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Crítica | Uma Espécie de Família – Um Estudo Sobre o Amor Materno

*Este filme foi visto na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

O cinema argentino tem se mostrado um dos mais poderosos do mundo. Uma das razões é por tratar de temas poderosos em histórias pequenas e saberem trabalhar drama com desenvolvimento de personagem. E Uma Espécie de Família não faz diferente: atrás de uma trama aparentemente muito simples, há um grande peso psicológico, emocional e moral.

O longa mostra a médica Malena (Bárbara Lennie), que viaja de Buenos Aires para o interior do país para encontrar Marcela (Yanina Ávila), moça que está sendo barriga de aluguel para ela. O que deveria se tornar uma simples “adoção” vai ganhando ares maiores por conta da família de Marcela, que deseja uma indenização pela morte do seu marido no Brasil, além de burocracias.

Em termos de estrutura, o roteiro do diretor Diego Lerman e María Meira é bem simples e direto. Mas a construção dada aos seus personagens, principalmente da protagonista, deixa o longa muito forte. O filme começa a fazer o espectador questionar sobre o que é um amor materno e o que é um filho, isso sem que ele tome uma voz quanto ao assunto. Ele joga essas duvidas morais para o espectador todo o momento e o espectador sente as mesmas questões que a protagonista: é amor ou egoísmo? Quem é a mãe? O que é esse amor materno? Um roteiro jogar essas perguntas e elas criarem um eco com o espectador é prova que ele foi bem desenvolvido.

Tecnicamente o filme se mostra muito eficaz, com destaque para a direção de fotografia que constrói quadros nos quais sentimos o vazio e a angústia da protagonista, apesar de exagerar na câmera da mão em alguns momentos. A direção de arte cria cenários que comentam a situação social dos personagens e dos seus sentimentos. Notem como Malena sempre está usando um azul melancólico. A montagem é muito fluida, deixando o longa com um ótimo ritmo. Tudo isso se deve à direção muito eficaz de Lerman, que cria quadros muito fortes utilizando planos abertos, mostrando o estado da alma da protagonista.

Todos no elenco se mostram muito bem em seus papéis e demonstram uma ótima química. Além disso, percebemos como o diretor privilegia o elenco usando planos sequência com a câmera bem próxima, aumentando o tom da atuação. O grande destaque fica para Bárbara Lennie que está em praticamente todas as cenas do filme e é carismática, tem o olhar forte e uma ótima presença. Uma das melhores atuações do ano.

Enfim, Uma Espécie de Família não é do nível de obras-primas do cinema argentino como Relatos Selvagens e O Segredos dos Seus Olhos, mas é um belo filme que demonstra como esse cinema compreende muito bem os seus personagens.

Uma Espécie de Família (Uma Espécie de Familia – Brasil, Argentina, Polônia, França e Dinamarca, 2017)
Direção:
Diego Lerman

Roteiro: Diego Lerman, Maria  Meira
Elenco: Bárbara Lennie, Daniel Aráoz, Claudio Tocachir, Yanina Ávila e Paula Cohen
Gênero: Drama
Duração: 95 minutos

Trailer:

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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