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Crítica | Mid season da 9ª temporada de The Walking Dead

(Spoilers)

The Walking Dead já foi uma das séries de maior sucesso da televisão, mas perdeu muito de seu brilho nas últimas temporadas com roteiros sonolentos e confusos, além de criar subtramas sem conseguir as desenvolver. Sendo assim, acabaram esquecendo o real motivo da produção existir, que era a luta dos sobreviventes contra os zumbis. Na nona temporada de Walking Dead muita coisa melhorou e parece que a série voltou aos trilhos pelo qual nunca deveria ter saído.

Alguns dos desafios da nova temporada eram a de manter a audiência que estava em queda vertiginosa e para isso fizeram uma mudança no comando da equipe, trocando o showrunner Scott M. Gimple por Angela Kang e essa troca só trouxe benefícios para a nona temporada que melhorou bastante seu nível em relação às temporadas anteriores. 

O principal acerto da nova equipe criativa foi a de dar um fim à personagens que estavam sem função ou que já haviam feito hora extra na série, como eram o caso de Maggie (Lauren Cohan) e Rick Grimes (Andrew Lincoln). Tanto Maggie quanto Rick já tinham demonstrado na sétima e oitava temporada que não tinham mais para onde crescer. Maggie estava ficando sem espaço por não ter mais o que fazer de novo, ainda mais depois da morte de Glenn, já Rick estava ficando repetitivo e chato. Por isso que a melhor solução possível foi tirar os dois da trama e dar maior destaque para personagens antes importantes e que acabaram se tornando irrelevantes. 

Michonne (Danai Gurira) e Daryl (Norman Reedus) são líderes natos, ambos surgiram com muita força na série e logo se tornaram protagonistas essenciais para a história, mas com o tempo os roteiristas escantearam os dois, deixando-os com sobras de subtramas que não acrescentavam em nada para a produção. Agora na nona temporada parece que tudo está voltando aos eixos com Michonne recebendo o devido valor e se mostrando uma líder menos impulsiva e mais rigorosa, vivendo seu trauma interior pela perda de Rick Grimes. Deram um jeito de separar Daryl do grupo original e assim voltar a trabalhar o protagonismo dele e mostrar que ainda é sim um personagem essencial. Provavelmente na segunda parte da nona temporada irão transformar Daryl no líder de Hilltop com a saída de Jesus da história.

Outro acerto dessa atual temporada foi o acréscimo do novo grupo que chegou ao acampamento em que Michonne reside e é liderado por Magna (Nadia Hilker). Esse novo grupo não apareceu por acaso, além de seguirem o que é mostrado nas hqs precisavam de novos personagens, já que na sétima e oitava temporadas muitos dos que apareceram foram mortos. Algumas dessas mortes foram bastante desnecessárias, enquanto outras mortes foram um acerto para que a trama continuasse a seguir seu caminho.

Walking Dead sofreu do mesmo problema que séries longevas costumam sofrer que é o aumento substancial de personagens e isso, se trabalhado de forma errada, acaba matando a série. Aconteceu algo parecido com Lost que chegou sem força em sua última temporada e teve que finalizar arcos de personagens de forma rápida. Isso também estava acontecendo com Walking Dead, começaram a colocar tantos personagens que aqueles de maior destaque acabaram ficando em segundo plano para que o roteiro pudesse desenvolver aqueles que apareceram. Na nona temporada essas subtramas com personagens secundários existe, mas de uma forma melhor trabalhada e feita de forma ágil. Não perdem mais tempo com personagens que não importam para a história e nem se perde tempo com diálogos desnecessários entre eles. 

A atual temporada foi dividida em antes de Rick e depois de Rick. Essa medida tomada pelo roteiro foi um acerto e conseguiu ajeitar tudo, além de direcionar a história para a frente. Primeiro com a morte do progonista maior (que irá continuar sua trajetória em três filmes paralelos desenvolvidos pela AMC) e um segundo fator foi o salto temporal que fizeram na série, algo que até então foi pouquíssimo trabalhado e é um elemento fantástico para pular cenas desnecessárias e para dar maior agilidade ao roteiro. Dom essa tomada de decisão não precisaram mostrar o processo de luto quanto a morte de Rick pelos integrantes dos acampamentos, nem precisaram mostrar a saída de Maggie. Esse salto temporal também foi importante para dar maior desenvolvimento aos outros personagens que ficaram sem precisar mostrar o que ocorreu com eles nesse tempo que foi pulado.  

Parece que o efeito Game of Thrones, em que a série da HBO mata seus personagens sem dó nem piedade, chegou de vez até Walking Dead. Decidiram retirar Rick da trama e isso foi um acerto, pois ele não tinha mais o que fazer nela, além de estar perdendo espaço para outros protagonistas e até mesmo para o vilão Negan, que muitos chegaram a cogitar deixá-lo no lugar de Rick, tamanha a popularidade do vilão. Outra morte que ocorreu nessa mid season e que provavelmente foi um erro por parte dos roteiristas foi a morte de Jesus, pois ela não faz muito sentido. Jesus é um dos melhores personagens das hqs, um perfeito sobrevivente, só que na série não tinha destaque nenhum, é mais um daqueles protagonistas que ficaram às sombras de outros mais importantes e mesmo sendo interessante acabou sendo ofuscado ao longo das temporadas em que esteve presente. O mais estranho é que Jesus estava recebendo certo destaque por parte dos roteiristas nesta nona temporada e então, quase que do nada, resolvem o tirar de cena. Com certeza uma das mortes mais desnecessárias de todas as temporadas junto com a de Andréa e a de Carl

Walking Dead sempre foi criticada por ter tirado o protagonismo dos zumbis. Havia passado por uma transformação, deixando de ser uma série de mortos-vivos para se transformar em uma série de sobreviventes em que humanos lutam contra humanos, e assim deixando os zumbis como meros personagens secundários, é como se os zumbis tivessem se tornados apenas um elemento de cena colocado ali para matar os personagens ou apenas para serem mortos. Era até bizarro que uma série em que o tema era apocalipse zumbi escanteasse os mortos-vivos. Essa nona temporada acertou em colocá-los novamente em seu devido lugar.

Não apenas os zumbis voltaram com tudo nesta mid season, mas também o ar de terror que havia sido deixado de lado. A primeira coisa a se fazer para voltar ao jeito que era antes foi o de tirar as armas de todos os personagens e assim deixar a série mais realista em relação as batalhas entre humanos e zumbis. Houve também um trabalho quanto a recriação da atmosfera desesperadora que é a de se viver em um mundo com zumbis sem ter uma esperança de sobreviver. Essas mudanças ajudaram bastante na recriação de medo da série. Walking Dead havia se tornado uma grande novela, cheia de lamentos e dramas bobos e zero terror, pois agora voltaram a trabalhar o gênero e isso tudo está bastante ligado ao aparecimento dos novos vilões. 

Os Sussurradores é a maior aparição, em relação a um vilão, em muitas temporadas de Walking Dead. Primeiro que eles são assustadores, pois são zumbis camuflados e o aspecto deles já é algo que intimida bastante. Segundo porque brinca bastante com a imagem de que seus integrantes não seriam humanos, claro que são humanos disfarçados, mas essa brincadeira do que é real ou não é algo muito interessante quando criaram a imagem desses novos vilões. Iremos ver um confronto muito maior desse novo grupo contra Daryl e companhia na segunda parte da nona temporada e promete realmente colocar a ação novamente em foco, algo que também havia se perdido. Os roteiristas estavam mais preocupados em fazer uma série de drama com fortes toques de emoção que em trazer ação, algo que a também série de zumbi Z Nation consegue fazer com eficiência. 

The Walking Dead é uma das séries mais populares na televisão e tem um público bastante fiel, mesmo que tenha perdido bastante de sua audiência ainda é o carro chefe da rede AMC. A série de zumbi melhorou muito nesta temporada e tudo levar a crer que a continuação dela será ainda mais interessante com a chegada dos vilões. É torcer para que não caia nas mesmas ciladas de outras temporadas, não se estendendo em dramas secundários, nem desenvolvendo alguns personagens e esquecendo de outros mais importantes e claro, fazendo com que o terror continue sendo o principal de uma produção que tem como foco sobreviver a um apocalipse zumbi. 

The Walking Dead – 9ª Temporada (idem – EUA, 2018)

Direção: Greg Nicotero, Daisy von Scherler Mayer, Dan Liu, Rosemary Rodriguez, Larry Teng, Michael Cudlitz, Michael E. Satrazemis
Roteiro: Frank Darabont, Robert Kirkman, Tony Moore, Charlie Adlard, Angela Kang, Eddie Guzelian, Vivian Tse, Geraldine Inoa, Matthew Negrete, Scott M. Gimple
Elenco: Norman Reedus, Danai Gurira, Melissa McBride, Alanna Masterson, Christian Serratos, Seth Gilliam, Josh McDermitt, Ross Marquand, Tom Payne, Jeffrey Dean Morgan, Khary Payton, Callan McAuliffe, Avi Nash, Rick Grimes
Gênero: Drama, Horror, Sci-fi
Duração: 44 min.

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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