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Vale a Pena Comprar? | Pokémon Let’s Go Pikachu/Eevee

A história da infância de muita gente da geração de 1990 com certeza está conectada aos joguinhos eletrônicos portáteis da Nintendo. Entre eles, obviamente, a franquia de sucesso Pokémon. Embora particularmente eu tenha iniciado minha jornada Pokémon em Johto com Pokémon Crystal sendo um dos meus games favoritos até hoje, meu vício foi tanto que decidi encarar os jogos antigos para matar o tempo enquanto a 3ª geração de games não chegava.

Nisso, minha escolhia inicial foi Pokémon Yellow pela possibilidade de capturar todos os primeiros iniciais, além de interagir com Pikachu, o personagem mais popular do anime que eu acompanhava diariamente. Ainda que a 1ª geração de games Pokémon encontrasse um novo remake através dos jogos Pokémon FireRed/LeafGreen, a Nintendo achou de bom tom reintroduzir Kanto para uma nova geração de jogadores no Nintendo Switch através de Pokémon Lets’Go Pikachu/Eevee.

Assim, diretamente do Gameboy para o Switch, os 151 pokémon originais pavimentam o caminho da franquia em um dos consoles mais populares da História. Entretanto, sem suporte oficial da Nintendo aqui no Brasil, é fácil cair na tentação de comprar mídias físicas por preços exorbitantes – em lojas especializadas, é possível comprar um código do jogo por um preço mais “justo”. Então, uma análise sobre o novo título sempre vem a calhar.

Reinvenção Parcial

O primeiro Pokémon para Nintendo Switch sabe mexer os pauzinhos certos para provocar nostalgia, principalmente se tratando da versão Pikachu. Apesar de não seguir exatamente a mesmíssima narrativa de Pokémon Yellow, o game traz diversos elementos que retornam à franquia como os Ginásios Pokémon, a possibilidade de seu Pokémon te seguir durante o jogo inteiro, além de uma interação mais inteligente com seu monstrinho principal a depender da versão que escolher.

O apreço óbvio da Game Freak no jogo se concentra no visual. Mesmo não levando o console aos limites, apesar da floresta de Viridian causar quedas graves de FPS, o jogo é bastante bonito com sombras de qualidade, texturas novas e animações inéditas para os monstrinhos, embora os sprites sejam em maioria importados de Pokémon GO.

O teor de novidade realmente fica por conta da interação de Let’s Go com o game da Niantic, sendo possível transportar as criaturas que capturou no smartphone para o joguinho facilitando bastante a tarefa de completar a Pokédex a pedido do querido professor Carvalho. Apesar de termos o sistema de progressão tradicional dos games Pokémon, a Game Freak implementou um detalhe adicional bastante inteligente que incentiva o jogador a capturar diversas criaturas no mapa – que agora aparecem de corpo inteiro, permitindo a escolha do jogador em iniciar o processo de captura – para formar os chamados Combos que ocorrem quando se captura diversas vezes o mesmo Pokémon.

Além de isso te favorecer a evoluir rápido em termos de experiência graças aos multiplicadores de experiência a depender da sua precisão na captura, o jogador pode enviar todos os Pokémon repetidos ao professor Carvalho que, em troca, lhe dará doces que aumentam os atributos de Vida, Defesas, Ataques e Velocidade do seu Pokémon sem necessitar evoluí-lo antes.

É um ótimo método para tornar suas criaturas extremamente poderosas, pois o limite de pontos é bastante generoso. Aliás, mencionando a mecânica de captura, muita gente reclamou que agora os jogadores não precisam enfraquecer o Pokémon em batalha para então captura-los. Pois afirmo que esse deve ser um dos maiores acertos de Lets’s Go que espero que seja preservado para os próximos games.

Além do mini game de lançar as pokébolas através dos Joy Cons ser bastante divertido – também é possível capturar pelo simples toque de um botão, a atividade de captura se torna muito menos maçante do que era, se desenvolvendo em um ritmo muito mais sadio que preserva melhor o tempo do jogador em se concentrar em outras atividades.

Reconhecendo que muita gente iria ficar chateada, a Nintendo compensa ao trazer uma miríade de treinadores repletos de Pokémon para batalharmos ao longo da jornada que está sim um pouco mais facilitada devido tanto ao sistema rápido de progressão quanto aos Pokémon que agora aparecem antes de batalhas clássicas de ginásio que eram extremamente difíceis como a de Brock que agora pode ser derrotado facilmente com um Oddish.

Ainda que seja mais fácil, o encanto do game em oferecer novidades não cessa, pois tudo é bastante funcional e o mapa de Kanto nunca foi tão bonito e divertido de explorar. O que realmente deixa a desejar aqui em Lets’Go é a questão da narrativa que estava sendo bem elaborada pela Pokémon Company desde Pokémon Black/White. Até mesmo os games anteriores de 3DS possuíam boas narrativas.

No caso, não se trata da história ser ruim, mas sim medíocre. Apesar de trazer a Equipe Rocket e Giovanni como antagonistas, além de termos um novo rival “amigão”, praticamente não há riscos na narrativa. Você é apenas um cara que arruína os planos da Equipe Rocket em roubar equipamentos e outros Pokémon normais. Até mesmo a inserção de Jessie e James no game parece gratuita e sem sentido, pois os personagens praticamente somem sem qualquer conclusão ou propósito.

O negócio é realmente se ater à formula de conquistar as insígnias, capturar diversos Pokémon, batalhar com os treinadores, ganhar de seu rival nada expressivo, capturar os poucos lendários que o game oferece e ganhar da Liga Pokémon. O pós-game de Let’s Go facilmente é um dos mais fracos de toda a franquia, apenas permitindo a busca pelo Mewtwo, explorar o mapa em voo livre e duelar contra alguns treinadores icônicos como Red e Blue, além de lutar contra 151 treinadores mestres de um determinado Pokémon.

Também é uma verdadeira pena que o campo sonoro do game esteja constantemente duelando entre si. Enquanto a trilha musical é excelente ao reapresentar os temas clássicos do game, ainda temos que lidar com os barulhinhos ultrapassados das outras 149 criaturas. Quando se apresenta Pikachu e Eevee como personagens dublados, o mínimo que se espera é que os outros também sejam dublados e capazes de falar seus nomes, afinal no anime todos esses Pokémon já foram dublados e apresentados.

É uma sensação bizarra ver as criaturas sendo apresentadas na melhor forma gráfica até agora, além de seus ataques estarem melhores animados do que nunca, enquanto seus efeitos sonoros principais continuam dignos dos anos 1990. Além disso, é de se estranhar que o jogo não tenho os tradicionais ciclos de dia e noite, efeitos de habilidades passivas dos Pokémon e efeitos de clima nas batalhas. Simplesmente faltam alguns recursos importantíssimos que aprimoram a dinâmica das batalhas e da imersão do jogador no game aqui, embora tenham preservado, ainda bem, a incorporação mais inteligente dos HMs.

Uma entrada de luxo

Ao anunciar esse game, a Nintendo tinha a plena certeza de que se tratava de apenas uma introdução para preencher calendário, afinal Pokémon é sua franquia anual de sucesso. Um buraco justamente no segundo ano de seu novo console não seria nada agradável para ninguém. Já com o novo game que apresentará a 8ª geração de criaturas marcado para 2019, temos a promessa de um game realmente completo.

Já aqui, Pokémon Let’s Go Pikachu/Eevee é uma ótima forma de apresentar a saga para novos jogadores e de testar novas mecânicas com os veteranos. Com boas ideias e renovações positivas surpreendentes, as características negativas que o game oferece apenas removem o brilho do remake que, no fim, apresenta mesmo uma sensação de jogo incompleto, mas que, ainda assim, vale o seu tempo.

Pontos positivos: Novas animações, Pokémon dublados, gráficos de qualidade, design artístico cativante, novas alterações em mecânicas intocadas, retorno dos ginásios, interação com os Pokémon no game, trilha musical, possibilidade fácil e prática de 2º jogador entrar e sair do jogo a qualquer momento, pokémon sempre disponíveis na mochila sem a necessidade de ir a um PC, ritmo muito mais agradável pela falta de grinding forçado, elemento nostalgia.

Pontos negativos: Narrativa pouco inspirada, ausência de recursos e mecânicas presentes há tempos em outros jogos da franquia, falta de dublagem nos outros 149 pokémon, pós-jogo fraco.

Pokémon Let’s Go Pikachu/Eevee (Japão -2018)

Desenvolvedor: Game Freak
Estúdio: Nintendo
Gênero: RPG de Aventura, RPG de turnos
Plataforma: Nintendo Switch

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Publicado por Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema seguindo o sonho de me tornar Diretor de Fotografia. Sou apaixonado por filmes desde que nasci, além de ser fã inveterado do cinema silencioso e do grande mestre Hitchcock. Acredito no cinema contemporâneo, tenho fé em remakes e reboots, aposto em David Fincher e me divirto com as bobagens hollywoodianas.

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