A Segunda Grande Guerra Mundial já foi tema de diversas produções no cinema, muitas delas abordando o seu viés político, os seus conflitos e toda a brutal violência que resultou em milhões de mortes em todo o mundo, principalmente na Europa. Em A Guerra de Anna (Aleksey Fedorchenko) a ideia é a de apresentar o calvário pelo qual a jovem Anna que dá nome ao longa e que irá precisar ficar centenas de dias se escondendo em uma chaminé não usada em um escritório nazista.
É um foco bastante diferente se pensado o que já foi visto em produções sobre a Segunda Guerra Mundial e um jeito diferente de se contar os dilemas pelos quais os judeus sofreram na mão dos nazistas. Filmes como Jojo Rabbit (Taika Waititi) e A Menina que Roubava Livros (Brian Percival) também abordam o gênero de uma forma não convencional, colocando a protagonista presa em um local e mostrando os desdobramentos do conflito enquanto ela é mantida no local, mas são produções muito mais interessantes e tocam a narrativa com muito mais brilho, além de trazerem muito mais atrativos para a trama, pois conseguem abrir um debate sobre o tema, algo que A Guerra de Anna não faz.
A narrativa contada pelo diretor Aleksey Fedorchenko se passa quase que inteiramente dentro do local que a garota se mantém escondida, com exceção do início do filme em que ela ainda não está escondida no lugar. Na realidade, o diretor se prende demais ao roteiro para contar a história da menina que é bastante dramática, tinha tudo para ser emocionante e com altas doses de suspense e tensão, até porque uma garotinha judia presa em um local cheio de nazistas é uma grande trama e por si só já desempenha uma história fascinante. Mas o diretor a conta de um jeito tão sem emoção e com vários furos que acaba perdendo o brilho que teria na mão de outro cineasta.
Outro fator é que o longa é chatíssimo e isso é culpa da direção em tornar uma narrativa que tinha tudo para ser interessante em algo maçante e sem ação. Há alguns momentos que o diretor tenta dar alguns toques de tensão e suspense a trama, dando o entendimento de que Anna seria pega pelos nazistas, mas nada mais do que isso, a ação não ia além destas cenas. A garotinha não fazia nada a mais além de ficar andando pelo recinto procurando o que comer e o que beber e olhando o que os oficiais nazistas estavam fazendo no local. Éum filme tão sonolento que é difícil ficar com os olhos abertos e facilmente se pega no cochilo com o jeito que o cineasta conta a narrativa, e isso é algo ruim, pois perde toda a atenção do público.
Também incômoda são os trechos não contados da história são cortes abruptos por assim dizer, e que deixam o longa mais superficial, como o início em que o roteiro não mostra a família da menina sendo fuzilada, apenas a mostram já morta e precisando fugir do local. Uma cena estranha que não apresenta os fatos como ocorreram, como ela sobreviveu e também em relação ao final aberto, que se bem trabalhado seria bastante interessante, mas que foi muito mal aproveitado, deixando pontas e que ficam dúvidas de seu real destino.
Em suma, A Guerra de Anna serve mais para quem curte ver filmes sobre o período da Segunda Grande Guerra que vitimou tantas pessoas, mas que não vai a fundo em discutir fatos ou em outras ocasiões mais relevantes, e nisso ele peca ao deixar os fãs do gênero na mão.
A Guerra de Anna (Voyna Anny, Rússia – 2018)
Direção: Aleksey Fedorchenko
Roteiro: Aleksey Fedorchenko, Nataliya Meshchaninova
Elenco: Marta Kozlova, Lyubov Vorozhtsova, Vladimir Sapin, Aleksandr Vakhov
Gênero: Drama
Duração: 74 min.
Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.