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Crítica | Pela Janela – Quando o Menos é Mais

*Este filme foi visto na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

As vezes temos a impressão que para fazer um bom roteiro é necessária uma trama complexa, com vários personagens e uma reviravolta a cada 20 minutos. Pela Janela mostra que se pode fazer um filme humano e encantador com uma história extremamente simples e executado de uma maneira que mesmo não sendo rebuscada, deixa clara a mensagem.

O longa conta a história de Rosária (Magali Biff), uma mulher de classe social baixa, que trabalhou por mais de trinta anos como operária em uma fabrica de eletrônicos. Após a chegada de uma nova administração, Rosária é demitida e se vê sem objetivo na vida. Ela vive com o seu irmão Zé (Cacá Amaral), que trabalha como motorista. Um dia ele recebe o trabalho de levar um carro até Buenos Aires. Além de aceitar, Zé decide levar a sua irmã para a viagem para que ela não fique sozinha. Durante a viagem, Rosália vai percebendo o tempo em que não viveu e que nunca é tarde demais para aproveitar a vida.

O roteiro da diretora Caroline Leone não engana ninguém. Não há eventos fortes ou alguma surpresa durante a viagem, é uma jornada humana de auto-descoberta que vai de maneira objetiva e seca. O filme se passa em boa parte na estrada e só foca nos casal de irmãos, que chegam a comover por conta da sua inocência. Os diálogos sobre a diferença entre as línguas portuguesa e espanhola, o jeito que encaram as Cataratas do Iguaçu, como Rosália fica encantada por uma panela…Essa ingenuidade dos irmãos nunca é usada apenas como forma de humor, mas para criar uma empatia muito forte com os protagonistas e com as suas buscas.

A direção da estreante Leone se mostra muito segura e capaz de criar momentos inspirados, como a visita às Cataratas. Isso que a fotografia de Sérigio Leone se mostra muito crua e seca, mas por conta das reações do atores e pela forma como a diretora aproveita muito bem os cenários, cria momentos realmente emocionantes. Outro exemplo esta na conversa entre Rosália e uma jovem mãe argentina, que geram contrapontos muito interessantes. A composição dos quadros é muito detalhada e bem feita, com a câmera sempre deixando os atores em destaque.

Já que foi falado sobre os atores, Magali Biff e Cacá Amaral se mostram incríveis em cena. Enquanto ele faz um personagem com razões nobres que tem um amor forte pela irmã, ela cria uma atuação minimalista e calorosa que vemos através dos olhares e da voz de Rosália o quanto ela vai se reencontrando com a vida. São dois trabalhos muito fortes e belos feito pelo casal.

Dos filmes vistos nessa Mostra, Pela Janela é o que mais me conquistou por sua sinceridade e humanidade. É um filme que contém uma mensagem linda e ótimas atuações.

Pela Janela (Idem – Brasil, Argentina, 2017)
Direção:
Carolina Leone

Roteiro: Carolina Leone
Elenco: Magali Biff e Cacá Amaral
Gênero: Drama
Duração: 84 min.

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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