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Crítica | Vida Fácil – Mas Nem Tanto Assim

*Este filme foi visto na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Vida Fácil  é um breve retrato do momento atual da classe média dos EUA, onde acompanhamos Sherry, uma jovem adulta, que no período da manhã revende cosméticos e a noite gosta de cair na farra. As coisas começam a pesar quando ela percebe que não está mais com idade para esperar algo acontecer e tem que tomar uma atitude para progredir.

O diretor estreante Adam Keleman esteve presente na sessão e afirmou que a ideia do filme partiu de uma conversa entre seus amigos sobre como estavam a vida deles no atual momento. Somado com uma ideia anterior na qual ele já estava adaptando para um filme, Keleman entrega aqui um roteiro perfeito para um filme independente, repleto de momentos reflexivos e narração inesperada. Aproveitando o gancho, Adam embarcou como diretor do projeto e não deixou a peteca cair em relação a atuação. Talvez o que faltou foi uma linguagem visual, que apela somente para o plano e contra plano.

A fotografia de James West é ousada no quesito da experimentação. Em momentos podemos perceber que mudamos para o modelo documental, outros estamos naquele sistema hollywoodiano de filmar. West consegue colocar folego no quadro, não deixando os closes e planos fechados com aquele clichê de extremismos – as vezes em cinema independente os planos fechados são quase closes, e closes são quase planos detalhes.

Agora a cereja do bolo é sem dúvida Caroline Dhavernas, mais conhecida pelo seu papel Dr. Bloom em Hannibal, que parece entregar uma performance profunda e convincente sem qualquer esforço. A naturalidade na qual a personagem nos é introduzida faz com que o gelo se quebre rapidamente. Acompanhando suas aventuras revendendo cosméticos para outras mulheres, tendo que se apresentar e escutar algumas negativas já podemos conhece-la e ver em sua expressão facial que tudo aquilo é fachada. Dhavernas tem uma liberdade dentro dessa personagem que não vejo em atrizes faz tempo. Ela consegue conduzir o filme e o todo o ser arco sem fazer o espectador perder o interesse. Para completar, ela mesma é o alivio cômico do filme. Muitas funções para uma atriz que aguenta a barra.

Uma coisa notável deste filme é como a sua construção é alterada. Em um filme convencional temos 3 atos com começo, meio e fim. Neste filme a narrativa te dá uma impressão de um primeiro ato extenso, que lhe apresenta diversas informações. Aí chega determinado momento percebemos já estar mergulhados no segundo ato, só que aí já é tarde e o filme já beira o final sem sequer começar o terceiro. Esse tipo de abordagem para um filme atrai aqueles que gostam de sair e pensar, fantasiar mais um pouco sobre o que aconteceu.

Vida Fácil é uma crítica social maquiada com a realidade americana, respeitando emoções e personalidades. Uma boa jornada para quem quer se entreter por 80 minutos.

Texto escrito por Herbert Santos

Vida Fácil (Easy Living, EUA – 2017)

Direção: Adam Keleman
Roteiro: Adam Keleman
Elenco: Caroline Dhavernas, Elizabeth Marvel, Jen Richards e McCaleb Burnett
Gênero: Drama/Comédia
Duração: 80 minutos

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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