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Crítica | A Maldição da Casa Winchester - O Desgaste do Terror

Guilherme Coral Guilherme Coral
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•28 de fevereiro de 2018•9 Minutes

O gênero terror sempre foi um de rápido desgaste no Cinema. Ainda que tenhamos sido presenteados com emblemáticos exemplares ao longo dos anos, indo desde Nosferatu até O Iluminado, a grande maioria das produções do gênero conseguem ser, no máximo, esquecíveis, fruto da superutilização de fórmulas desenvolvidas por alguns (raros) cineastas de destaque. Se analisarmos os últimos anos, fica fácil enxergar os diretores de maior impacto para o terror e como sua inovadoras obras originais acabaram sendo incessantemente replicadas com o passar do tempo – Wes Craven (A Hora do Pesadelo, Pânico) e James Wan (Jogos Mortais, Invocação do Mal) foram dois desses ocasionais sopros de ar para o horror.

Com isso em mente, fica fácil enxergar o porquê de A Maldição da Casa Winchester ser, se me perdoam o adjetivo, um filme “chato”. Obviamente não ficarei somente nessa categorização, mas, logo de início, é evidente a falta de inovação, ou até mesmo de refinamento de fórmula presente nessa obra dos irmãos Spierig. Não que isso venha como grande surpresa, afinal, os Spierig jamais demonstraram uma carreira muito promissora, tendo no currículo verdadeiras tragédias, como Jogos Mortais: Jigsaw e 2019 – O Ano da Extinção. Essa falta de qualquer coisa que não seja exatamente o que já vimos em dezenas de outros filmes, simplesmente nos impede de enxergar qualquer relevância desse filme, cujo maior mistério é o porquê de Helen Mirren ter aceitado o papel.

Essa mesmice se torna bastante clara logo nos segundos iniciais, que nos mostram um trecho de uma criança sendo, aparentemente, possuída em uma mansão, no início do século XX. Pouco depois conhecemos o doutor Eric Price (Jason Clarke), um médico que tomou certo gosto por substâncias alucinógenas, que é contratado para averiguar a sanidade de Sarah Winchester (Helen Mirren), dona da mencionada mansão. Chegando lá ele encontra uma morada suntuosa, gigantesca, em constante processo de ampliação. Não demora muito para que o doutor descubra que existem fantasmas consideravelmente agressivos compartilhando a casa com os Winchester.

Fórmulas desgastadas

A repetição de fórmulas desgastadas, no entanto, não permanece unicamente no roteiro – toda a direção dos Spierig gira em torno de criar o número máximo de cheap scares possível, chegando ao ponto que, em uma mesma sequência, vemos o mesmo artifício sendo utilizado repetidas vezes, beirando o terror-comédia criado por Sam Raimi em Arraste-me para o Inferno. Vemos os típicos enquadramentos mais fechados, com câmera estática, evidenciando que algo aparecerá em determinado lugar e, quando de fato aparece, vem o som em volume elevado, buscando trazer, sem êxito, o mínimo de envolvimento do espectador, o que a trama em si também é incapaz de fazer.

Não ajuda, claro, o fato de que não é criada nenhuma atmosfera imersiva de terror, ou mesmo de suspense. Os Spierig parecem querer atirar para todos os lados, compondo quadros com o céu em evidência, para, em seguida, pularem para o interior mais escuro da mansão. Para piorar, mesmo dentro da morada, os tons se alteram completamente de uma hora para a outra, pulando do vermelho para o azul e o esverdeado, sem qualquer identidade visual própria, apenas uma amálgama de cores que, no fim, apenas passam a impressão de estarmos vendo ambientes completamente descoordenados.

Ironicamente, essa mudança de tons poderia ter sido utilizada para criar a ideia de que o médico está desorientado naquela gigantesca casa, mas não é isso o que ocorre – por maior que seja, a mansão Winchester somente é tratada como confusa nos diálogos, ao passo que os personagens sempre chegam rapidamente onde querem, sem se perderem no meio do caminho. Já sobre a presença do céu em evidência, notamos a tentativa de emular o viés mais artístico do terror de Gore Verbinski, que compôs belos planos contemplativos tanto em O Chamado quanto em A Cura – o resultado desse paralelo em A Maldição da Casa Winchester, porém, soa vazio e sem um propósito evidente dentro da narrativa.

Propaganda escancarada

Conforme progredimos na projeção, já cientes de todas as falhas dessa tentativa de se criar um filme de terror, passamos a enxergar a obra como algo mais, como uma mera propaganda para a regulamentação das armas de fogo – assunto que, não por acaso, está em voga nos EUA, especialmente após os recentes tiroteios que abalaram a nação.

De fato, não há problema algum em realizadores despejarem suas ideologias nos seus filmes, o problema é quando um filme, vendido como um terror, passa a ser, na realidade, uma grande propaganda e, independente de concordarmos ou não com a mensagem, não podemos deixar de enxergar o longa como raso, especialmente quando os personagens e o enredo em si perecem em razão da tentativa de criar uma moral. No fim, não deixa de ser uma grande tática barata para convencer os defensores da liberação das armas de fogo que eles estão errados.

Esse discurso fica bastante óbvio através das falas de Sarah Winchester, que bate na mesma tecla incessantemente, atribuindo o lucro de sua família às mortes causadas pelas armas de fogo criadas pela indústria criada pelo seu marido.Essa culpa, ao menos, é utilizada para justificar a expansão da casa, mas mantém a personagem em um repetitivo ciclo, que a impede de, de fato, evoluir com a progressão da história. Para piorar, o texto dos Spierig, ao lado de Tom Vaughan, através do desfecho vai de encontro a tudo o que tentaram vender nessa grande propaganda.

No fim, o único aspecto que realmente salva essa tragédia é Jason Clarke como Eric Price, que parece estar mais à vontade em seu papel do que o restante do elenco, todos trabalhando no modo automático. Clarke chega a nos divertir com algumas de suas reações, especialmente as mais céticas ou as equilibradas, que o colocam como um dos poucos personagens sensatos da obra. Ele, contudo, não é capaz de nos fazer apreciar, mesmo que minimamente, esse longa-metragem para lá de esquecível.

Terror genérico

A Maldição da Casa Winchester, portanto, apresenta mais do mesmo, enquanto mostra a tentativa dos irmãos Spierig, tanto como diretores, quanto roteiristas, em despejar seu discurso no filme. O que conseguem criar, no entanto, nada mais é que um longa-metragem vazio em todos os sentidos.

Nada mais que uma grande propaganda, trata-se de mais um daqueles filmes de terror que meramente se apoiam em fórmulas desgastadas. O pior é que, nesse caso, não há sequer resquícios de tentativa de inovação. Sem criatividade, sem alma, temos aqui mais um dispensável terror, que evidencia a dificuldade do gênero em se manter no auge da forma.

A Maldição da Casa Winchester (Winchester – EUA/ Austrália, 2018)

Direção: Michael Spierig, Peter Spierig
Roteiro: Michael Spierig, Peter Spierig, Tom Vaughan
Elenco: Helen Mirren, Jason Clarke, Sarah Snook, Finn Scicluna-O’Prey,  Emm Wiseman, Tyler Coppin, Angus Sampson
Gênero: Terror
Duração: 99 min.

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Guilherme Coral

Refugiado de uma galáxia muito muito distante, caí neste planeta do setor 2814 por engano. Fui levado, graças à paixão por filmes ao ramo do Cinema e Audiovisual, onde atualmente me aventuro. Mas minha louca obsessão pelo entretenimento desta Terra não se limita à tela grande - literatura, séries, games são todos partes imprescindíveis do itinerário dessa longa viagem.

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