Quinze anos após o assassinato brutal de sua filha, Eliza Samudio, Sônia Fátima Moura recebeu nesta quinta-feira (17) os pertences que estavam com a jovem quando ela foi morta. Os objetos, que permaneceram sob a custódia da Justiça durante toda a investigação, foram entregues à mãe, que fez um desabafo comovente sobre a dor que sentiu ao reviver a perda.
Em uma publicação em seu perfil no Instagram, Sônia mostrou os itens recuperados: um par de sandálias, um óculos de sol e uma carteira que ainda continha a foto de seu neto, Bruninho, hoje com 15 anos, quando ele ainda era um bebê. “Depois de 15 anos de espera, na esperança de encontrar seus restos mortais, o que a Justiça me devolveu foram esses objetos da Eliza”, escreveu.
“Um pedaço seu, um pedaço de mim”
Para Sônia, receber os pertences da filha foi como voltar no tempo. “Ter esses itens em minhas mãos é como se o tempo não tivesse passado. A dor continua tão intensa, tão crua”, desabafou. “Esses objetos são como um pedaço seu. Um pedaço de mim. É difícil acreditar que você se foi há tanto tempo, e de uma forma tão cruel e covarde”.
Em seu texto, ela refletiu sobre a convivência com o luto. “A dor da partida de quem amamos é uma ferida que nunca fecha completamente. […] A saudade é uma presença constante, uma sombra que me acompanha em cada passo meu. Mas foi nessa dor que encontrei forças para seguir”, completou.
O medo de reviver a dor
A entrega dos objetos já era um momento temido por Sônia. Na semana passada, em entrevista a um portal de notícias, ela havia confessado que não sabia como iria reagir. Ela contou que já havia recebido o computador de Eliza, mas que não teve coragem de ligá-lo. “Tem muita conversa, tem muitas fotos, conversas de amigas… Se eu mesma for abrir, meu psicológico não está muito preparado pra isso”, disse na ocasião.
A decisão da Justiça de liberar os itens foi tomada no ano passado, mas somente agora os objetos, que estavam no carro do ex-goleiro Bruno Fernandes, mandante do crime, foram encontrados e enviados à família.
Quinze anos de um crime bárbaro
Eliza Samudio foi assassinada em 2010, aos 25 anos. Seu corpo nunca foi encontrado. O ex-goleiro do Flamengo, Bruno, com quem ela teve um filho, foi condenado, junto com outros envolvidos, por sequestro, cárcere privado e homicídio triplamente qualificado.
O filho do casal, Bruninho, foi criado pela avó, Sônia, e hoje, aos 15 anos, segue uma promissora carreira como goleiro nas categorias de base do Botafogo, no Rio de Janeiro. A entrega dos pertences de Eliza, após 15 anos, marca mais um capítulo doloroso em uma história que chocou o Brasil e que, para a mãe da vítima, é uma ferida que permanece aberta.