O ex-produtor de Hollywood Harvey Weinstein foi novamente condenado por um crime sexual em Nova York. Em um veredito parcial divulgado na tarde desta quarta-feira, 11 de junho, um júri considerou o ex-magnata culpado de ato sexual criminoso em primeiro grau contra a ex-assistente de produção Miriam Haley. No entanto, o mesmo júri o absolveu de uma acusação similar envolvendo a modelo Kaja Sokola.
A decisão sobre uma terceira acusação, de estupro em terceiro grau contra a atriz Jessica Mann, ainda está pendente, pois o júri não conseguiu chegar a um veredito unânime. O juiz Curtis Farber instruiu os jurados a retomarem as deliberações na manhã de quinta-feira.
Um veredito misto após deliberações tensas
O anúncio do veredito parcial encerrou um dia de alta tensão no tribunal. Mais cedo, os advogados de Weinstein pediram a anulação do julgamento após o júri relatar um impasse e um ambiente de hostilidade na sala de deliberação. Um jurado informou ao juiz que se sentia ameaçado por outros membros. “Ele indicou que pelo menos um outro jurado fez comentários como ‘Encontro você lá fora um dia’, e houve gritos e berros”, relatou o juiz Farber no tribunal.
O próprio Weinstein se levantou e se dirigiu ao juiz: “É a minha vida que está em jogo. Não estou tendo um julgamento justo. O senhor está me colocando em perigo, Meritíssimo”, declarou. Seu advogado, Arthur Aidala, argumentou que a situação era “ameaçadora e de assédio” e que qualquer veredito seria resultado de “coerção e ameaças”. A promotoria, no entanto, argumentou que o jurado em questão estava apenas sendo “teimoso” e que a pressão fazia parte do processo de deliberação. O juiz negou o pedido de anulação, e o júri retornou com o veredito parcial horas depois.
A reação das acusadoras: “uma vitória” e a queda do “mito da vítima perfeita”
Após a divulgação do veredito, as mulheres que testemunharam contra Weinstein reagiram. Kaja Sokola, embora aliviada por ter sido absolvida da acusação que a envolvia, celebrou a condenação geral. “Harvey Weinstein permanecerá atrás das grades e isso é uma vitória”, disse ela em um comunicado. “Me apresentar foi a coisa mais difícil que já fiz […] para que o mundo soubesse a verdade.”
Do lado de fora do tribunal, Miriam Haley, cuja acusação resultou na condenação, agradeceu ao júri. “A defesa estabeleceu um tom muito perturbador e caótico desde o início […] para distrair o júri de fatos inegáveis. E sou muito grata por eles terem percebido o absurdo”, disse ela a repórteres. “Testemunhar diante de constantes interrupções, humilhação da vítima e tentativas deliberadas de distorcer a verdade foi exaustivo […] Mas o veredito de hoje me dá esperança. Espero que haja uma nova conscientização sobre a violência sexual e que o mito da ‘vítima perfeita’ esteja desaparecendo.”
O contexto legal e o futuro de Weinstein
Este foi um novo julgamento para Weinstein. Sua condenação original de 2020 em Nova York, que o sentenciou a 23 anos de prisão, foi anulada em abril de 2024 por um tribunal de apelações devido a questões processuais.
É crucial notar que, independentemente do resultado final desta deliberação sobre a acusação de Jessica Mann, Harvey Weinstein não será libertado. Ele continuará a cumprir uma sentença separada de 16 anos de prisão, resultado de sua condenação por estupro em um julgamento em Los Angeles, em 2022. O veredito de hoje, no entanto, serve como uma nova validação das acusações que ajudaram a dar início ao movimento #MeToo e solidifica o status de Weinstein como um predador sexual condenado.