosfera aterradora movida por um inimigo invisível, o trabalho de Nolan em Dunkirk talvez seja o seu melhor até então. Mesmo em uma escala menor, a grandeza não escapa a este brilhante cineasta.

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Jordan Peele | Corra!

David Lowery | A Ghost Story

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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