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Crítica | A Torre Negra

Thiago Nolla Thiago Nolla
In Catálogo, Cinema, Críticas•23 de agosto de 2017•9 Minutes

Há uma premissa que diz que toda história já foi contada. Desde os primórdios da humanidade, a necessidade de relatar acontecimentos reais ou fantasiosos fez parte da inerência dos indivíduos e, até os dias de hoje, as mais diversas narrativas foram criadas para satisfazer o imaginário popular ou como forma metafórica de enxergar os acontecimentos da vida. A grande maioria de tramas criadas ao longo do tempo tem profunda relação com a emergência do gênero da ficção fantástica, o qual é essencialmente fincado com a criação de mundos longínquos e inacessíveis ao mundano e ao superficial. Após uma grande saturação deste tipo de narrativa, fez-se necessário conhecer as fórmulas para quebrá-las e conseguir fornecer uma perspectiva nova para aquilo que já conhecíamos. E infelizmente não é isso o que acontece com A Torre Negra.

Apesar da épica série criada por Stephen King ser um de seus maiores sucessos críticos e comerciais, não se pode dizer o mesmo da adaptação aos cinemas. A história gira em torno de Jake (Tom Taylor), um jovem garoto atormentado por diversos pesadelos envolvendo criaturas amedrontadoras e cenários pós-apocalípticos, todos perscrutados por gigantes máquinas canalizadoras de essência e uma alterosa torre negra (cenário que empresta o nome ao título). Conhecendo o estilo de escrita do autor, poderíamos esperar uma narrativa completamente fincada no gore, no terror e nas incríveis viradas, mas, na verdade, permanecemos um pouco mais de noventa minutos observando passivamente mais uma obra extraída das páginas da Jornada do Herói, de Joseph Campbell.

Apenas com a premissa, é possível prever exatamente o que vai acontecer em cada um dos atos. Primeiro, o protagonista é bombardeado por pequenos frenesis inexplicáveis e frequentes que mostram uma tecnologia nunca antes vista, cenários desérticos e criações maniqueístas do bem e do mal que lutam pela supremacia do mundo – mais precisamente pela destruição ou proteção da Torre. Já no prólogo, percebemos que esse lugar (o qual não consegue puxar muita atenção por parte do público) é responsável pelo equilíbrio cósmico dos multiversos, servindo como fonte natural de proteção contra forças das trevas. Toda a atmosfera é construída com grande maestria, mas essa majestuosidade desvanece em um estalar dos dedos à medida em que a narrativa se torna mais e mais saturada.

Os antagonistas são claros: criaturas monstruosas disfarçadas com máscaras humanas e que trazem o “melhor” dos dois mundos – em outras palavras, tanto a tecnologia quanto a magia. Matthew McConaughey prova mais uma vez sua versatilidade em cena ao abandonar seus estereótipos sulistas e encarnar uma das figuras mais demoníacos do panteão de King, o Homem de Preto. Qual o problema então? O transporte do personagem literário para as telonas parece ter deixado de lado toda o arco construtivo, tornando-o vazio e sem quaisquer nuances aparentes. Em oposição, temos o arquétipo clássico do herói, Roland (Idris Elba), o último pistoleiro sobrevivente do constante ataque das forças do mal e que abandonou todos os seus ideais para caçar sua nêmese e varrê-lo para a inexistência.

Há algo de inebriante com a química destes dois atores em cena, visto que um traz solilóquios sobre a arte de atirar e o outro simplesmente nega esse autocontrole com um soslaio de olhos. O fato do Homem de Preto poder entrar na mente de seus adversários e obrigá-los a fazer o que quer é interessante ao extremo, porém pobremente explorado pelos inúmeros acontecimentos não finalizados em cada uma das viradas, principalmente pela necessidade do nosso protagonista atender ao chamado à aventura e iniciar sua jornada em terras desconhecidas. Desse modo, Jake ignora o fato de sua mãe, seu padrasto e até mesmo seu terapeuta o tacharem como esquizofrênico, partindo em busca de um modo para encontrar algo que tire todo o peso existencial que carrega: o do fim do mundo (uma jogada um tanto quanto cabalística e previsível, mas que funciona como blockbuster).

A construção visual segue o mesmo molde da mini franquia Percy Jackson: o herói dá adeus para uma figura muito próxima a si, vendo-a se sacrificar para que passe pelas irreversíveis transformações interiores e exteriores. É possível ver uma transposição de uma obra para outra de forma reciclada e sem qualquer originalidade – tudo bem, talvez os relances de “novo” venham com a união entre o passado e o futuro em uma concepção um tanto quanto intrigante do Mundo Médio (uma clara inclinação para a Terra-Média tão bem arquitetada por J.R.R. Tolkien em O Senhor dos Anéis). Até mesmo a montagem e a intercalação de planos gerais e fechados segue as saídas formulaicas dos épicos “pipoca” em número tão absurdo na indústria cinematográfica hollywoodiana, mas com um diferencial gritante: as cenas de batalhas praticamente não existem e, se estão lá, são mal coreografadas.

Em determinada sequência, perto do desfecho do terceiro ato, temos a tão aguardada batalha entre as duas maiores forças do filme. Jake já havia se revelado a criança-chave para destruir a Torre e permitir que a escuridão se alastrasse pelos mundos e utilizava o restante de suas forças para manter o contato entre o Homem de Preto e Roland, incitando-os a lutar pela salvação ou pela destruição de tudo aquilo que conheciam. O confronto é tão vazio quanto o próprio conceito da obra cinematográfica, e os personagens, para completar, estão engolfados em um cenário puramente escuro, tornando ainda mais difícil diferenciar quem faz o quê. O cúmulo dessa pretensão vem com a morte do antagonista – uma das menos digeríveis do ano.

Personagens previsíveis, uma história já conhecida e cenários destruídos que puxam uma inspiração falha das distopias futurísticas e deixam pontas soltas e várias explicações sem pé nem cabeça ao longo da narrativa. Os protagonistas, sejam vilões ou heróis, funcionam isoladamente como análise para um potencial perdido; mas eles não trazem a conexão necessário para deleite do público. Eles estão apenas jogados em cena, e são reconstruções de outras montagens muito mais superiores de obras similares.

A Torre Negra funciona para aqueles que não esperam nada além de uma infinitesimal diversão com bons atores e uma mitologia superficial. Mas em termos cinematográficos, essa é apenas mais uma adaptação de um romance de Stephen King que deixa a desejar – e muito.

A Torre Negra (The Dark Tower, EUA – 2017)

Direção: Nikolaj Arcel
Roteiro: Akiva Goldsman e Jeff Pinkner, baseado na obra de Stephen King
Elenco: Idris Elba, Matthew McConaughey, Tom Taylor, Dennis Haysbert, Claudia Kim, Abbey Lee, Katheryn Winnick, Nicholas Pauling
Gênero: Drama, Fantasia
Duração: 95 min.

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Thiago Nolla

Thiago Nolla faz um pouco de tudo: é ator, escritor, dançarino e faz audiovisual por ter uma paixão indescritível pela arte. É um inveterado fã de contos de fadas e histórias de suspense e tem como maiores inspirações a estética expressionista de Fritz Lang e a narrativa dinâmica de Aaron Sorkin. Um de seus maiores sonhos é interpretar o Gênio da Lâmpada de Aladdin no musical da Broadway.

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