Pela primeira vez na história, cientistas conseguiram registrar em vídeo um espécime vivo da lula Gonatus antarcticus, uma criatura misteriosa das profundezas do oceano que, até então, só era conhecida através de restos mortais encontrados em estômagos de predadores ou de carcaças capturadas acidentalmente por pescadores. A descoberta inovadora foi feita por pesquisadores da expedição Rolex Perpetual Planet, uma parceria com a National Geographic.
Um encontro de Natal nas profundezas do Mar de Weddell
O avistamento histórico e surpreendente ocorreu no dia de Natal do ano passado, no Mar de Weddell, na Antártica. A equipe de pesquisadores estava a bordo do navio de pesquisa R/V Falkor, do Instituto Oceânico Schmidt, quando a lula foi avistada a uma profundidade de quase 2.200 metros.
A criatura foi capturada pelas câmeras do veículo operado remotamente (ROV) do navio, o SuBastian. A identificação da espécie foi possível graças a uma de suas características mais distintas: um gancho central proeminente em cada um de seus tentáculos, uma ferramenta de caça que a diferencia de outras lulas de águas profundas. Os cientistas fizeram questão de notar que esta é uma espécie diferente da famosa e muito maior lula-colossal, que também habita as águas antárticas.
Observando um fantasma do oceano
A equipe teve a oportunidade única de observar a lula por cerca de dois a três minutos. Durante esse tempo, a criatura pairou calmamente na água, permitindo que os pesquisadores usassem lasers para medir seu tamanho com precisão. O piloto do ROV chegou a diminuir a intensidade das luzes do veículo para observar o comportamento da lula em seu habitat natural, com o mínimo de interferência. Após o breve encontro, a lula subitamente disparou e desapareceu na escuridão das profundezas.
Um oceano de mistérios a serem descobertos
O avistamento da Gonatus antarcticus destaca o quão pouco ainda sabemos sobre os ecossistemas dos mares polares da Terra, um dos ambientes mais remotos e inexplorados do nosso planeta. A expedição a bordo do R/V Falkor tem como um de seus principais objetivos mapear áreas ainda desconhecidas do Oceano Antártico e coletar amostras de habitats de águas profundas.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
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