O boicote a Jimmy Kimmel Live! chegou ao fim. Os poderosos grupos de emissoras locais Sinclair e Nexstar anunciaram na noite de sexta-feira (26) que voltarão a transmitir o programa da ABC, encerrando um impasse de grande repercussão que deixou o talk show fora do ar em quase um quarto dos lares americanos por vários dias.
A decisão de retomar a exibição do programa foi tomada após “discussões construtivas” com a Disney, dona da ABC. No entanto, fontes da indústria afirmam que a Disney não fez nenhuma concessão editorial, indicando que as afiliadas recuaram da queda de braço.
O fim do boicote, mas sem concessões da Disney
Em seu comunicado, o grupo Sinclair, o maior proprietário de afiliadas da ABC, afirmou que a decisão foi tomada após receber “feedback ponderado de telespectadores, anunciantes e líderes comunitários”. A empresa revelou que chegou a propor à ABC a criação de um “ombudsman independente para toda a rede” para fortalecer a responsabilização, mas que a proposta ainda não foi adotada pela Disney. Uma fonte confirmou à imprensa que a Disney não fez nenhuma concessão sobre o conteúdo do programa.
A Nexstar, por sua vez, foi mais diplomática, afirmando que a decisão veio após “discussões com executivos da The Walt Disney Company” e que aprecia a “abordagem construtiva para abordar nossas preocupações”.
A negação da influência da FCC
Ambas as empresas fizeram questão de afirmar que a pressão exercida pelo presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC), Brendan Carr, não influenciou suas decisões. A declaração é importante, pois a Nexstar está no meio de uma tentativa de aprovar uma fusão bilionária que depende do aval da FCC. “Nossa decisão de impedir este programa foi independente de qualquer interação ou influência governamental”, afirmou a Sinclair.
Relembre a crise que parou o ‘late night’
O boicote durou poucos dias, mas marcou um dos momentos mais tensos da TV americana recente. A crise começou na semana passada, quando Jimmy Kimmel, em seu monólogo, especulou que o assassino do ativista Charlie Kirk era um apoiador de Donald Trump. A fala gerou uma reação imediata do presidente da FCC, que ameaçou as licenças das afiliadas.
Pressionadas, a Sinclair e a Nexstar anunciaram que suspenderiam a exibição do programa, forçando a ABC a tirar o talk show do ar nacionalmente. O programa retornou na última terça-feira (23), mas sem ser exibido nas emissoras dos dois grupos. Curiosamente, mesmo fora do ar em muitas cidades, o monólogo original de Kimmel quebrou recordes de audiência no YouTube, mostrando a mudança no consumo de mídia e, talvez, diminuindo o poder de barganha das emissoras tradicionais.