em

Análise | Assassin’s Creed: Black Flag

Falar sobre qualquer um dos games na franquia de Assassin’s Creed é uma tarefa no mínimo interessante. A história, desde o lançamento de seu primeiro game, sempre foi planejada como algo grande e ambicioso. O escopo e escala permitem uma possibilidade quase infinita de exploração. Desde o período inicial com as cruzadas, até Itália e Caribe, Ubisoft sempre surpreende com uma época nova e mais detalhes sobre essa batalha eterna entre assassinos e templários.

Black Flag, por outro lado, tira um pouco o foco deste o conflito para uma aventura bucaneira. Acompanhamos agora Edward Kenway, um capitão tornado pirata logo no início do jogo que adentrará a ordem dos assassinos. Será a sua memória que precisamos restaurar completamente. No entanto, do lado de fora do Animus, controlamos um personagem sem nome em primeira pessoa que está trabalhando para Abstergo. Seu objetivo é justamente coletar as memórias de Edward para a criação de um filme.

Jogabilidade

A decisão de dar uma respirada da história principal é certeira. Com um lançamento a cada ano, a franquia de assassinos mais famosa do mundo corria o risco de se tornar repetitiva. Mesmo que a necessidade de criar a conexão com o resto do universo acabe influenciando de forma negativa o jogo, essa conexão mal é sentida. Edward têm o sonho de uma utopia pirata, onde ele e seus homens possam ser livres de qualquer governo ou rei. Para isso, precisa se aliar com personagens diferentes (e interessantes) e participar em combates marítimos cinemáticos. Em grande parte da história o jogador entra em lutas rápidas e cheias de ação, com canhões fumegantes, pistolas e espadas. No entanto, existem algumas missões furtivas que já são marca registrada da franquia, mas que em Black Flag ficam deslocadas. Não existe a mesma empolgação de abordar um navio inimigo e sentimos mais como um dever do que algo divertido.

Quem quer se esconder no meio do mato quando temos isso à disposição?

De modo geral, os comandos são bem responsivos, permitindo agilidade em combates e em ataques furtivos. Claro que estamos falando de Assassins Creed, então prepare-se para muitos pulos errados que farão seu boneco cair no esquecimento enquanto você xinga exclama frustração. Mas direi isto; existe uma curva de aprendizado. Ao longo do tempo esses pulos para o além acontecerão com menos frequência e você se sentirá mais fluente em corridas e movimentação.

Não só a história é diferenciada como também a jogabilidade é pesadamente enriquecida com a modalidade de navios e a liberdade que o jogador têm a sua disposição. E vou dizer, não há nada mais delicioso nesse game do que entrar em um navio e sair para explorar. A exploração do mapa e da ilha é altamente gratificante. Ao chegar em um vilarejo qualquer, somos maravilhados com o visual espetacular caribenho. Cada ilha, cidade ou acampamento é diferenciado um do outro, com uma vista caprichada e bem construída.

Atividades Secundárias

O próximo passo é encontrar os pontos de sincronização, que são construções altas a serem escaladas. Ao chegar no topo, todas as informações sobre baús escondidos, garrafas com mapas, missões de assassinato e pontos de interesse serão disponibilizados no seu mapa. Com essa diversidade à disposição, resta ao jogador ir atrás das recompensas. E isso apresenta um grande trunfo de Black Flag: as atividades paralelas. Ao abrir um baú você pode encontrar ouro, jóias ou desenhos para evoluir seu navio. Em garrafas você encontra mapas para tesouros. Existem até os desafios onde você precisa seguir uma espécie de águia de fogo que, ao alcançá-la, adiciona mais uma música para você cantar com seus marinheiros em longas viagens.

E mais. Você pode caçar tubarões, fazer mergulhos em locais especiais, jogar jogos de tabuleiro nas tavernas ou caçar animais nas florestas. E, como dito antes, todas as essas missões lhe oferecem recompensas que valem seu tempo e esforço, enriquecendo ainda mais o mundo de Black Flag.

Escalar, sincronizar e pular. Marca registrada de Assassins Creed

Navios

As opções de navio são de longe a maior alteração para os games da série. Com ele você pode trafegar longas distâncias, entrar em combates intensos ou conquistar fortes. No jogo você controlará somente um navio (uma pena), o Jackdaw. Mesmo não podendo trocar de navio, existe muita customização para o que você têm. Desde cores das velas até estátuas de proa, você pode trabalhar bastante para deixá-lo mais próximo do que você quer. Existem ainda upgrades para defesa, canhões e aríete, que fazem toda diferença na hora de abater um Man O’ War, o navio mais forte do jogo.

A batalha também não deixa a desejar. Os navios viram de um lado pro outro, com canhões que recarregam rapidamente e com muita destreza de disparo, abandonando um pouco o lado mais realístico de um embate naval do século 18. Mas de forma alguma isso é um ponto negativo. Ao adaptar certas coisas para games, deixar realismo excessivo pode trancar a diversão do jogo. Em Black Flag, você controla essas etapas da batalha até o momento que lhe é permitido invadir o navio inimigo. Neste momento, lhe será dado um objetivo que pode variar entre matar um certo número de soldados inimigos ou destruir a bandeira principal. Com esses objetivos concluídos, você tem a opção de usar o navio conquistado para reparar o seu ou você pode adicioná-lo à sua frota.

Conquistar um forte é difícil, mas vale a pena

Adicionar o navio à frota é interessante, mas tem pouca utilização dentro do jogo. Dentro de sua cabine, você pode comandar os navios conquistados para missões comerciais em qualquer lugar do mundo. Isso lhe garante em troca ouro, relíquias e, raras vezes, upgrades para seu barco. Mas nada demais além disso. O que acabou me incomodando, pois eu tinha uma frota relativamente forte e não podia usar ela para me auxiliar em missões ou combates dentro do jogo.

Gráficos

Em termos visuais, Black Flag é uma obra prima. Lançado primeiramente para os consoles da geração passada (PS3, Xbox 360), mostra o ápice de gráficos para os mesmos. Seja andando por praias, visitando cidades ou vilarejos, adentrando navios ou simplesmente caminhando por um porto, a sensação de deslumbramento permanece durante toda a experiência. A paleta de cores mostra-se muito bem escolhida, com os verdes fortes de vegetação mesclados à água cristalina e os tons amarelados de areia e de velhas construções acumuladas em torno das cidades. Mesmo jogando por várias horas, cada vez que eu parava no topo de um ponto de sincronização eu ainda perdia alguns momentos admirando a paisagem, mesmerizado com o capricho que a Ubisoft teve ao recriar o Caribe do século 18.

Conclusão

Assassins Creed: Black Flag não é somente uma ótima adição à franquia consagrada de games. É um jogo excelente por si só. O mercado de games com simulação naval é extremamente esquecido na nova geração de consoles (e na última também). Quando feito um jogo nessa linha, muitas vezes decepciona mais do que agrada. Black Flag em muitos momentos me fez pensar em como seria se fosse um jogo com foco exclusivo para estratégia marítima, pois para quem espera um game assim, achará este lançamento um pouco aquém e superficial. Existe pouquíssima administração do navio e nenhuma opção de comprar mercadorias em um porto e vender em outro. De todo modo, ainda se sustenta como um jogo de ação ágil, com visual e ambientação incrivelmente caprichadas e uma jogabilidade fluída e divertida. Sem dúvida, Assassins Creed: Black Flag é uma ótima pedida para qualquer fã de games.

Avatar

Publicado por Lucas Voltolini

Eu escrevo sobre filmes, jogos e dou uns pitacos sobre a indústria do entretenimento sempre que posso

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Blu-ray e DVD | A Garota no Trem

Crítica | Desventuras em Série: Cidade Sinistra dos Corvos, Hospital Hostil e O Espetáculo Carnívoro