A Última Noite em Tremor explicado
O final da série espanhola A Última Noite em Tremor não traz nada explicado com facilidade: foi um verdadeiro teste de paciência e interpretação. A produção, que estreou na Netflix neste fim de semana, vem chamando a atenção do público com sua história que impressiona e confunde em doses iguais.
A história gira em torno de Alex, um músico que, após ser atingido por um raio, começa a ter visões bizarras e angustiantes. O cara descobre que tem um “instinto” herdado de sua mãe, Elvira, que permite prever eventos futuros. E, após o acidente com o raio, esse poder dele fica turbinado, como se tivesse atualizado para a versão 2.0.
A partir daí, ele começa a ter alucinações de um massacre iminente que envolve seus vizinhos Leo e Maria, seus filhos Bea e Bruno, sua namorada Judy e sua ex-esposa Paula, todos assassinados por uma gangue mascarada. Em uma dessas visões, ele também se vê morto, junto com o inspetor Calabria e o sargento Ricciardo.
O problema é que, no penúltimo episódio de A Última Noite em Tremor, tudo fica mal explicado: essas alucinações deixam de parecer só um delírio do Alex e começam a acontecer na real. E para deixar tudo ainda mais maluco, o episódio final nos entrega três reviravoltas que mudam completamente o rumo da história. Mas antes de a gente mergulhar nessas surpresas, é importante responder à pergunta: algo do que aconteceu na série foi real?
Leo e Maria: criminosos escondidos ou vítimas de uma conspiração?
No começo da série, somos apresentados a Leo e Maria como um casal tranquilo que vive escondido em Tremore. Leo explica que conheceu Maria (que na época se chamava Alicia) enquanto ela trabalhava para um traficante perigoso chamado Souza.
Como eles traíram o tal do Souza, tiveram que mudar de identidade e se esconder. Mas, no oitavo episódio, o roteirista nos entrega um plot twist: Leo era, na verdade, Souza o tempo todo! Sim, o cara que supostamente estava em fuga de um gangster era o próprio gangster, e Maria (ou Alicia) era sua parceira nessa vida de crimes.
Nesse ponto, a série nos mostra que Leo e Maria estavam na mira da Interpol, e Alex só piorou tudo com sua curiosidade. Quando o time da Interpol invade a casa de Leo, ele mata toda a equipe e finge sua própria morte. Maria consegue escapar, mas acaba sendo fatalmente ferida. Ela corre até a casa de Alex e, com seu último suspiro, dá uma dica do que aconteceu. Mesmo com Judy tentando ajudar, Maria não resiste. Daí pra frente, as coisas só pioram.
Alex contra Leo: um embate que mexe com a percepção
Quando Alex, Calabria e Ricciardo chegam à casa de Leo, o caos já está instalado. Leo mata os dois policiais e poupa Alex, mas não por bondade, e sim para agradecer pelas visões que, sem querer, ajudaram-no a se antecipar à chegada da Interpol.
Então, Leo vai até a casa de Alex para fechar as contas e acaba matando Paula, Judy, Bea e Bruno. No dia seguinte, Leo encena um crime perfeito: chama reforços, coloca o corpo de Maria em sua própria casa e dispara contra o rosto de seu sósia, de modo que ninguém possa identificá-lo e a polícia acredite que Leo morreu ali.
E se você acha que essa é a parte mais louca da série, calma, porque vem mais. Leo joga o corpo de Alex em um buraco junto com os de Judy, Paula, Bea, Bruno, Calabria e Ricciardo. Nesse ponto, Alex finalmente percebe que tudo o que vimos na série até então era apenas uma visão induzida pelo raio que o atingiu. A revelação é devastadora: nenhum desses eventos realmente aconteceu, tudo era uma alucinação.
O impacto da grande revelação: foi um sonho?
Essa revelação pode ser um balde de água fria para quem investiu horas acompanhando a série, mas ela também levanta uma questão interessante: o que Alex vai fazer com esse conhecimento adquirido em sua “visão”?
No primeiro episódio, depois de ser atingido pelo raio, Alex é levado ao hospital, onde recebe a visita de Leo, Maria e Judy. A partir daí, ele começa a ter visões intensas que desencadeiam toda a trama. E no episódio final, após acordar no hospital, Alex se lembra de tudo o que “viveu” em sua mente.
Com suas habilidades agora elevadas, Alex percebe que Leo é, na verdade, Souza, e que Maria é Alicia. Assim, ele confronta Leo e, usando a informação obtida em suas visões, consegue desarmá-lo e orientar a Interpol para prendê-lo. Leo e Maria são presos, e Alex sai como um herói que ajudou a capturar um perigoso criminoso internacional.
Uma reviravolta que deixa dúvidas: Alex estava certo?
Apesar da sensação de missão cumprida, a série nos deixa com algumas dúvidas. Não há uma confirmação de que Leo e Maria eram realmente criminosos. Será que Alex estava apenas delirando e imaginou toda essa trama para justificar seu instinto superpoderoso? Leo tinha armas, o que poderia fazer sentido para alguém fugindo de um gangster. Mas isso é prova suficiente para acusá-lo de ser um criminoso internacional?
A Interpol agiu com base em uma denúncia anônima sobre um tal de Souza escondido em Tremore. Mas em nenhum momento há uma cena que confirme essa narrativa, como um anúncio oficial da Interpol de que finalmente capturaram o tal gangster. Talvez, tudo não passe de um grande mal-entendido causado pelo próprio Alex, que, movido por suas alucinações, acabou traumatizando seus vizinhos sem motivo.
As visões de Alex e a narrativa complicada
A série sugere que as informações que Alex correlacionava com suas visões eram, na verdade, detalhes que ele havia coletado ao longo da vida. Como, por exemplo, a história de Judy e seu passado traumático, que foi um caso bastante divulgado na mídia. Se considerarmos que Alex é uma pessoa obcecada e curiosa, é possível que ele tenha feito sua própria pesquisa e, em algum momento, se convenceu de que suas visões eram uma habilidade sobrenatural.
No entanto, para quem prefere acreditar que Alex realmente tinha um dom, a série também oferece espaço para essa interpretação. Afinal, é uma história que flerta o tempo todo com o sobrenatural e deixa várias lacunas para que o espectador possa preencher com sua própria imaginação.
A música e a mãe de Alex: indícios de uma história inventada?
Nos momentos finais da série, vemos Alex compondo uma música que ele acredita ter sido inspirada por suas visões. Enquanto ele toca, há um vislumbre de sua mãe, Elvira, sorrindo para ele, mas logo fica claro que ela não está realmente lá. Isso leva à teoria de que todo o enredo foi criado por Alex como uma maneira de se inspirar para compor a trilha sonora de um filme.
No primeiro episódio, Alex menciona que estava tendo dificuldades para criar a trilha de uma história clichê sobre dois amantes separados pelo Muro de Berlim. Então, ele pode ter olhado para seus vizinhos Leo e Maria e imaginado que eles eram um casal fugindo da polícia, criando uma trama elaborada para dar mais “textura” à sua música.
Se essa teoria for verdadeira, Alex pode ter inventado todo o drama de Leo, Maria, Judy e até sua própria família para alimentar sua criatividade. E o final da série seria uma forma de agradecimento à sua mãe, Elvira, por permitir que ele usasse sua imagem como inspiração para sua obra.
A Última Noite em Tremor é melhor sendo explicado ou interpretado?
No final das contas, A Última Noite em Tremor, ao não deixar nada explicado de forma direta, aposta no mistério e nas reviravoltas para manter o público preso até o último segundo. Mesmo com todas as peças encaixadas, a série deixa várias perguntas sem resposta e abre espaço para múltiplas interpretações.
Alex é um herói com um poder sobrenatural ou um músico narcisista em busca de inspiração? Leo era realmente um criminoso ou apenas um homem paranoico que se armou por precaução? Essas são perguntas que cada espectador terá que responder por conta própria.
E aí, o que você achou desse final? Foi satisfatório ou deixou a desejar? No fim das contas, o importante é que a série conseguiu nos fazer questionar a realidade e a sanidade de Alex, criando uma narrativa que vai ficar na cabeça de muita gente por um bom tempo.
Nascido no interior de São Paulo, com passagens pelo Maze Blog, Cenapop, UOL, Hit Site e Bolavip Brasil, sempre escrevendo sobre entretenimento.