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Oscar 2018 | Quais foram os esnobados e injustiçados nas indicações?

As indicações ao Oscar 2018 foram divulgadas hoje e, como de costume, encontramos diversas surpresas e confirmações de indicações que acabam nos deixando muito satisfeitos. Porém, é impossível escapar das famigeradas “esnobadas” da Academia, que sempre deixam alguma presença importante de fora.

Dito isso, vamos listar aqui os esnobados da vez:

Artista do Desastre

Melhor Filme, Melhor Ator

Alvo de novas acusações de assédio sexual, James Franco perdeu sua indicação a Melhor Ator, que estava praticamente garantida e até com certo buzz – depois de uma merecisa vitória no Globo de Ouro. É uma pena, já que Franco entrega a melhor performance de sua carreira na pele do excêntrico cineasta Tommy Wiseau em Artista do Desastre, um filme divertidíssimo que merecia também uma indicação para o maior prêmio da noite.

Três Anúncios para um Crime

Melhor Direção 

Visto como o grande favorito do Oscar 2018, Três Anúncios para um Crime sofre uma grave baixa com a ausência de Martin McDonagh entre os indicados para Melhor Direção. O que é uma pena, visto que seu trabalho é de se admirar, tanto pela condução habilidosa entre o drama e o humor negro, muito bem demarcada pela forma como dirige seu elenco, até seu trabalho de câmera, que inclui um dos planos-sequência mais impressionantes do último ano. McDonagh é o Ben Affleck de 2018, infelizmente.

Eu, Tonya

Melhor Filme, Direção, Roteiro Original e Maquiagem & Cabelo

Um dos melhores filmes do ano, é realmente incrível o que Craig Gillespie e toda a produção de Eu, Tonya conseguiram alcançar em um orçamento tão limitado. É um filme elegante, sarcástico e que conta muito bem uma história difícil, então é muito triste ver sua ausência nas categorias de Melhor Filme e Roteiro Original, tanto por essa condução eficiente, quanto pela habilidade do roteirista Steven Rogers em entregar uma prosa irreverente e regada em humor negro. Além disso, o trabalho de maquiagem em Allison Janney merecia mais atenção.

Projeto Flórida

Melhor Filme, Direção, Atriz (Brooklyn Prince) e Roteiro Original

O filme indie mais indie do ano, Projeto Flórida é uma experiência maravilhosa, e é triste ver que a Academia lembrou apenas da performance de Willem Dafoe. Sean Baker deveria ter sido lembrado tanto pelo filme quanto por sua direção certeira, que eficientemente captura o ponto de vista de uma demografia muito específica, fazendo-o com muito estilo e personalidade. E, claro, como alguém poderia esquecer de Brooklyn Prince? Dona da cena mais emocionante que eu já vi uma criança entregar, de longe.

Me Chame pelo Seu Nome 

Melhor Direção, Ator Coadjuvante (Michael Stuhlbarg)

Filmaço que felizmente garantiu merecidas indicações, Me Chame pelo Seu Nome merecia ainda mais. A direção de Luca Guadagnino é precisa e sutil, oferecendo uma visão maravilhosa e naturalista para uma história batida, mas que respira e transcende graças a esse comando excepcional. Além disso, era de se esperar uma indicação coadjuvante para Armie Hammer, mas quem realmente merecia ser lembrado é mesmo Michael Stuhlbarg, que mostra sua garra no surreal monólogo final do longa.

The Post: A Guerra Secreta 

Melhor Direção, Roteiro Original, Design de Produção e Mixagem de Som

Visto como um dos grandes favoritos em certo momento da corrida, The Post perdeu força considerável. Infelizmente, categorias importantes como Roteiro Original, o fantástico Design de Produção que recria as redações e mansões dos anos 60 e o excepcional trabalho de Mixagem de Som para comportar tantos diálogos e conversas paralelas. O filme de Steven Spielberg, que entrega um de seus trabalhos de câmera mais inspirados em anos, merecia muito mais.

Mãe!

 Melhor Atriz, Edição de Som e Mixagem de Som

Não só Mãe! foi completamente ignorado pela Academia, como ainda tivemos que engolir o filme de Darren Aronofksy sendo indicado para alguns Framboesas de Ouro… Pois bem, é de se espantar que o trabalho de Jennifer Lawrence, uma queridinha da Academia, tenha passado batido pelos votantes, visto que pode ser o melhor trabalho de sua carreira. Além disso, o bizarro thriller de Aronofksy tem um trabalho de som espetacular, e que infelizmente também acabou esnobado.

Doentes de Amor 

Melhor Atriz Coadjuvante (Holly Hunter)

Não sou um grande admirador da comédia romântica Doentes de Amor, tampouco concordo com a indicação em Roteiro Original. Porém, o melhor aspecto da obra acabou esquecido pela Academia: a performance de Holly Hunter, que vinha conquistando espaço em premiações de sindicatos, mas foi esnobada aqui.

O Estranho que Nós Amamos 

Melhor Direção, Roteiro Adaptado

Praticamente isento da temporada de premiações, o filmaço que premiou Sofia Coppola em Cannes foi completamente esquecido. Muito se fala sobre a representatividade feminina na categoria de direção e a campanha exagerada para Greta Gerwig, mas os “especialistas” claramente não prestaram atenção no magistral trabalho de Coppola em O Estranho que Nós Amamos. Sua ausência na direção infelizmente já era prevista, mas havia uma esperança de que ao menos o roteiro fosse lembrado.

Blade Runner 2049 

Melhor Direção, Roteiro Adaptado, Figurino e Trilha Sonora

Blade Runner 2049 é um filme que merecia muito mais destaque na festa. E por mais bonito que seja Logan sendo indicado a Melhor Roteiro Adaptado, se a Academia queria reconhecer algum blockbuster nesse seleto grupo de escritores, o trabalho de Hampton Fancher e Michael Green no filme de Denis Villeneuve seria muito mais digno. Além disso, por mais que o filme tenha abocanhado diversas indicações, Figurino e a bombástica Trilha Sonora fizeram falta.

It: A Coisa

 Melhor Roteiro Adaptado, Design de Produção e Maquiagem & Cabelo

Seguindo a linha de Logan ter sido indicado a Melhor Roteiro, acho injusto que o excelente trabalho de adaptação da obra-prima de Stephen King tenha sido esquecido, assim como o filme todo. Um dos maiores sucessos de 2017, e o maior filme de terror de todos os tempos em termos de arrecadação, a primeira parte de It: A Coisa também foi injustamente equecida nas categorias de Design de Produção (basta reparar no nível de detalhes na cidade de Derry) e, claro, na fantástica maquiagem que deixou Bill Skarsgard assustador.

Fragmentado 

Melhor Ator (James McAvoy)

Nunca houve chance disso, mas que tremenda injustiça é ver o trabalho de James McAvoy em Fragmentado completamente esquecido por todos. Protagonista do grande retorno de M. Night Shyamalan, o ator entrega tudo de si para viver o psicopata Kevin, que sofre de um transtorno de múltiplas personalidades. Uma atuação cheia de nuances, transformações e expressões. Não só merecia ser indicado, como duvido que os escolhidos pela Academia tenham feito um trabalho superior.

Mulher Maravilha 

Melhor Figurino

Foi reportado que a Warner teria feito uma campanha pesada para que Mulher Maravilha, grande sucesso da DC de 2017, fizesse a festa no Oscar. E depois de aparecer com algumas indicações técnicas em sindicatos e até marcar presença no PGA, eis que o filme de Patty Jenkins acabou completamente esquecido na premiação. Tudo bem que não era de se esperar tanto do filme, mas ao menos uma indicação a Melhor Figurino (que transcende as categorias de época, fantasia e contemporâneo) seria mais do que merecido.

LEGO Batman: O Filme

 Melhor Animação

Em um ano consideravelmente fraco para longas animados, é de se espantar que um dos mais agradáveis tenha ficado de fora. Melhor produção da linha LEGO até agora, o spin off LEGO Batman: O Filme é engraçado e dócil, e também uma das obras que melhor entendeu o conceito e a mitologia do Homem Morcego até então. Depois de Uma Aventura LEGO ter sido misteriosamente esquecido em 2015, fica evidente que a Academia tem algum problema com os bloquinhos montáveis…

Guardiões da Galáxia Vol. 2 

Melhor Maquiagem & Cabelo

Com apenas três indicados, a categoria atual de Maquiagem & Cabelo deve ser a mais fraca em anos. Fica a surpresa de Guardiões da Galáxia Vol. 2, um dos trabalhos mais inspirados e criativos do ano, tenha ficado de fora da seleção, que preferiu se concentrar em trabalhos menos fantasiosos, por assim dizer. Nonsense.

Quais foram as maiores injustiças do Oscar 2018?

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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