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Crítica | Game of Thrones – 07×05: Eastwatch

Spoilers!

Está acabando. O inverno chegou. Assim como os momentos decisivos de um tabuleiro de poucos jogadores.

Primeiro, é preciso se recompor após os eventos explosivos de The Spoils of War, o episódio mais visto do programa desde sua primeira exibição. Jaime volta a Porto Real avisar Cersei que não há prospecção positiva para a guerra contra Daenerys. Enquanto isso, Daenerys clama seu lugar de rainha de Westeros para os sobreviventes da carnificina.

Aqui, segue a penúria de Tyrion Lannister em ver que praticamente não consegue influenciar Daenerys em seu verdadeiro terrorismo mental, colocando homens honrados a se submeterem a mesma tirania de sempre, mas agora na máscara de uma estrangeira.

Essa que considero a melhor cena deste episódio, é um dos momentos mais brilhantes da direção de Matt Shakman nessa sua incrível rodada de dois episódios. Somos apresentados àquele tribunal de modo avassalador. Todos os homens estão de pé. Vemos o enorme Drogan ao fundo, acima de todos. Uma nuvem negra de morte e terror que paira nos céus daqueles perdedores. Vemos através do ótimo plano geral, a escala e o peso que o dragão tem e terá ao decorrer de toda a cena.

Os mais fracos ajoelham primeiro a menor das reivindicações repletas de ameaça de Daenerys. Drogon ruge. Mais alguns se ajoelham. Essa jogada de encenação é brilhante. Não é por respeito, nem por direito, mas por medo. Poucos resistem ao terror psicológico da rainha. Menos os Tarly.

Novamente, uma reflexão bonita surge dos roteiristas do episódio. Tyrion é confrontado por Randyll pelo que ele, em essência, é: um traidor da pátria. Um traidor de Westeros. Peter Dinklage atua de tal modo que nos faz pensar que Tyrion acabou de ter um momento revelador e que não gostou de nada disso. O traidor de uma terra que somente o renegou, mas que ele ama. O conflito moral do personagem será um dos mais ricos desse fim de temporada.

Randyll e Dickon Tarly são mortos pelo fogo infernal de Drogon. Daenerys não escuta sua Mão. Tyrion coleciona mais um fracasso e uma grande casa de Westeros é praticamente extinta – só Sam sobra. Todos se ajoelham perante o terror de Daenerys. Grande cena.

Depois dessa grande cena, o resto do episódio foi bem dividido entre os núcleos restantes deste jogo com momentos igualmente equilibrados e excelentes.

Já na introdução do núcleo da Pedra do Dragão – vinda através de um raccord sonoro do rugido de Drogon, maior pesadelo de Jaime – outra cena poderosa surge e muito bem dirigida. Drogon pousa bem em frente a Jon que parece sentir uma conexão recíproca entre a criatura chegando até a pousar sua mão em seu enorme focinho lotado de dentes. O foco da decupagem nos olhos da criatura, parecendo reconhecer um Targaryen, um senhor dos dragões é impagável. Pela troca de olhares intensos entre os dois, uma forasteira surge: Daenerys observa aquele evento peculiar e desce do dragão. Nada é comentado sobre isso, mas a rainha tem interesses em descobrir sobre essa história da ressurreição de Jon.

Até ser interrompida pela chegada de Jorah Mormont. Tyrion e Varys, particularmente muito perturbado, ponderam sobre a possibilidade de Daenerys se tornar uma tirana como seu pai era. Os restantes dos eventos do episódio são movidos pela desconcertante descoberta de Bran enquanto estava wargando corvos. O exército do Rei da Noite está próximo da Muralha e tentará sua entrada através de Atalaialeste (Eastwatch, um dos castelos da Muralha que dá nome ao episódio).

Sob a luz de novos acontecimentos, Daenerys precisa propor um armistício para unir Westeros inteira sob um só lado: o dos que respiram. Cada constituinte da grande mesa da sala de estratégia de Pedra do Dragão recebe incumbências urgentes e que provocam viradas certeiras e valiosas.

A velocidade dos acontecimentos surpreende a qualquer veterano do seriado, acostumado a lentidão entre os trechos de viagens entre os núcleos. Aqui, isso foi extinto, sabiamente.

Tyrion e Davos chegam a Porto Real, cada um cuidando de seus negócios. O reencontro com Jaime é poderoso e rende outro grande momento para Peter Dinklage enquanto os personagens discutem sobre o assassinato de seu pai, Tywin. Mas a missão de Tyrion envolve avisar Jaime sobre o armistício proposto por Daenerys e sobre os Outros que chegam à Muralha. Provas serão trazidas para Cersei.

Davos então busca o bastardo do rei Robert Baratheon, Gendry Waters. O agora grande mestre ferreiro parte com Davos e Tyrion para integrar a armada de Jon Snow. A boa sacada de torná-lo um guerreiro que empunha um martelo é uma das mais fanservice do seriado.

Surpreendentemente, Cersei decide esperar pelos próximos passos de Daenerys. A antiga vontade de lutar por um trono perdido perde sentido com a descoberta de uma nova gravidez com Jaime. O fim da cena, com um olhar perturbado de Jaime sobre a “traição” mencionada em uma ameaça parece resgatar um fantasma nas aventuras amorosas do passado.

Novamente em Pedra do Dragão, mais despedidas acontecem. Jorah, Jon, Gendry e Davos partem para Atalaialeste. Jon e Gendry firmam uma amizade de bastardos, relembrando a glória de outrora de seus pais.

Nos núcleos mais “isolados” da trama, eventos igualmente importantes ocorrem. Na Cidadela, os esforços de Sam em convencer o Arquimeistre parecem não surtir efeito algum. Os sábios ainda acreditam que os Outros são histórias para ninar enquanto o segredo para derrota-los pode estar escondido na seção proibida da grande biblioteca. Sam não tolera mais isso, está cansado de ler as conquistas de homens melhores. Agora ele mesmo fará uma grande conquista. Rouba os documentos certos e foge da Cidadela com Gilly e seu filho. Porém, essa fuga se dá justamente num dos momentos mais reveladores da série! Gilly, em sua leitura, faz uma descoberta importante que pode mudar totalmente o direito ao Trono de Ferro. Ela descobre que o casamento de Rhaegar com Elia Martell foi anulado e que outro casamento foi feito na calada da noite, no mesmo dia. Explico melhor o que isso significa neste artigo.

Em Winterfell, um jogo de gato e rato surge numa trama enredada de espionagem. Arya e Sansa entram em confronto em seus modos de tratar os vassalos da Casa Stark, mas esse não é o foco do núcleo. Após espionar Mindinho e descobrir que o antigo mestre da moeda está construindo um foco de informantes dentro de Winterfell, Arya suspeita de algo maior até encontrar o nobre recebendo uma antiga mensagem preservada pelo morto meistre Luwin.

Arrombando o quarto de Mindinho, Arya descobre um terrível segredo plantado pelo próprio envolvendo Joffrey, lealdade e Sansa. Não é revelado ao espectador em detalhes, mas a mensagem é outra manipulação de Mindinho para jogar uma irmã contra a outra. Pelo jeito esse será o clímax do núcleo de Winterfell para os próximos episódios. A cena termina com Mindinho confirmando as suspeitas de que Arya espiona seus passos em todo o território. Shakman tem talento para estabelecer essas relações voyeurísticas entre os personagens. Leia o conteúdo da carta aqui!

Para finalizar com chave de ouro, chegamos a Atalaialeste. Descobrimos que Tormund capturou o restante da Irmandade constituída apenas por Beric, Sandor Clegane e Thoros. O roteiro ressuscita grandes rancores entre os personagens que formarão um novo esquadrão suicida. Mas os caprichos das mágoas do passado não passam disso: apenas caprichos. Jon entende isso. Há um só lado. Há só uma guerra. Há só um trono. 

Os guerreiros partem para lá da Muralha em jornada ao gélido branco. Branco da paz, do esquecimento ou da loucura. Game of Thrones agora só espera nos surpreender e Matt Shakman encerra sua dobradinha fenomenal. Na semana que vem teremos o retorno do grande Alan Taylor, um dos diretores mais proeminentes que já passaram pelo seriado para firmar um grande episódio de batalha como será o próximo.

O Inverno chegou. E a ansiedade também.

Game of Thrones – 07×05: Eastwatch (EUA, 2017)

Criado por: D.B. Weiss e David Benioff, baseado na obra de George R.R. Martin
Direção: Matt Shakman
Roteiro: D.B. Weiss e David Benioff
Elenco: Peter Dinklage, Emilia Clarke, Lena Headey, Nikolaj Coster-Waldau, Sophie Turner, Maisie Williams, Kit Harington, Aidan Gillen, Gwendoline Christie, John Bradley, Jim Broadent, Liam Cunningham, Isaac Hempstead Wright, Nathalie Emmanuel, Conleth Hills, Rory McCann, Pilou Asbæk, Carice Van Houten
Emissora: HBO
Gênero: Aventura, Drama
Duração: 60 min

 

Confira AQUI nosso guia de episódios

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Publicado por Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema seguindo o sonho de me tornar Diretor de Fotografia. Sou apaixonado por filmes desde que nasci, além de ser fã inveterado do cinema silencioso e do grande mestre Hitchcock. Acredito no cinema contemporâneo, tenho fé em remakes e reboots, aposto em David Fincher e me divirto com as bobagens hollywoodianas.

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