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Crítica | O Beco do Pesadelo é o melhor filme de Guillermo Del Toro em anos

Lucas Nascimento Lucas Nascimento
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•11 de janeiro de 2022•9 Minutes

Guillermo Del Toro é um daqueles caras que eu juro que queria gostar mais. Dono de um dos apuros estéticos mais aguçados e criativos na Hollywood contemporânea, o cineasta mexicano se tornou um grande preferido dos espectadores de todo o mundo, começando com seus longas de terror gore, passando por experimentos bem autorais em obras de quadrinhos e fantasia e, finalmente, sua fase como autor mais “maduro” com dramas adultos que trazem o horror e o fantástico apenas como elementos coadjuvantes à trama central. É uma evolução formidável, e que lhe rendeu vitórias no Oscar com seu último filme, A Forma da Água.

Ainda assim, confesso que não me encanto pelo mundo de Del Toro há anos. É sempre maravilhoso de se olhar, com toda a certeza, mas faz tempo que não sou captado pela narrativa e a história de um de seus filmes – a última vez tendo sido apenas em 2008, com o excelente Hellboy II: O Exército Dourado. Não sou um grande admirador do badalado A Forma da Água, acho Círculo de Fogo um passatempo inofensivo e nada demais e, claro, desprezo o desastroso A Colina Escarlate com todas as minhas forças.

Olhando para O Beco do Pesadelo, seu primeiro filme desde a vitória no Oscar, parecia mais um capítulo da fase mais “prestigiosa” de Del Toro como cineasta, o que inicialmente não me atraiu. Mas, surpreendentemente, trata-se do melhor filme do diretor desde 2008.

A trama adapta o livro de William Lindsay Gresham, que já havia sido adaptado para os cinemas na década de 40 com O Beco das Almas Perdidas. Nela, seguimos o estranho Stanton Carlisle (Bradley Cooper) que acaba encontrando emprego para um circo itinerário especialista em aberrações e elementos fantásticos, sob o comando do asqueroso Clem Hoatley (Willem Dafoe). Adquirindo experiência com uma cartomante (Toni Collette) para se tornar um ilusionista, Stanton se junta com a carismática Molly (Rooney Mara) e inicia uma carreira perigosa na cidade grande, especialmente quando forma alianças com a misteriosa psicóloga Lilith Ritter (Cate Blanchett). 

Golpistas do sobrenatural em O Beco do Pesadelo

É uma história vasta, contada com toda a liberdade que um recém-vencedor do Oscar pode garantir. Não assisti ao filme de 1947, mas as restrições para o que pode ou não pode ser retratado numa tela de cinema mudou muito de um século para outro, algo que Del Toro e a roteirista relativamente novata Kim Morgan definitivamente se aproveitam bem. Praticamente toda a primeira hora do filme, focada na introdução de Stanton no circo e suas mais variadas personalidades, é justamente isso: um grande prólogo. É um ótimo palco para desenvolver personagens e martelar diversas vezes os temas explorados, mas não deixa de soar um tanto arrastado para a duração pesada de 150 minutos.

Isso tudo porque é justamente o que chega depois da primeira hora que realmente interessa. Após esse primeiro ato praticamente preparando terreno, a segunda parte do filme traz o verdadeiro ouro, quando um Stanton bem mais experiente e menos ingênuo está vivendo com Molly em Nova York, elevando suas brincadeiras de circo para espetáculos em hotéis luxuosos e clientes particulares poderosos. Quando a personagem de Blanchett entra em cena, Stanton começa a aplicar golpes perigosos: simular experiências do pós-vida para milionários desesperados em fazer um último contato com um ente querido falecido.

É quando vemos Del Toro em seu ápice de maturidade. Bem menos envolvido em elementos sobrenaturais, a condução do cineasta é bem mais voltada para o suspense psicológico e a derrocada moral de seu protagonista. As cores do fotógrafo Dan Laustsen se misturam com maestria, criando uma atmosfera densa e que, mesmo em cores, emula luzes e sombras do gênero noir (e a revelação por Del Toro de que existe um corte do filme em preto e branco faz todo o sentido), realmente mergulhando o espectador em um universo palpável e assustador, pontuado ainda por um excepcional design de produção, desde o gótico do circo até o Expressionismo dos longos corredores de hotéis luxuosos. Como já tem se mostrado recorrente na filmografia de Del Toro, nada é mais apavorante e perturbador do que os seres humanos.

É uma boa porção do filme que surpreende com as reviravoltas, especialmente aquelas envolvendo um casal de juízes que é “consultado” pelo experiente Stanton. O único problema é mesmo seu desfecho, que novamente sofre com uma duração desnecessariamente longa, quase como se Del Toro quisesse agora um vasto epílogo para esticar um pouco mais a explanação do tema central, sobre a bestialidade do Homem. 

Trupe de peso

Em termos de elenco, este provavelmente é o melhor que já trabalhou com Del Toro. Depois de se provar um fantástico diretor com sua versão de Nasce Uma Estrela, Bradley Cooper volta para a frente das telas em uma performance multifacetada e fascinante, trazendo diversos elementos que, progressivamente, revelam a camada mais sombria de Stanton; ao mesmo tempo em que, mesmo imerso nas sombras, ainda oferece lampejos de sua persona mais alegre e romântica. Cooper é quem tem mais destaque para oferecer versatilidade, mas atrizes como Rooney Mara e Toni Collette desempenham muito bem seus respectivos papéis, enquanto Cate Blanchett rouba a cena como uma misteriosa femme fatale, cujas intenções nunca são claras, mas sempre entendemos a atração de Cooper em sua magnética presença.

Espalhados ao longo da projeção, Ron Perlman, Tim Blake Nelson e Richard Jenkins oferecem bons momentos em cena, ao passo em que Willem Dafoe garante alguns dos melhores diálogos como o ganancioso líder do circo. E apesar de ter curta participação, o senso de ameaça e lealdade que o guarda-costas vivido Holt McCallany representa em um pequeno diálogo com Stanton é poderoso; tanto que prestei atenção constante em seu personagem até o final, temendo que ele impactasse a trama de alguma forma significativa.

Mostrando-se a obra mais completa de Guillermo Del Toro em mais de 10 anos, O Beco do Pesadelo é uma experiência desgastante, mas que se mostra recompensadora. Apesar da longa duração, a história é envolvente e capaz de surpreender, além de contar com um elenco espetacular e uma condução caprichada. Se perdesse alguns minutos aqui e ali para um corte de TV com comerciais, poderia se tornar uma grande obra.

O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley, EUA – 2021)

Direção: Guillermo Del Toro
Roteiro: Guillermo Del Toro e Kim Morgan, baseado na obra de William Lindsay Gresham
Elenco: Bradley Cooper, Rooney Mara, Willem Dafoe, Cate Blanchett, Richard Jenkins, Ron Perlman, Toni Collette, David Strathairn, Mary Steenburgen, Holt McCallany
Gênero: Suspense
Duração: 150 min

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Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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1 Comment
Chico Lopes
16 de janeiro de 2022

O primeiro BECO DAS ALMAS PERDIDAS, com Tyrone Power, tinha as limitações da censura dos anos 40 e foi considerado o melhor papel do ator (em geral bonito e canastrão), mas a crítica positiva não impediu seus fãs de terem aversão ao papel. Era, afinal, corajoso – um vigarista declarado metido num mundo sórdido até doer. O resultado, porém, não é lá tão bom assim, e sempre achei que a boa história poderia ter sido aproveitada num remake de um diretor corajoso tipo David Lynch. Surgiu essa de Del Toro, que estou muito curioso por ver. Confio no elenco e Bradley Cooper é um ator bem mais nuançado e interessante que Tyrone Power pro papel principal.

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