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Bastidores Indica | Sunshine – Alerta Solar

Sunshine – Alerta Solar

Dirigido por Danny Boyle

Dentre todos os gêneros ainda hoje produzidos em Hollywood, a ficção-científica pra mim parece ser quase o único que, ainda hoje, onde se realizam filmes deveras interessantíssimos e que sempre dão o que falar e retratar em suas ambiciosas temáticas quase sempre originais. E Sunshine – Alerta Solar do sempre subestimado Danny Boyle foi um desses filmes da década passada que consegue ser um perfeito exemplo disso!

Um filme que em toda sua totalidade, consegue sim se mostrar ser original e ambicioso, ao mesmo tempo em que demonstra compartilhar de claras influências de grandes filmes do gênero como 2001-Uma Odisséia no Espaço de Stanley Kubric ou Alien de Ridley Scott, mas que tem sim algo de novo a falar e explorar no gênero de forma ousada e mais do que eficiente! Talvez principalmente por vir a lidar com um tema que nunca fora explorado no gênero, o próprio sol. A estrela flamejante gestante da existência humana, que aqui no risco de sua possível destruição se encontra na mão de nós humanos concertarmos um defeito do universo e ainda garantir por mais tempo nossa mera existência.

No final dos tempos, chegará um momento em que apenas um homem permaneçará. Então o momento vai passar. O homem se afastará. Não haverá nada para demonstrar que estávamos aqui … se não poeira!

Com Boyle mostrando mais uma vez suas inspirações “pretensiosas” em conseguir ser um diretor altamente versátil e capaz de comandar qualquer gênero que lhe vem à frente. E ao lidar aqui com a busca do salvamento da raça humana, rumo ao desconhecido, é onde ele é capaz de inserir seu estilo próprio e talvez dar novas tonalidades e concepções a este.

Sendo ajudado pelo roteiro de seu parceiro de longa data Alex Garland já garante parte desse sucesso, onde a dupla parece trabalhar em tão perfeita sintonia e construir aqui um filme que pertence ao gênero de cabo a rabo com claras influências, mas que consegue se destacar tão diferente ao mesmo tempo! É como se o verdadeiro perigo que os jovens tripulantes enfrentam aqui fosse criado por eles mesmos ao longo da jornada. Quer metáfora melhor que essa para a origem dos problemas e riscos que a humanidade enfrenta todos os dias se são nós mesmos que os criamos?! Erros imperdoáveis e talvez incorrigíveis que costuram o inevitável e trágico epitáfio.

Então, se você acordar uma manhã e estar por acaso um dia bonito, você saberá que conseguimos!

Mas que Boyle dirige com tanta segurança e Garland imprime tanta personalidade própria a cada um dos personagens; com destaque para ótimos Cillian Murphy, Chris Evans e Hiroyuki Snanada; que parecem indicar um raio de esperança para que a missão tenha sucesso, mas a ira de Deus, da criação humana de cada um ainda vai ser o pior desafio que eles terão que enfrentar.

Vasculhando nos confins do inexplorado espaço, prestes a chegar mais perto que Ícaro nunca chegou com suas asas de cera (e a nave deles se chama Icarus, boa sacada senhor Garland), perto do sol e encarar o olho de Deus cara a cara, onde Boyle deixa ser libertada uma beleza contemplativa, só beneficiada e tornada tão especial e verdadeiramente memorável graças à fotografia supimpa de Alwin H. Küchler e uma SOBERBA trilha sonora de John Murphy, que é tão rara em vários filmes do mesmo gênero hoje, e que são tão melhor lembrados e galardoados.

Kaneda! O que você vê? Kaneda! O que você vê? Kaneda! Kaneda!

Subestimado e ignorado por algumas polêmicas decisões de roteiro inesperadas no terceiro ato, mas que por mim são costuradas e se encaixam na narrativa que vinha se construído desde o inicio onde a tripulação finalmente enfrenta o medo encarnado da humanidade frente ao suposto poder de Deus, da força que nos criou e é capaz de nos destruir com um só olhar flamejante.

Mas chega de divagações pretensiosas por aqui, pois estamos perante aqui um filme sim pretensioso em sua abordagem e grandes buscas de aprofundamento temático, que ou vão apenas soar vazio para os mais cépticos, ou saber apreciar aqui um filme de ficção científica tenso, contemplativo, humano e trágico que nada deve aos grandes filmes do gênero em que se inspira, e talvez através de sua simplicidade, consegue ser grande e verdadeiramente especial.

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Publicado por Raphael Klopper

Estudante de Jornalismo e amante de filmes desde o berço, que evoluiu ao longo dos anos para ser também um possível nerd amante de quadrinhos, games, livros, de todos os gêneros e tipos possíveis. E devido a isso, não tem um gosto particular, apenas busca apreciar todas as grandes qualidades que as obras que tanto admira.

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