Não apenas de filmes ruins é composta a grade da Netflix. Há sim bons filmes, alguns já bastantes famosos por receberem prêmios pelo mundo e outros um pouco desconhecidos. Mas não é por ser desconhecido que o filme é ruim, pelo contrário. Há boas surpresas na lista que devem ser vistas e revistas por todo o cinéfilo que gosta de produções de qualidade.
Operação Final
Quem curte tramas sobre o período da segunda guerra mundial precisa assistir Operação Final. Longa aborda a caça ao mais impiedoso general de Adolf Hitler. Ben Kingsley (em uma interpretação excelente) interpreta Adolf Eichmann, responsável por realizar a deportação em massa de judeus para campos de concentração. A ideia do diretor Chris Weitz (A Bússola de Ouro) foi a de mostrar a caça ao ex-agente nazista feita em Buenos Aires. Não é um filme com uma busca tão bem trabalhada quanto foi mostrada em Munique (Steven Spielberg), mas mesmo assim deve ser vista para quem gosta de histórias verídicas.
Mogli: Entre Dois Mundos
Produção original da Netflix é uma releitura da clássica história do menino lobo. Muitas abordagens já foram contadas no cinema, a mais clássica é a animação da Disney, Mogli – O Menino Lobo lançado em 1967 e mais recentemente em 2016 com um live-action de mesmo nome do desenho original. Há uma diferença no jeito que Mogli: Entre Dois Mundos trabalhou a trama, dando um maior tom de realidade para as situações e para a história e deixando um pouco a fantasia de lado. O CGI inserido nas cenas é bem feito, apesar de parecer superficial em alguns momentos, mas nada que atrapalhe a atmosfera criada por Andy Serkis (Pantera Negra).
O Outro Lado do Vento
Em 2018 completaram-se exatos 33 anos da morte do lendário cineasta Orson Welles. O Outro Lado do Vento é seu filme que foi lançado postumamente pela Netflix. O diretor demorou seis anos para o fazer e abandonou a ideia de lançamento após uma disputa judicial envolvendo direitos de exibição. É um filme fascinante, que mostra o lado genial de Orson Welles e o jeito do diretor em fazer cinema e o melhor que a trama tem toque pessoal do diretor, o filme aborda a vida de um diretor veterano e que tem dificuldades em filmar sua produção, nada muito distante com o que realmente aconteceu com O Outro Lado do Vento.
Roma
Em Roma, Alfonso Cuarón (Gravidade) fez uma bela reconstrução do México na década de 70. O longa mostra a rotina de Cleo (Yalitza Aparicio), uma empregada que trabalha para uma família rica. Cuarón a segue em sua vida, seu relacionamento conturbado com um namorado que não aceita ser o pai de seu filho, a questão quanto a gravidez da protagonista é belamente explorada. O foco de Roma é mostrar a vida das mulheres, todas que aparecem com algum destaque sofreram algum tipo de trauma. A beleza do longa está no jeito que foi filmado, com a câmera sempre em movimento, além de ter sido concebido em preto em branco, algo que por si só já é uma beleza. Produção é cotada para receber o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2018.
22 de Julho
22 de Julho é um retrato cru dos dois atentados realizados pelo terrorista Anders Behring Breivik na Noruega, que resultou na morte de 75 pessoas, muitas delas crianças e adolescentes que estavam no acampamento de Utøya. O jeito que Paul Greengrass (Jason Bourne) trabalhou toda a trama é de uma seriedade e realidade há muito não era visto. Mostra rapidamente como foram os atentados, dando destaque para Utøya e em seguida começa a mostrar a revolta dos pais dos sobreviventes e dos mortos em busca de justiça. O julgamento é muito bem trabalhado, mostrando a real motivação de Anders e qual era sua intenção ao realizar o ato terrorista. Vale para quem quiser entender o porquê e como aconteceu uma das maiores tragédias já cometidas na Noruega.
Legítimo Rei
Legítimo Rei é uma obra que trouxe novamente ao público a lembrança de William Wallace. Em Coração Valente fomos apresentados a William que juntou um pequeno grupo de homens e lutou contra a Inglaterra em busca da independência da Escócia. Já em Legítimo Rei mostra como Roberto, O Bruce, ao presenciar o esquartejamento de William Wallace, passa a tentar novamente unir a Escócia e lutar contra a Inglaterra para conseguir a Independência do país. Muito bem produzido como há muito não se via em um filme do gênero e com boas cenas de batalha é um prato cheio para quem curte filmes históricos.
A Balada de Buster Scruggs
Joel e Ethan Coen (Onde os Fracos Não Têm Vez) criaram uma das mais belas produções do ano. Um verdadeiro western que trata de vários assuntos mostrados nos clássicos filmes de faroeste, marcha para o Oeste, o confronto contra os índios, a busca pelo ouro, a rotina de violência na região. A narrativa também é um diferencial, contada em contos, cada um com uma lição de moral diferente e com uma abordagem em relação ao velho oeste diferente. Uma obra atemporal e uma das melhores do ano.