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Crítica | A Vastidão da Noite - Um Thriller Oscilante sobre Alienígenas

Thiago Nolla Thiago Nolla
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•3 de junho de 2020•7 Minutes

Ao longo da História, diversas narrativas míticas sobre os mistérios do espaço insurgiram em praticamente todas as culturas: fosse com os deuses astronautas dos impérios latino-americanos, fosse com a nebulosa Área 51 localizadas nos Estados Unidos, inflexões sobre a existência de vida fora do planeta nunca deixaram de povoar a imaginação das pessoas – não é surpresa que inúmeros dramas apocalípticos e sci-fi aventurescos tenham caído no gosto popular e colocado em xeque o futuro da raça humana várias e várias vezes (aqui, posso citar o subestimado Guerra dos Mundos, o complexado Independence Day e o irreverente ‘Marte Ataca!’). Agora, chegou a vez da crescente Amazon Prime nos entregar uma versão dessas tramas mirabolantes com o intimista e surreal A Vastidão da Noite – que ganha mais pontos por sua estética do que pelo enredo em si.

Logo de cara, nos deparamos com o primeiro deslize da obra: sua lentidão. Apesar de apresentar com profundidade maior que o necessário os protagonistas Everett (Jake Horowitz), um conhecido radialista e faz-tudo da pequena cidade de Cayuga, Novo México, e Fay Crocker (Sierra McCormick), uma jovem de dezesseis anos que parece viver na sombra de seu amigo (se é que podemos chamá-lo disso), o primeiro ato do filme estende-se em andanças sem rumo pelas ruas desertas que cerceiam a escola local. Ainda que Andrew Patterson faça sua estreia diretorial com solidez indiscutível, mostrando seu apreço constante por derradeiros planos sequências e um flerte estético com as tendências expressionistas da contemporaneidade, ele parece se esquecer de apresentar o arco principal até quase metade do longa-metragem.

Se as circinais delineações rendem-se a uma espiral de vaivéns sem sentido, ao menos elas ganham uma estruturação mais palpável conforme a câmera nos convida para um suspense construído com calma no momento em que Fay despede-se de Everett e começa seu turno na operadora de telefonia local – cujo semblante cinquentista é traduzido para as telas de modo impecável. É nesse momento que a história tem início: conforme ela ouve o programa de seu colega, tenta, em vão, atender a ligações que nunca se completam ou que são interrompidas por um inexplicável e tríptico ruído. As coisas ficam ainda mais estranhas quando uma mulher desconhecida a liga em desespero anunciando que há algo se movendo no desfiladeiro ou então quando a chamada entre ela e a amiga cai sem mais nem menos.

Patterson mostra domínio das fórmulas cinematográficas – tamanha é a desconstrução que investe para um claustrofóbico cenário que, frame após frame, se torna mais opressor. Na verdade, a sequência focada apenas em Fay, que poderia muito bem carregar o filme inteiro nas costas, é construída com aptidão e cautela extremas, adicionando um elemento arrepiante aqui e ali até que culminemos na epifania de cada protagonista e coadjuvante que é-nos apresentado. O problema é quando o diretor resolve se afastar de sua ideia original, dividindo o escopo primário em dois e, então, realizando sucessivos sulcos que refletem o problema de dinamismo presente desde os minutos iniciais.

A sagacidade em trabalhar com ambiguidades estéticas mantém-se firme quando ambas as personas supracitadas reúnem-se em uma tentativa de compreender o que está acontecendo. Entre relatos sobre objetos voadores brotando no céu noturno e convidados inesperados contando suas experiências com o obscuro e o sobrenatural, Everett e Fay saem em uma missão para desvendar o mistério que caiu sobre Cayuga – nem que isso signifique que eles entrem em um mortal perigo premeditado com um cru foreshadowing. Os deslizes, entretanto, voltam a aparecer com força quando essa linha narrativa é precocemente finalizada, mais precisamente no momento em que a dupla visita a velha senhora Mabel Blanche (Gail Cronauer), que confirmou as anedotas de tantas outras pessoas ao revelar que seu próprio filho fora abduzido pelo “povo do céu”.

A partir daí, as coincidências começam a falar mais alto e, ainda que o diretor canalize nossa atenção para uma exuberante ousadia que nunca nos deixa completamente a par do que acontece, o roteiro assinado por James Montague e Craig W. Sanger cai nas ruínas que constrói ao querer contar com complexidade várias subtramas extras e nunca conseguindo entregar o que promete. O casal que aparece do nada para levá-los até a espaçonave é descartado em um piscar de olho e nem mesmo representa uma mudança considerável para a história; Mabel, por sua vez, pede para que Everett e Fay levem-na para ver o filho – coisa que também nunca acontece; o único momento proveitoso e realmente simbólico da produção ocorre nos minutos conclusivos, em que a dupla encontra o receptáculo espacial e some, enquanto todos os outros membros da comunidade que assistiam ao jogo de basquete do ano permanecem alheio a tudo que ocorreu nas últimas horas.

A Vastidão da Noite até consegue mascarar seus equívocos com uma imagética interessante e instigante, mas, quando paramos para analisar, o caótico desenrolar dos eventos seria muito mais promissor caso focado em um dos personagens e seu completo isolamento do resto do mundo perante uma ameaça invisível.

A Vastidão da Noite (The Vast of Night– Estados Unidos, 2020)

Direção: Andrew Patterson
Roteiro: James Montague, Craig W. Sanger
Elenco: Sierra McCormick, Jake Horowitz, Gail Cronauer, Bruce Davis, Greg Peyton
Duração: 89 min.

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Thiago Nolla

Thiago Nolla faz um pouco de tudo: é ator, escritor, dançarino e faz audiovisual por ter uma paixão indescritível pela arte. É um inveterado fã de contos de fadas e histórias de suspense e tem como maiores inspirações a estética expressionista de Fritz Lang e a narrativa dinâmica de Aaron Sorkin. Um de seus maiores sonhos é interpretar o Gênio da Lâmpada de Aladdin no musical da Broadway.

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