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Inumanos | Assistimos a 4 cenas exclusivas da nova série da Marvel

Um dos projetos que mais provocou olhares tortos em 2017 é o dos Inumanos, série da Marvel que a ABC prepara para lançar ainda este ano. Anteriormente um projeto de cinema integrado ao MCU, a família Real de superpoderosos geneticamente modificados agora ganha vida nova na televisão, mas com um escopo grandioso graças à parceria da emissora com o IMAX, que emprestou sua tecnologia para rodar os dois primeiros episódios.

Nesta segunda-feira (27) fomos convidados pela Disney para assistir a uma prévia especial do seriado nas telas IMAX do Espaço Itaú da Pompéia, e na companhia especial de Roel Reiné, que dirigiu os dois primeiros episódios. E bem, se a impressão passada pelos trailers e imagens promocionais era bem negativa, infelizmente a situação não melhora muito após assistir a quatro cenas do episódio piloto, que discorreremos com mais detalhes aqui.

Vamos a elas:

Caçada a Triton

A primeira cena exibida aposta no money shot. Temos um travelling em IMAX de uma locação no Havaí, onde somos apresentados ao Inhuman – sim, o termo em inglês é mantido – Triton (Mike Moh) tentando salvar uma garota de um grupo de caçadores. A perseguição termina mal para os dois inhumans, com a moça sendo capturada e Triton supostamente sendo morto ao cair em uma cachoeira após levar um tiro. Por mais interessante que pareça a proposta, a condução da cena é horrorosa. Nunca antes eu havia visto um uso de slow motion tão desnecessário e forçado, o que acaba tornando toda a ação amadora e brega, quase como se a série tentasse escancarar o uso de sua tecnologia IMAX, que pouco faz para engrandecer as tomadas – predominantemente médias e fechadas, sem aproveitar o escopo das câmeras especiais.

A Última Ceia

O segundo clipe apresentava algo mais simples, com nossa primeira introdução ao núcleo da família real. Vemos Black Bolt (Anson Mount), Medusa (Serinda Swan), Karnak (Ken Leung), Crystal (Isabelle Cornish), Gorgon (Eme Ikwator) e Maximus (Iwan Rheon) sentados à mesa enquanto discutem durante o jantar. O tópico é justamente o ataque sofrido por Triton, e Maximus questiona a autoridade de Black Bolt ao argumentar que a família deveria se erguer e atacar os humanos, insistindo que os recursos para mantê-los em sua base na Lua não são o bastante para mantê-los. O clima esquenta e Medusa ajuda a traduzir a linguagem de sinal de seu marido, o Rei, para controlar a revolta de Maximus.

Mesmo sendo uma cena básica de diálogo, temos uma condução ruim. A entrega dos conceitos e nomes estapafúrdios diversas vezes me faz lembrar de uma paródia sci-fi ruim, daquelas que se leva a sério demais. Iwan Rheon parece se esforçar para tirar o máximo do texto, mas é um diálogo tão frágil que é preenchido por uma trilha sonora tensa durante todo o tempo, sem interrupção. A única coisa interessante é a boa performance de Mount em sua expressão por sinais, que garante uma boa dinâmica com seus gestos brutos e a dicção rígida de Serinda Swan – mas aquela peruca…

O Cabelo de Medusa

E por falar nela, o terceiro clipe dá atenção a um dos pontos mais criticados de toda a série até agora: o cabelo de Medusa. Nessa cena já revelada no último trailer, temos um diálogo onde a moça da longa cabeleira ruiva conversa com Maximus, que parece tentar convencê-la a abandonar sua lealdade a seu irmão, sugerindo um passado mais forte entre os dois. Resistindo à fala mansa, o cabelo de Medusa agarra Maximus e aperta seu pescoço, rapidamente silenciando seu cunhado. Bem, é preciso dizer a computação gráfica que dá vida aos cabelos parece… um pouco melhor do que vimos no trailer, e o uso de planos fechados é acertado nesse quesito, mas ainda parece um pouco estranho e artificial – um conceito que é simplesmente difícil de ser adaptado, e os animadores de plantão sabem o quão difícil é trabalhar com cabelos.

A Resistência de Karnak e Gorgon

Por fim, o melhor dos clipes ficou por último. Abordando alguns dos eventos do final do primeiro episódio, somos jogados na revolução de Maximus, que envia alguns soldados para neutralizar Karnak e Gorgon. A emboscada ao segundo acaba em uma cena de briga mal coreografada e montada, sendo prejudicada pelo uso brega de uma canção de rock. Porém, a cena em que Karnak sofre um ataque é inspirada, com o inhuman tendo a habilidade de enxergar diferentes resultados para suas ações, morrendo após um tiro, mas retornando e alterando seus movimentos a fim de derrotar seus agressores.

“É só a ponta do iceberg”

Abrindo para perguntas, o diretor Roel Reiné claramente tem ciência da recepção ruim da série entre o público. Ele afirma que o material visto até agora é apenas a ponta do iceberg, e que as sequências “legais de verdade” ainda estão sendo finalizadas, e que as próprias cenas exibidas ali ainda ganham retoques diariamente; sim, ele falou muito sobre a dificuldade de animar o cabelo de Medusa, particularmente porque isso raramente é feito. Além disso, falou muito sobre Dentinho, o cachorro gigante que é feito inteiramente por computação gráfica, outro elemento inédito na televisão e que garantiu o maior trabalho de planejamento; Reiné revela que nunca faz storyboards para suas cenas, mas que tudo envolvendo o cachorrão exigiu muito detalhamento prévio para facilitar o trabalho dos animadores. Ainda sobre os desafios, ouvimos muito sobre a contribuição da IMAX para o projeto, que garantiu câmeras mais leves e manuseáveis, tornando esta a primeira série de TV a ser exibida no formato até hoje.

Reiné também parece muito empolgado em fazer parte da família Marvel, afirmando que sentia-se “como uma criança em uma loja de brinquedos”, e que a produtora tem muitos segredos não revelados. Quando perguntado se Inumanos faria parte do vasto universo cinematográfico dos Vingadores, o diretor foi político e disse que não sabia, mas que tudo era possível, e que ele mesmo plantou pequenos easter eggs pelos episódios para oferecer algumas conexões – vimos inscrições do idioma Kree em uma parede, por exemplo.

Em uma questão um pouco mais voltada para produção, perguntei a Reiné sobre a linguagem visual da série, visto que ele ficou responsável pelos dois primeiros capítulos, se os demais diretores que entraram no projeto seguem seu padrão de escolhas e decupagem. O diretor disse que infelizmente ele não tem todo o tempo para supervisionar e garantir uma gramática visual forte para todos, e que cada novo diretor acaba trazendo seu próprio toque a cada novo episódio. Lembrando que o showrunner da série é Scott Buck, o mesmo de Punho de Ferro.

Se Inumanos vai ser mesmo tão ruim, só assistindo o produto inteiro para opiniar. As cenas que acumulam quase 12 minutos de material hoje não servem para definir todo o episódio, mas levando em conta tudo o que eu vi hoje… Só conseguia pensar em Superman IV: A Conquista da Paz e os Batman de Joel Schumacher

Inumanos terá a exibição de seus dois primeiros episódios em IMAX no Brasil a partir de 31 de agosto.

A estreia da série acontece em 26 de setembro, pelo canal Sony.

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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