logo
  • Início
  • Notícias
    • Viral
    • Cinema
    • Séries
    • Games
    • Quadrinhos
    • Famosos
    • Livros
    • Tecnologia
  • Críticas
    • Cinema
    • Games
    • TV
    • Quadrinhos
    • Livros
  • Artigos
  • Listas
  • Colunas
  • Search

Crítica | Real - O Plano por Trás da História

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Catálogo, Cinema, Críticas•23 de maio de 2017•7 Minutes

Durante muitos anos, o folclore ligado ao Cinema Nacional parecia apontar para Macunaíma ou Antônio das Mortes como personagens simbólicos da cinematografia brasileira. Até que, em 2007, o surgimento de Tropa de Elite e o abraço do público ao Capitão Nascimento tiraram da crítica especializada a incumbência de “dar um rosto e um nome” que mais fielmente representassem a indústria, ultrapassando os limites das telas e invadindo a cultura em geral – através de outras mídias, inevitáveis paródias, referências, etc.

Quando agora, 10 anos depois, surge Emílio Orciollo Neto bradando “Desenvolvimentistas do car…”, em sua impressionante personificação do economista Gustavo Franco, o predomínio do Capitão Nascimento parece seriamente ameaçado. Talvez seja esta a maior das realizações possíveis para Real – O Plano por Trás da História, produção de Ricardo Fadel Rihan dirigida por Rodrigo Bittencourt (da comédia Totalmente Inocentes) que chega aos cinemas para contar a criação do célebre “Plano Real”, que derrotou a hiperinflação brasileira em meados da década de 1990, entre os governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.

É de se imaginar a imensa dificuldade em transformar num enredo interessante uma intrincada rede de raciocínios macroeconômicos e o desenrolar político de bastidores que possibilitaram, momentaneamente, a convivência entre duas moedas – a anterior, arruinada pela inflação, e uma intermediária, que antecedeu ao real propriamente dito e que contava com a segurança do suporte em dólar. Mas é neste ponto que o filme atinge seu grande mérito: o roteiro – não raro, brilhante, obra de Mikael de Albuquerque a partir do livro do jornalista Guilherme Fiúza, 3.000 Dias no Bunker – consegue envolver o espectador em 90 minutos sem trégua e oferecer um protagonista (Gustavo Franco) com todas as características necessárias a uma personalidade lendária: coragem, obstinação, engenho, lances de nobreza alterando-se a outros de puro egoísmo, numa mistura que torna mais fácil se envolver com a trama mesmo quem, como o ex-presidente Itamar Franco, não está entendendo coisa nenhuma do tal plano econômico.

“Foram três anos de escrita e 19 tratamentos”, revela Albuquerque, na coletiva de lançamento. Esse é o ponto alto do filme, que sofre, na contramão, com as falhas já habituais de uma cinematografia que encontra imensa dificuldade em equilibrar, num mesmo filme, comunicação com o público e invenção cinematográfica. A fixação – até compreensível – em construir canais seguros de comunicação com a audiência tem aproximado por décadas os filmes brasileiros de seu parente dramatúrgico mais bem sucedido (no caso, a telenovela), o que confere a eles características típicas da empobrecida narrativa de TV. Faltam a composição dos quadros, a alternância entre momentos de preenchimento e vazio, a noção de ritmo, a hierarquia dos planos que tipificam a linguagem da tela grande. Tudo é muito concatenado, o puro diálogo conduz o filme fazendo com que a presença da câmera, invariavelmente, faça do espectador um observador ocasional do que se passa, de modo que, convertido numa peça de teatro, por exemplo, o resultado pudesse ser muito parecido (ou idêntico).

A despeito de tudo isso, compreendendo as intenções dos realizadores e considerando sempre que um filme é um todo íntegro de significado, o placar final lhe é favorável: Real é divertido, ágil, a montagem do elenco minuciosa (a ponto de oferecer uma caracterização assustadoramente fiel de José Serra, um personagem bastante secundário e, ressalte-se, detestável) e consegue atingir a importância de relato histórico que parece almejar.

O produtor Fadel Rihan alega que não quis usar dinheiro de empresas estatais na produção, o que já é outra façanha, sabendo-se da dependência doentia que os produtores de cinema brasileiros têm dos governos e dos laços com políticos para levantar produções. Com irritação contida, o global Juliano Cazarré (quase numa ponta, porém sempre carismático, interpretando o político petista que sintetiza personagens reais) reclama do boicote ao filme no festival de cinema pernambucano, lembrando que, tal qual o episódio com Boi Neon (retirado pelo diretor da disputa à vaga pelo Oscar), uma reação política intempestiva acaba dificultando aos filmes voos mais altos. Esta é a ponta do iceberg de toda a dimensão ideológica envolvida na produção de cinema no país, e acaba reafirmando outro mérito de Real: a coragem em seguir firmemente na contramão, talvez inspirado pelo seu personagem principal – no caso, Gustavo Franco, um apaixonado defensor do valor e da estabilidade da moeda contra as vicissitudes políticas.

Em 20 anos, se eventualmente despontar por aqui uma geração de jovens economistas a compreender que nenhum país se desenvolve e nenhum povo enriquece desvalorizando por oportunismo ou heterodoxia econômica o dinheiro que está em sua própria carteira, uma boa parte da explicação talvez seja devida a este filme e ao seu personagem principal, que a um só tempo derruba a inflação, samba na cara dos petistas e conquista Paolla Oliveira (mesmo sendo visivelmente uns 10 centímetros menor que ela).

Se este não é um herói (ou anti-herói, como parecem defender o diretor e o ator principal do filme) digno de ser viralizado, citado, lembrado e imitado, então o problema não está com esta produção, em particular, ou mesmo com a cinematografia nacional (ou com nossos economistas “desenvolvimentistas do car…”), mas com a alma do brasileiro e seu complexo, aparentemente incurável, de vira-lata.

Real – O Plano por Trás da História (Brasil – 2017)

Direção: Rodrigo Bittencourt
Roteiro: Mikael de Albuquerque
Elenco: Emilio Orciollo Neto, Bemvindo Sequeira, Norival Rizzo, Paolla Oliveira, Tato Gabos Mendes, Guilherme Weber, Cássia Kis Magro, Mariana Lima
Gênero: Drama
Duração: 95 min

Mostrar menosContinuar lendo
1 Comment
ABC
23 de maio de 2017

Isso foi uma crítica ou apenas uma exaltação ao Gustavo Franco?

O crescimento do desemprego, foi apresentado no filme?
O aumento da dívida pública de U$ 60 bi para US 245 bi ao fim do governo FHC aparece?
O Nicholas F. Brady (Secretário do Tesouro do EUA) é mencionado?

Também aparece os sucessivos governos do EUA chorando pelo controle estatal do yuan e a China adquirindo 30% da dívida pública americana?

Se alguém merece ser herói nessa história é o pai da Cecília Malan, que foi um dos propositores da LRF (essa sim uma REAL mudança nas contas públicas).

Saudações.

Add comment

  • Prev
  • Next
Posts Relacionados
FamososMúsica
Ana Castela - Foto: Reprodução / Instagram @anacastelacantora

Ana Castela comemora segunda indicação consecutiva ao Grammy Latino

A cantora Ana Castela foi indicada ao Grammy Latino de 2025. Veja a reação da…


by Matheus Fragata

Cinema
Diretor divulga a primeira imagem de Ryan Gosling no novo filme de 'Star Wars'

Diretor divulga a primeira imagem de Ryan Gosling no novo filme de ‘Star Wars’

A primeira imagem de Ryan Gosling em 'Star Wars: Starfighter' foi revelada pelo…


by Matheus Fragata

5 dos melhores jogos de mundo aberto no PS Plus


by Patrícia Tiveron

© 2025 Bastidores. All rights reserved
Bastidores
Política de cookies
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Funcional Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos. O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.
Gerenciar opções Gerenciar serviços Manage {vendor_count} vendors Leia mais sobre esses propósitos
Ver preferências
{title} {title} {title}